quinta-feira, 3 de julho de 2014

O JUIZ - Norman Geisler e Frank Turek


Um jovem é levado diante de um juiz por dirigir embriagado. Quando seu nome é anunciado pelo meirinho, percebe-se um suspiro no tribunal — o réu é o filho do juiz! O juiz espera que seu filho seja inocente, mas a evidência é irrefutável. Ele é culpado. O que o juiz pode fazer? Ele é pego num dilema entre a justiça e o amor. Uma vez que seu filho é culpado, merece punição. Mas o juiz não deseja punir seu filho por causa do grande amor que tem por ele.

Relutantemente anuncia: — Filho, você pode escolher entre pagar uma multa de R$ 5.000,00 ou ir para a cadeia — o filho olha para o juiz e diz: — Mas, pai, eu prometi que vou ser bom de agora em diante! Serei voluntário no programa de distribuição de sopa aos necessitados. Vou visitar uma pessoa de idade. Vou abrir uma casa para cuidar de crianças que sofreram abuso. Nunca mais vou fazer outra coisa errada de novo! Por favor, deixe-me ir! Implora o filho.

Nesse momento, o juiz pergunta: — Você ainda está bêbado? Você não consegue fazer tudo isso. Mas mesmo que pudesse, os seus atos bondosos futuros não podem mudar o fato de que você já é culpado por ter dirigido embriagado.

De fato, o juiz percebe que boas obras não podem cancelar más obras! A justiça perfeita exige que seu filho seja punido por aquilo que fez. Sendo assim, o juiz repete: — Sinto muito, meu filho. Assim como eu gostaria de permitir que você fosse embora, estou atado pela lei. A punição para esse crime é pagar R$ 5.000,00 ou ir para a cadeia – diz o juiz. O filho apela a seu pai: — Mas pai, você sabe que eu não tenho R$ 5.000,00. Deve existir outra maneira de evitar a cadeia!

O juiz levanta e tira sua toga. Desce do seu lugar elevado e chega no mesmo nível em que está seu filho. Olhando bem direto em seus olhos, põe a mão no bolso, tira R$ 5.000,00 e estende ao filho. O filho está surpreso, mas ele entende que existe apenas uma coisa que pode fazer para ser livre: aceitar o dinheiro. Não há nada mais que possa fazer. Boas obras ou promessas de boas obras não podem libertá-lo. Somente a aceitação do presente gratuito de seu pai pode salvá-lo da punição certa.

Deus está numa situação similar à daquele juiz — ele está preso num dilema entre sua justiça e seu amor. Uma vez que todos nós pecamos em algum momento de nossa vida, a infinita justiça de Deus exige que ele puna aquele pecado. Mas por causa do seu amor infinito, Deus deseja encontrar uma maneira para evitar nos punir.

Qual era a única maneira de Deus permanecer justo, mas não nos punir por nossos pecados? Ele deve punir um substituto sem pecado que voluntariamente aceita a punição que nos é devida (sem pecado significa que o substituto deve pagar por nossos pecados, e não pelos seus próprios; voluntário porque seria injusto punir um substituto contra sua vontade). Onde Deus pode encontrar um substituto sem pecado? Não na humanidade pecaminosa, mas apenas em si mesmo. Na realidade, o próprio Deus é o substituto. Assim como o juiz desceu de seu lugar para salvar seu filho, Deus desceu dos céus para salvar você e eu da punição. Todos nós merecemos a punição. Eu mereço. Você merece.

"Mas eu sou uma boa pessoa!", você diz. Talvez você seja "bom" comparado a Hitler ou até mesmo ao seu vizinho. Mas o padrão de Deus não é Hitler nem o homem que mora na casa ao lado da sua. Seu padrão é a perfeição moral, porque sua natureza imutável é a perfeição moral.

De fato, o maior mito no qual se acredita hoje em dia quando se trata de religião é que "ser bom" vai fazer você chegar ao céu. De acordo com essa visão, não importa aquilo em que você crê, contanto que seja uma "boa pessoa” e que haja uma maior quantidade de boas obras do que de más. Mas isso é falso, porque um Deus perfeitamente justo deve punir as más obras independentemente de quantas boas obras alguém tenha realizado. Uma vez que pecamos contra um Ser eterno — e todos nós pecamos -, merecemos punição eterna, e nenhuma obra pode mudar esse fato.

Jesus veio para nos apresentar uma maneira de nos livrarmos dessa punição, oferecendo-nos vida eterna. O paraíso perdido no Gênesis torna-se o paraíso encontrado no Apocalipse. Desse modo, quando Jesus disse "Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim" (João 14.6), ele não estava fazendo uma afirmação arbitrária, mas uma declaração que refletia a realidade do Universo. Jesus é o único caminho porque não existe outra maneira pela qual Deus possa conciliar sua justiça infinita e seu amor infinito (Romanos 3.26). Se houvesse alguma outra maneira, então Deus permitiu que Cristo morresse por nada (Gálatas 2.21).

Tal como o pai fez por seu filho embriagado, Deus satisfaz sua justiça ao punir a si mesmo por nossos pecados e estender esse pagamento a cada um de nós. Tudo o que precisamos fazer com o objetivo de sermos libertos é aceitar o presente. Existe apenas um problema: assim como o pai não pode forçar seu filho a aceitar o presente, Deus não pode nos forçar a aceitar seu presente. Deus nos ama tanto que ele até mesmo respeita nossa decisão de rejeitá-lo.

Fonte: trecho do livro: "Não tenho fé suficiente para seu ateu" - Norman Geisler e Frank Turek.

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