sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Perto de Jesus, distante de Cristo - Dani Sancon (Aluna da FATESA - Casa do Saber)


“E diziam: Não é este Jesus, o filho de José, cujo pai e mãe nós conhecemos? Como pois disse ele: Desci do céu? – João 6.42”.

Embora sendo Deus, Jesus veio a esse mundo de forma natural, embora tenha sido gerado de forma sobrenatural. Nasceu da mesma maneira que nascem todas as crianças, pois está escrito em Gálatas 4.4: “...Deus enviou seu Filho, nascido de mulher...”. Como todas as crianças judias de seu tempo, também foi circuncidado ao oitavo dia e apresentado no templo aos quarenta dias, conforme exigia a lei de Moisés (Levítico 12.1-8).

Ao lermos Lucas 2.52 “E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura e em graça para com Deus e os homens” vemos que Jesus teve uma infância normal, cresceu e desenvolveu-se naturalmente, e assim como todo menino judeu, a partir dos cinco anos foi levado à escola (sinagoga de Jerusalém) para aprender mais das Escrituras Sagradas. Ao ficar jovem, Jesus também aprendeu com seu pai o ofício de carpinteiro. Olhando dessa forma, Jesus nada tinha de diferente de qualquer judeu naquela época. As pessoas o viam apenas como “Jesus, o nazareno”, ou “Jesus, o filho do carpinteiro”.

Até o seu nome era um nome muito comum na época. Todavia, o seu nome não foi escolhido de forma aleatória, pois Jesus, em hebraico “Jeshua”, tinha por significado “Jeová salva” e era exatamente essa a esperança de Israel (talvez por isso tantos judeus possuíam esse nome). Porém, ao iniciar seu ministério, após o seu batismo no Jordão, no qual segundo Lucas 3.22 Deus revelou: “Tu és o meu filho amado, em ti me agrado”; Jesus através de milagres e maravilhas começa a mostrar ao mundo que Ele não era apenas o Jesus de Nazaré, “o carpinteiro” que todos conheciam, mas o Cristo, o Messias enviado por Deus para salvar o mundo.

Tanto no grego “Christós”, quanto no hebraico “Mashiah”, Cristo ou Messias significa ungido, ou seja, o Ungido de Deus, o Deus que se fez homem. Entretanto, crer em Jesus como o Cristo, o filho de Deus, a segunda pessoa da Trindade, o verbo que se fez carne, não era algo fácil; assim como é hoje, esse é um privilégio apenas daqueles que recebem a revelação dada pelo Espírito Santo.

Foi o próprio Jesus que respondeu a Pedro – “Bem aventurado és tu, Simão Barjonas porque não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu Pai que está nos céus (Mateus 16.17)” – quando Pedro afirmou ser Jesus o Cristo, o Filho do Deus vivo, após Jesus ter perguntado a ele e aos demais discípulos: “E vós, quem dizeis que sou? Mateus 16.16”. Essa pergunta de Jesus “E vós, quem dizeis que sou?” é muito peculiar, pois naquela época haviam muitas divergências sobre os pensamentos a respeito de Jesus e Jesus sabia disso. Uns acreditavam que Jesus fosse João Batista, outros acreditavam ser Elias, outros Jeremias, outros acreditavam que Jesus era apenas mais um dos profetas. Tinham até mesmo os que insinuavam: “...tem demônio e está fora de si... João 10.20”.

Custa, porém, acreditar que mesmo as pessoas que estiveram tão perto (fisicamente) de Jesus, estiveram tão distantes de Cristo. Muitos dos que seguiam Jesus e estavam diariamente com Ele em dado momento “...tornaram para traz, e já não andavam com Ele. João 6.66”; pois diziam “...Duro é este discurso, quem o pode ouvir? João 6.60”. Estes não conseguiram entender o que Jesus dizia ao afirmar que era o “Pão” que desceu do céu e que quem não comesse da sua carne e bebesse do seu sangue jamais teria a vida eterna. Os seus próprios irmãos, que viveram diretamente com ele, também não acreditavam que Ele era Deus, pois está escrito: “Porque nem mesmo seus irmãos criam nele. João 7.5”.

Até mesmo os discípulos mais chegados, como Filipe, tiveram em algum momento dificuldade para entender tamanho mistério, conforme está escrito: “Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida. Ninguém vem a o Pai, senão por mim. Se vós conhecêsseis a mim também conheceríeis a meu Pai; e já desde agora o conheceis, e o tendes visto. Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta. Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo convosco e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai? Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo de mim mesmo, mas o Pai, que está em mim, é quem faz as obras. Crede-me que estou no Pai, e o Pai em mim. Crede-me, ao menos, por causa das mesmas obras. João 14.6-11”.
           
É mesmo difícil entender, que muitos dos que viveram no tempo de Jesus e estiveram tão perto dEle, podendo ouvir sua voz, tocar nos seus vestidos, ver os milagres que Ele fazia tão de perto, não conseguiram entender que Ele era o Salvador prometido por Deus. Na verdade, eles estavam perto de Jesus, mas distantes de Cristo. Porém, os que foram sensíveis à voz do Espírito Santo de Deus tiveram o privilégio de conhecer tanto a Jesus, como a Cristo.

Foi o caso da mulher samaritana. Certa vez, Jesus muito cansado de uma viagem, sentou-se perto de um poço numa cidade chamada Sicar, na Samaria. Pouco tempo depois uma mulher samaritana veio tirar água e Jesus pediu que ela lhe desse de beber. Obviamente a mulher ficou espantada com o pedido, pois os judeus não tinham um bom relacionamento com os samaritanos. Mas Jesus imediatamente falou: “Se você soubesse o que Deus pode dar e quem é que está lhe pedindo água, você pediria, e lhe daria a água da vida. João 4.10”.

Aquela mulher não conhecia Jesus, pois Jesus era judeu, e os judeus não se davam com os samaritanos. Mas naquele dia ela ficou conhecendo a Cristo. Cristo revelou a vida de adultério que ela vinha levando e ofereceu a ela uma água diferente, uma água na qual se ela bebesse nunca mais teria sede (“...mas a pessoa que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede. Porque a água que eu lhe der se tornará nela uma fonte de água que dará vida eterna. João 4.14”). Aquela mulher aceitou da “água” e reconheceu: “...Porventura não é este o Cristo? João 4.29”. Naquele dia aquela mulher teve a oportunidade de mudar de vida, e sua alegria foi tão grande que ela não guardou só pra ela, ela saiu anunciando por toda a cidade, e muitos creram em Jesus através do testemunho dela. “E diziam à mulher: Já não é pelo teu dito que nós cremos; porque nós mesmos o temos ouvido, e sabemos que este é verdadeiramente o Cristo, o Salvador do mundo. João 4.42”.

O mesmo aconteceu com um cego de nascença, que Jesus curou. Esse cego era tido como pecador, as pessoas sempre indagavam umas as outras: “...quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? João 9.2”. Esse cego provavelmente era alguém excluído da sociedade, alguém que nunca tinha visto o rosto de ninguém e, portanto, não conhecia Jesus. Porém, um dia Jesus “abriu os seus olhos” e ele pode ver o rosto de Jesus, e o mais importante, pode conhecer verdadeiramente a Cristo; como vemos em João 9.35-38: “Crês tu no Filho de Deus? Ele respondeu, e disse: Quem é Ele, Senhor, para que nele creia? E Jesus lhe disse: Tu já o tens visto, e é aquele que fala contigo. Ele disse: Creio Senhor. E o adorou.”.

Marta, irmã de Lázaro e Natanael, também reconheceram Jesus como o Cristo. Quando Jesus afirmou para Marta: “Eu sou a ressurreição e a vida, quem crê em mim, ainda que morra viverá, e quem vive e crê em mim nunca morrerá, você acredita nisso? – Ela respondeu – Sim, Senhor! Eu creio que o Senhor é o Messias, o Filho de Deus, que devia vir ao mundo! João 11.25-27”. Natanael também afirmou: “- Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel! João 1.49”.

Há tantos outros exemplos na Bíblia, tanto de pessoas que foram salvas por reconhecer que Jesus era o Messias enviado por Deus, quanto de pessoas que mesmo estando tão perto de Jesus não conseguiu enxergar que Ele verdadeiramente era o Cristo. Quanto a essas pessoas que não reconheceram a Cristo, embora elas estivessem tão perto de Jesus, não tiveram o privilégio de conhecê-lo como o “Pão da vida” (João 6.35), como a “Luz do mundo” (João 8.12), como o “Bom pastor” que dá a vida pelas suas ovelhas. Ao contrário, essas pessoas que até chegaram a seguir Jesus foram as mesmas pessoas que o crucificaram, que o trocaram por Barrabás, conforme está escrito: “Portanto, estando eles reunidos, disse-lhe Pilatos: Qual quereis que vos solte? Barrabás, ou Jesus, chamado Cristo? Mateus 27.17”. “...E eles disseram: Barrabás. Mateus 27.21”. “E Pilatos, respondendo, lhes disse outra vez: Que quereis pois que faça daquele a quem chamais Rei dos judeus? E eles tornaram a clamar: Crucifica-o. Marcos 15.12-13”.

Feliz de um dos ladrões que foi crucificado ao lado de Jesus quando reconheceu que aquele que estava do seu lado não era apenas “Jesus, o nazareno”, mas o Cristo, o Messias, o Rei dos judeus. “E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim quando entrares no teu reino. Lucas 23.42”.
           
Aquele homem que fez tantas coisas condenáveis, reconheceu no último momento de sua vida que Jesus era o Cristo; e Cristo na sua infinita misericórdia perdoou os seus pecados e disse: “...Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso. Lucas 23.43”.

Essa breve reflexão nos faz pensar se hoje não estamos vivendo como as pessoas daquela época. Nunca estivemos tão perto de Jesus em toda a história. Igrejas e mais igrejas são abertas todos os dias. A mídia (rádio e televisão) nunca deu tanto espaço para a veiculação de programas “ditos” evangélicos. A velocidade com que a tecnologia tem se evoluído nunca foi tão grande, e através da internet e redes sociais temos acesso a todo o tipo de conteúdo o tempo todo, inclusive no que tange ao evangelho. Gravadoras e editoras nunca lançaram tantos livros, cd’s e dvd’s com o selo “gospel”. Mas será que esse evangelho é o mesmo que Cristo ensinou? Será que ele tem sido vivido em sua essência? Um evangelho de amor, de perdão, de humildade, de renúncia?

Será que as pessoas tem buscado as igrejas para conhecer verdadeiramente a Cristo, ou, só vão em busca de curas e bens materiais, influenciadas por líderes que só sabem pregar sobre a teologia da prosperidade? Será que mesmo sendo o Brasil considerado um país cristão, e o maior produtor de bíblias do mundo (segundo reportagem do dia 23 de Junho de 2011 no site www.istoe.com.br; o Brasil é o maior produtor de bíblias do mundo, sendo que edita uma bíblia/novo testamento a cada 3 segundos e exporta para cerca de, 105 nações), as pessoas não se encontram totalmente distantes de Cristo?

Se perguntarmos a qualquer brasileiro se ele já ouviu falar de Jesus, muito provavelmente ele responderá que sim. Conhecem a Jesus, mas será que conhecem a Cristo? Essa situação remete a uma passagem bíblica que é muito interessante de ser compartilhada. Trata-se dos dois discípulos no caminho de Emaús. Jerusalém estava totalmente agitada com a morte de Jesus, todos comentando sobre o que aconteceu nos últimos dias. É nesse cenário, que dois dos muitos seguidores de Jesus caminhavam de volta para suas casas. Eles iam tristes, fazendo perguntas um ao outro, quando o próprio Jesus se aproximou e começou a andar junto deles, porém eles não o reconheceram.

Talvez seja essa situação em nossos dias, Jesus está tão perto de nós, mas não o estamos reconhecendo. A agitação do dia-a-dia tem cegado nossa visão. Então, após caminharem um tempo juntos, Jesus perguntou porque eles estavam tristes e do que comentavam. É possível imaginar a feição de espanto no rosto de Cléopas e seu amigo. Tudo o que mais se falava na cidade era o que aconteceu com Jesus, e, no entanto aquele “desconhecido” não sabia de nada. Imaginando que Jesus era um viajante/peregrino, eles explicaram tudo o que tinha acontecido na cidade nos últimos três dias. Explicaram como Jesus havia sido morto e como suas expectativas estavam frustradas, pois eles acreditavam que Jesus seria o remidor de Israel, mas, no entanto, já haviam se passado três dias de sua morte. Jesus respondendo, porém, lhes disse: “...Ó néscios e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura não convinha que o Cristo padecesse estas coisas e entrasse na sua glória? Lucas 24.25-26”. 

Então Jesus começou a explicar tudo o que se encontrava nas Escrituras Sagradas, começando por Moisés até os profetas; ou seja, a mostrar que tudo que estava escrito nas escrituras apontavam para o sacrifício voluntário de Cristo na cruz. Jesus falava com tanta propriedade e devia ser tão bom ouvi-lo falar que os dois homens nem se deram conta quando começou a entardecer. Quando chegaram a aldeia para onde iam, Jesus fez como se fosse para mais longe, mas os discípulos insistiram: “Fica conosco, pois a noite já vem, o dia já está quase findando. Lucas 24.29”. Decerto eles não sabiam, mas sentiam que aquele “desconhecido” tinha algo a mais para oferecer-lhes. Jesus aceitou o convite (pois Jesus só entra quando é convidado).

E aconteceu que na hora de comer com eles, Jesus tomou o pão, o abençoou, partiu-o e lhes deu. Então os olhos daqueles seguidores de Jesus foram abertos e eles reconheceram a Cristo. É importante ressaltar que eles só reconheceram a Cristo porque eles convidaram Jesus para entrar na casa deles e permitiram até mesmo que Jesus tomasse o pão (o costume naquela época era que o dono da casa servisse o pão e não o visitante; porém o pão pode simbolizar nessa passagem a vida deles, ou seja, quando eles permitiram que Jesus tomasse a vida deles em suas mãos, Cristo se revelou a eles).

O mesmo ocorre conosco. Por mais que Jesus esteja do nosso lado, bem “pertinho” de nós, bem ao “nosso alcance”; Ele só deixa-se revelar quando nós o convidamos para entrar em nossas casas e deixamos que Ele tome nossas vidas em suas mãos. Embora conheçamos a Jesus, Cristo só se revela a nós se o quisermos e o buscarmos. Para isso é necessário ter fé.

Tomé, um dos discípulos não acreditou que Jesus tinha ressuscitado de entre os mortos, conforme está escrito em João 20.24-29: “Tomé, chamado Dídimo, um dos Doze, não estava com os discípulos quando Jesus apareceu. Os outros discípulos lhe disseram: “Vimos o Senhor!” Mas ele lhes disse: “Se eu não vir as marcas dos pregos em suas mãos, não colocar o meu dedo onde estavam os pregos e não puser minha mão no seu lado, não crerei”. Uma semana mais tarde, os seus discípulos estavam outra vez ali, e Tomé com eles. Apesar de estarem trancadas as portas, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: “Paz seja com vocês!”E Jesus disse a Tomé: “Coloque o seu dedo aqui; veja as minhas mãos. Estenda a mão e coloque-a no meu lado. Pare de duvidar e creia”. Disse-lhe Tomé: “Senhor meu e Deus meu!”Então Jesus lhe disse: “Porque me viu você creu? Felizes os que não viram e creram”.

Tomé só acreditou vendo, porém Jesus disse que mais bem aventurado é quem não viu e creu. Diferentemente das pessoas do tempo de Jesus aqui na terra, nós não vimos o corpo físico de Jesus, não tivemos a oportunidade de andar ou falar com Ele. Mas nós temos a oportunidade de conhecer a Cristo através da fé. Estar perto de Jesus não é o suficiente. É preciso estar perto de Cristo.
      
Apenas conhecer sobre Jesus também não é o suficiente. É preciso conhecer a Cristo. Pois Cristo é o único caminho a Deus. Ele é o único que pode perdoar nossos pecados e nos dar uma nova vida. Ele é o nosso salvador, nosso libertador, nosso Rei. Que possamos nos achegar cada vez mais próximos de Cristo, para que possamos ser verdadeiros “cristãos”. Pois este é o desejo de Cristo Jesus quando disse: “E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus Verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste. João 17.3”. Que possamos estar perto de Jesus e perto de Cristo. Que possamos conhecer a Jesus e conhecer e receber a Cristo.
Amém.

 Por Dani Sancon
Violinista
Aluna da FATESA - Casa do Saber


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