quinta-feira, 17 de julho de 2014

Lucas, o historiador do Novo Testamento

Colin Hemer, estudioso clássico e historiador, faz uma crônica versículo por versículo da precisão de Lucas no livro de Atos. Com esmerado detalhamento, Hemer identifica 84 fatos nos últimos 16 capítulos de Atos que foram confirmados por pesquisa histórica e arqueológica. Ao ler a lista a seguir, tenha em mente que Lucas não tinha acesso aos mapas ou às cartas náuticas modernos. Lucas registra com precisão:

1. A travessia natural entre portos citados corretamente (At 13.4,5);
2. O porto correto (Perge) juntamente com o destino correto de um navio que vinha de Chipre (13.13);
3. A localização correta da Licaônia (14.6);
4. A declinação incomum mas correta do nome Listra (14.6);
5. O registro correto da linguagem falada em Listra — a língua licaônica (14.11);
6. Dois deuses conhecidos por serem muito próximos — Zeus e Hermes (14.12);
7. O porto correto, Atália, que os viajantes usavam na volta (14.25);
8. A ordem correta de chegada, a Derbe e depois a Listra, para quem vem da Cilícia (16.1; cf. 15.41);
9. A grafia correta do nome Trôade (16.8);
10. O lugar de um famoso marco para os marinheiros, a Samotrácia (16.11);
11. A correta descrição de Filipos como colônia romana (16.12);
12. A correta localização de um rio (Gangites) próximo a Filipos (16.13);
13. A correta associação de Tiatira a um centro de tingimento (16.14);
14. A designação correta dos magistrados da colônia (16.22);
15. A correta localização (Anfípolis e Apolônia) onde os viajantes costumavam passar diversas noites seguidas em sua jornada (17.1);
16. A presença de uma sinagoga em Tessalônica (17.1);
17. O termo correto ("politarches") usado em referência aos magistrados do lugar (17.6);
18. A correta implicação de que a viagem marítima é a maneira mais conveniente de chegar a Atenas, favorecida pelos ventos do leste na navegação de verão (17.14,15);
19. A presença abundante de imagens em Atenas (17.16);
20. A referência a uma sinagoga em Atenas (17.17);
21. A descrição da vida ateniense com debates filosóficos na Agora (17.17);
22. O uso da palavra correta na linguagem ateniense para Paulo (spermagos), 17.18), assim como para a corte (Areios pagos, 17.19);
23. A correta representação do costume ateniense (17.21);
24. Um altar ao "deus desconhecido" (17.23);
25. A correta reação dos filósofos gregos, que negavam a ressurreição do corpo (17.32);
26. Areopagita (RA e RC) como o título correto para um membro da corte (17.34);
27. Uma sinagoga em Corinto (18.4);
28. A correta designação de Gálio como procônsul, residente em Corinto (18.12);
29. O termo bema (tribunal), superior ao forum de Corinto (18.16s);
30. O nome Tirano, conforme atestado em inscrições do século I em Éfeso (19.9);
31. Conhecidos relicários e imagens de Ártemis (19.24);
32. A muito confirmada "grande deusa Ártemis" (19.27);
33. Que o teatro de Éfeso era um local de grandes encontros da cidade (19.29);
34. O título correto grammateus para o principal magistrado (escrivão) de Éfeso (19.35);
35. O correto título de honta neokoros, autorizado pelos romanos (19.35);
36. O nome correto para designar a deusa (19.37);
37. O termo correto para aquele tribunal (19.38);
38. O uso do plural anthupatoí (procônsules), talvez uma notável referência ao fato de que dois homens estavam exercendo em conjunto a função de procônsul naquela época (19.38);
39. A assembléia "regular", cuja frase precisa é atestada em outros lugares (19.39);
40. O uso de designação étnica precisa, beroíaios (20.4);
41. O uso do termo étnico asíanos (20.4);
42. O reconhecimento implícito da importância estratégica atribuída à cidade de Trôade (20.7s);
43. O período da viagem costeira naquela região (20.13);
44. A seqüência correta de lugares (20.14,15);
45. O nome correto da cidade como um plural neutro (Patara) (21.1);
46. O caminho correto passando pelo mar aberto, ao sul de Chipre, favorecido pelos fortes ventos noroeste (21.3);
47. A correta distância entre essas cidades (21.8);
48. Um ato de piedade caracteristicamente judeu (21.24);
49. A lei judaica considerando o uso que os gentios faziam da área do templo (21.28). Descobertas arqueológicas e citações de Josefo confirmam que os gentios poderiam ser executados por entrarem na área do templo. Em uma dessas descrições, pode-se ler: "Que nenhum gentio passe para dentro da balaustrada e do muro que cerca o santuário. Todo aquele que for pego será pessoalmente responsável por sua consequente execução".);
50. A presença permanente de uma coorte romana (chiliarch) em Antônia para reprimir qualquer perturbação na época das festas (21.31);
51. O lance de escadas usado pelos soldados (21.31,35);
52. A maneira comum de obter-se a cidadania romana naquela época (22.28);
53. O tribunal ficando impressionado com a cidadania romana, em vez da tarsiana (22.29);
54. Ananias como sumo sacerdote daquela época (23.2);
55. Félix como governador daquela época (23.34);
56. O ponto de parada natural no caminho para Cesaréia (23.31);
57. Em qual jurisdição estava a Cilícia naquela época (23.34);
58. O procedimento penal da província naquela época (24.1-9);
59. O nome Pórcio Festo, que concorda perfeitamente com o nome dado por Josefo (24.27);
60. O direito de apelação dos cidadãos romanos (25.11);
61. A fórmula legal correta (25.18);
62. A forma característica de referência ao imperador daquela época (25.26);
63. A melhor rota marítima da época (27.5);
64. A ligação entre Cilícia e Panfília (27.5);
65. O principal porto para se encontrar um navio em viagem para a Itália (27.5,6);
66. A lenta passagem para Cnido, diante dos típicos ventos noroeste (27.7);
67. A rota correta para navegar, em função dos ventos (27.7);
68. A localização de Bons Portos, perto da cidade de Laséia (27.8);
69. Bons Portos não era um bom lugar para permanecer (27.12);
70. Uma clara tendência de um vento sul daquela região transformar-se repentinamente num violento nordeste, muito conhecido e chamado gregale (27.13);
71. A natureza de um antigo navio de velas redondas que não tinha opção, senão ser conduzido a favor da tempestade (27.15);
72. A localização precisa e o nome desta ilha (27.16);
73. As manobras adequadas para a segurança do navio nesta situação em particular (27.16);
74. A 14ª noite — um cálculo notável, baseado inevitavelmente numa composição de estimativas e probabilidades, confirmada pela avaliação de navegantes experientes do Mediterrâneo (27.27);
75. O termo correto de tempo no Adriático (27.27);
76. O termo preciso (bosílantes) para captar sons e calcular a profundidade correta do mar perto de Malta (27.28);
77. Uma posição que se encaixa na provável linha de abordagem de um navio liberado para ser levado pelo vento do leste (27.39);
78. A severa responsabilidade dos guardas em impedir que um preso fugisse (27.42);
79. O povo local e as superstições da época (28.4-6);
80. O título correto protos tes nesou (28.7);
81. Régio como um refúgio para aguardar um vento sul para que pudessem passar pelo estreito (28.13);
82. Praça de Ápio e Três Vendas corretamente definidos como locais de parada da Via Ápia (28.15);
83. Forma correta de custódia por parte dos soldados romanos (28.16);
84. Condições de aprisionamento, vivendo "na casa que havia alugado" (28.30,31).

Existe alguma dúvida de que Lucas tenha sido testemunha ocular desses acontecimentos ou que pelo menos tenha tido acesso ao depoimento confiável de testemunhas oculares? O que mais ele poderia ter feito para provar sua autenticidade como historiador? O historiador romano A. N. Sherwin-White diz: "Quanto ao livro de Atos, a confirmação de sua historicidade é impressionante [...]. Qualquer tentativa de rejeitar sua historicidade básica só pode ser considerada absurda. Historiadores romanos já desprezaram o livro por muito tempo". O especialista clássico e arqueólogo William M. Ramsay começa sua investigação do livro de Atos com grande ceticismo, mas suas descobertas ajudaram a mudar sua forma de pensar. Ele escreveu:

"Comecei tendo um pensamento desfavorável a ele [o livro de Atos] [...]. Eu não tinha o propósito de investigar o assunto em detalhes. Contudo, mais recentemente, vi-me muitas vezes sendo levado a ter contato com o livro de Atos vendo-o como uma autoridade em topografia, antiguidade e sociedade da Ásia Menor. Fui gradualmente percebendo que, em vários detalhes, a narrativa mostrava verdades maravilhosas. De fato, a precisão de Lucas no livro de Atos é verdadeiramente maravilhosa”.

Contudo, há um aspecto que os céticos ficam bastante desconfortáveis. Lucas relata um total de 35 milagres no mesmo livro no qual registra todos esses 84 detalhes historicamente confirmados.


Trecho do livro: "Não tenho fé suficiente para ser ateu" - Norman Geisler e Frank Turek.

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