Um jovem é levado diante de um juiz por dirigir
embriagado. Quando seu nome é anunciado pelo meirinho, percebe-se um suspiro no
tribunal — o réu é o filho do juiz! O juiz espera que seu filho seja inocente,
mas a evidência é irrefutável. Ele é culpado. O que o juiz pode fazer? Ele é
pego num dilema entre a justiça e o amor. Uma vez que seu filho é culpado,
merece punição. Mas o juiz não deseja punir seu filho por causa do grande amor
que tem por ele.
Relutantemente anuncia: — Filho, você pode escolher entre
pagar uma multa de R$ 5.000,00 ou ir para a cadeia — o filho olha para o juiz e
diz: — Mas, pai, eu prometi que vou ser bom de agora em
diante! Serei voluntário no programa de distribuição de sopa aos necessitados.
Vou visitar uma pessoa de idade. Vou abrir uma casa para cuidar de crianças que
sofreram abuso. Nunca mais vou fazer outra coisa errada de novo! Por favor,
deixe-me ir! Implora o filho.
Nesse momento, o juiz pergunta: — Você ainda está bêbado?
Você não consegue fazer tudo isso. Mas mesmo que pudesse, os seus atos bondosos
futuros não podem mudar o fato de que você já é culpado por ter dirigido
embriagado.
De fato, o juiz percebe que boas obras não podem cancelar más
obras! A justiça perfeita exige que seu
filho seja punido por aquilo que fez. Sendo assim, o juiz repete: — Sinto
muito, meu filho. Assim como eu gostaria de permitir que você fosse embora,
estou atado pela lei. A punição para esse crime é pagar R$ 5.000,00 ou ir para
a cadeia – diz o juiz. O filho apela a seu pai: — Mas pai, você sabe que eu não
tenho R$ 5.000,00. Deve existir outra maneira de evitar a cadeia!
O juiz levanta e tira sua toga. Desce do seu lugar
elevado e chega no mesmo nível em que está seu filho. Olhando bem direto em seus
olhos, põe a mão no bolso, tira R$ 5.000,00 e estende ao filho. O filho está
surpreso, mas ele entende que existe apenas uma coisa que pode fazer para ser
livre: aceitar o dinheiro. Não há nada mais que possa fazer. Boas obras ou promessas
de boas obras não podem libertá-lo. Somente a aceitação do presente gratuito de
seu pai pode salvá-lo da punição certa.
Deus está numa situação similar à daquele juiz — ele está
preso num dilema entre sua justiça e seu amor. Uma vez que todos nós pecamos em
algum momento de nossa vida, a infinita justiça de Deus exige que ele puna
aquele pecado. Mas por causa do seu amor infinito, Deus deseja encontrar uma
maneira para evitar nos punir.
Qual era a única maneira de
Deus permanecer justo, mas não nos punir por nossos pecados? Ele deve punir um
substituto sem pecado que voluntariamente aceita a punição que nos é devida
(sem pecado significa que o substituto deve pagar por nossos pecados, e não
pelos seus próprios; voluntário porque seria injusto punir um substituto contra
sua vontade). Onde Deus pode encontrar um substituto sem pecado? Não na
humanidade pecaminosa, mas apenas em si mesmo. Na realidade, o próprio Deus é o substituto. Assim como o juiz
desceu de seu lugar para salvar seu filho, Deus desceu dos céus para salvar você e
eu da punição. Todos nós merecemos a punição. Eu mereço. Você merece.
"Mas eu sou uma boa pessoa!", você diz. Talvez
você seja "bom" comparado a Hitler ou até mesmo ao seu vizinho. Mas o
padrão de Deus não é Hitler nem o homem que mora na casa ao lado da sua. Seu
padrão é a perfeição moral, porque sua natureza imutável é a perfeição moral.
De fato, o maior mito no qual se acredita hoje em dia
quando se trata de religião é que "ser bom" vai fazer você chegar ao
céu. De acordo com essa visão, não importa aquilo em que você crê, contanto que
seja uma "boa pessoa” e que haja uma maior quantidade de boas obras do que
de más. Mas isso é falso, porque um Deus perfeitamente justo deve punir as más
obras independentemente de quantas boas obras alguém tenha realizado. Uma vez
que pecamos contra um Ser eterno — e todos nós pecamos -, merecemos punição eterna,
e nenhuma obra pode mudar esse fato.
Jesus veio para nos apresentar uma maneira de nos
livrarmos dessa punição, oferecendo-nos vida eterna. O paraíso perdido no Gênesis
torna-se o paraíso encontrado no Apocalipse. Desse modo, quando Jesus disse
"Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por
mim" (João 14.6), ele não estava fazendo uma afirmação arbitrária, mas uma
declaração que refletia a realidade do Universo. Jesus é o único caminho porque
não existe outra maneira pela qual Deus possa conciliar sua justiça infinita e
seu amor infinito (Romanos 3.26). Se houvesse alguma outra maneira, então Deus
permitiu que Cristo morresse por nada (Gálatas 2.21).
Tal como o pai fez por seu filho embriagado, Deus
satisfaz sua justiça ao punir a si mesmo por nossos pecados e estender esse pagamento
a cada um de nós. Tudo o que precisamos fazer com o objetivo de sermos libertos
é aceitar o presente. Existe apenas um problema: assim como o pai não pode forçar seu filho a aceitar o presente,
Deus não pode nos forçar a aceitar seu presente. Deus nos ama tanto que ele até mesmo respeita nossa
decisão de rejeitá-lo.
Fonte: trecho do livro: "Não tenho fé suficiente para seu ateu" - Norman Geisler e Frank Turek.
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