segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

As 95 Teses de Lutero (adaptado) - Ariovaldo Nuvolari - Aluno da FATESA - Casa do Saber



Em 1517 o Papa Leão X teria oferecido indulgências para aqueles que dessem esmolas para reconstruir a Basílica de São Pedro em Roma. O agressivo marketing de Johann Tetzel em promover esta causa provocou Martinho Lutero a escrever as suas 95 Teses. Não se pode esquecer que Lutero era, além de padre, professor e teólogo. Antes ele havia ido a Roma e lá viu coisas que muito lhe desagradaram. Embora Lutero não negasse o direito do Papa ou da Igreja de conceder perdões e penitências, ele não acreditava que dar esmolas seria uma boa ação, mas um ato semelhante à compra das indulgências e o perdão das penas temporais.
Na doutrina católica Indulgência (do latim indulgentia, que provém de indulgeo, "para ser gentil") é o perdão fora dos sacramentos, total ou parcial, "da pena temporal devida, para a justiça de Deus, pelos pecados que foram perdoados”, ou seja, do mal causado como conseqüência do pecado já perdoado, "a remissão é concedida pela Igreja Católica no exercício do poder das chaves, por meio da aplicação dos superabundantes méritos de Cristo e dos santos, por algum motivo justo e razoável." Embora "no sacramento da Penitência a culpa do pecado seja removida, e com ele o castigo eterno devido aos pecados mortais, ainda permanece a pena temporal exigida pela Justiça Divina, e essa exigência deve ser cumprida na vida presente ou no mundo vindouro, isto é, no Purgatório. Uma indulgência oferece ao pecador penitente meios para cumprir esta dívida durante sua vida na terra", reparando o mal que teria sido cometido pelo pecado.

Nós, evangélicos, entendemos que o pecado só pode ser perdoado por Deus, através do sacrifício de Cristo na cruz e, desde que o pecador se arrependa e peça perdão a Ele, e tenha dentro de si o firme propósito de não pecar mais. No entanto as conseqüências do pecado não podem ser apagadas, ou seja, acontecem aqui mesmo, em vida, na terra (como exemplo bíblico pode-se ver o que aconteceu com o rei Davi).

As “95 Teses” de Lutero foram afixadas na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg em 31 de outubro de 1517. Na verdade, isso era um modo costumeiro de se anunciar uma “disputa” ou “justa teológica” entre os doutores de Wittenberg. Portanto, não se tratava de uma ação que deveria ter uma conotação individual, visto que as disputas eram debates que envolviam professores e estudantes. Isso explica o fato de Lutero pedir para aqueles que não pudessem se fazer presentes à disputa que, ao menos, enviassem as suas opiniões por escrito para serem lidas. Afinal, segundo as regras da eloquência, as “teses” deveriam ser vistas como “pontos a serem debatidos” em uma plenária de doutos.

Nesse sentido, tudo não passou de um ato público envolvendo os doutores e/ou seus estudantes, como demonstra o fato de as teses terem sido escritas originalmente em latim e não em alemão (língua familiar de Lutero). Observa-se também que; o tom irônico e certa preocupação com a métrica e a rima fazem parte do ritual de “belo discurso” (arte da retórica) – conhecimento obrigatório nas universidades de teologia e direito da época de Lutero. Portanto, ao lançar as suas “95 Teses”, Lutero tornava públicas (mas não populares) as suas idéias, com a finalidade de expor aos doutores algumas questões que o incomodavam a respeito das “vendas de perdão/indulgências”, cujas contradições práticas e doutrinais, somadas à corrupção de determinados setores do clero, eram vistas por ele como uma ameaça à credibilidade da fé cristã e da Igreja de Roma. Isso significa que, ao tornar públicas as suas teses, Lutero esperava receber o apoio do papa, em vez de sua censura. No entanto, depois de novas disputas teológicas, desta vez com agentes enviados pelo Papa Leão X (1475-1521; pontificado: de 1513-1521), foi redigida contra Lutero uma carta de excomunhão datada em 21 de janeiro de 1521, que ele receberia meses depois.

Entre 1517 e 1521, Lutero fora submetido a algumas disputas teológicas – e quase metade de suas teses foi refutada pelos doutos do papa. Aos poucos, a situação fugiu dos muros da universidade, e muitas idéias de Lutero foram convenientemente distorcidas por membros da nobreza alemã, que utilizaram a “desculpa da fé” para tomar bens e terras de famílias inimigas e da própria Igreja. Imprevisivelmente, toda esta situação foi consolidando uma atmosfera de cisma religioso na Europa, que estava longe das intenções de Lutero. Portanto, deve-se entender que a ação de Lutero misturou-se involuntariamente com interesses políticos e com outras tendências do debate teológico e da cultura religiosa que remontavam ao século XIII.

CRONOLOGIA:
 1483,  em 10 de novembro: Nasceu, na Alemanha, Martinho Lutero.
1509:  Nasceu João Calvino em 10 de julho. Henrique VIII (1491-1547) torna-se rei da Inglaterra.
1517,  em 31 de outubro: Lutero fixa as suas “95 Teses” na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg.
1518:  Lutero recusa-se a retratar-se perante o papa Leão X (1475-1521; pontificado: 1513-1521).
1520,  em junho: Leão X condena 41 proposições de Lutero.
1521, 21 de janeiro: Leão X excomunga Lutero, mas passam-se vários meses até a ordem de excomunhão chegar à Alemanha.
1522: Lutero publica a sua advertência contra os distúrbios e publica a tradução do grego para o alemão do Novo Testamento, com gravuras de Lucas Cranach (1472-1553).
1523: Lutero publica texto que fala do direito de a comunidade de fiéis julgar toda a doutrina e nomear e demitir clérigos.
1524-1525: Revolta camponesa liderada por Thomas Müntzer (1490-1525).
1525: Lutero publica texto contra os “profetas sagrados” e contra as “revoltas camponesas”.
1528: Mandato imperial ameaça de morte os anabatistas.
1530: Carlos V (1500-1558) – rei de Espanha desde 1516 e eleito imperador Habsburgo desde 1519 – fracassa em impor uma ortodoxia religiosa ao império.
1534: Ruptura de Henrique VIII da Inglaterra com Roma, supressão dos monastérios e com-cessão de permissão para os padres se casarem. Na Alemanha, Lutero publica a tradução do hebreu para o alemão do Velho Testamento.
1534-1535: Anabatistas tomam o poder em Münster, mas seu “reino” é derrubado pela coligação de forças católicas e protestantes.
1536: Surge a primeira edição de “Instituições da Religião Cristã”, de João Calvino. Ocorre também a introdução da bíblia vernacular na Inglaterra.
1542: Calvino organiza o seu catecismo em Genebra.
1544: Calvino admoesta os anabatistas.
1545, em 13 de dezembro: Começa o Concílio de Trento.
1546, em 18 de fevereiro: Morre Lutero.
1547: Eduardo VI (1537-1553) assume o trono na Inglaterra e demonstra forte tendência calvinista.
1549: Eduardo VI lança o livro de pregações e pretende forçar a uniformidade religiosa em torno da fé reformada na Inglaterra.
1553: Morre Eduardo VI e sua irmã mais velha, Maria I (1516-1558), pretende o retorno da Inglaterra ao Catolicismo.
1558: Morre Carlos V da Espanha e Maria I da Inglaterra. Elizabeth (1533-1603) assume o trono da Inglaterra e tenta restaurar o anglicanismo de seu pai, Henrique VIII, o que significava evitar os extremos puritanos (Eduardo VI) e católicos (Maria I).
1560, em março: Fracasso de uma conspiração de jovens aristocratas huguenotes(1) contra a Casa Católica do Duque de Guise na França. Primeiro édito de tolerância é publicado.
1561, de setembro a novembro: Colóquio de Poissy, mas fracassa a tentativa de restaurar a unidade entre huguenotes e católicos na França.
1562, em março: Massacre dos huguenotes em Vassy comandada pela Casa Católica de Guise. Primeira Guerra Civil Religiosa na França.
1563: Em março, Catarina de Médicis (1519-1589; regente: de 1560-1574) tenta por fim à guerra civil francesa com a assinatura da Paz de Amboise, que concede certo grau de tolerância para os huguenotes. Neste mesmo ano, encerra-se o Concílio de Trento.
1564: em 27 de maio: Morre João Calvino. Théodore de Béze (1519-1605) sucede Calvino como líder da reforma protestante centrada em Genebra.
1572: 23-24 de agosto: Noite do Massacre de São Bartolomeu em Paris.
1598: Publicação do Édito de Nantes (2).
1685: Revogação do Édito de Nantes.

(1)   Huguenote é a denominação dada aos protestantes (calvinistas franceses) pelos seus inimigos nos séculos XVI e XVII. O antagonismo entre católicos e protestantes resultou nas guerras religiosas, que dilaceraram a França do século XVI.
(2)   O Édito de Nantes, promulgado pelo rei francês Henrique IV em 13 de abril de 1598, concedeu, ainda que de maneira limitada, direitos religiosos, civis e políticos aos protestantes da França, os huguenotes, que vinham sendo duramente reprimidos pelas autoridades seculares e eclesiásticas daquele país.

As 95 Teses de Martinho Lutero (traduzidas do latim para o português):
Com um desejo ardente de trazer a verdade à luz, as seguintes teses serão defendidas em Wittenberg, sob a presidência do Rev. Frei Martinho Lutero, Mestre de Artes, Mestre de Sagrada Teologia e Professor oficial da mesma. Ele, portanto, pede que todos os que não puderem estar presentes e disputar com ele verbalmente, façam-no por escrito. Em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.
01
Ao dizer: "Fazei penitência", etc. [Mt 4.17], o nosso Senhor e Mestre, Jesus Cristo quis que toda a vida dos fiéis fosse penitência.
02
Esta penitência não pode ser entendida como penitência sacramental (isto é, da confissão e satisfação celebrada pelo ministério dos sacerdotes).
03
No entanto, ela não se refere apenas a uma penitência interior; sim, a penitência interior seria nula se, externamente, não produzisse toda sorte de mortificação da carne.
04
Por conseqüência, a pena perdura enquanto persiste o ódio de si mesmo (isto é a verdadeira penitência interior), ou seja, até a entrada do reino dos céus.
05
O papa não quer nem pode dispensar de quaisquer penas senão daquelas que impôs por decisão própria ou dos cânones.
06
O papa não tem o poder de perdoar culpa a não ser declarando ou confirmando que ela foi perdoada por Deus; ou, certamente, perdoados os casos que lhe são reservados. Se ele deixasse de observar essas limitações, a culpa permaneceria.
07
Deus não perdoa a culpa de qualquer pessoa sem, ao mesmo tempo, sujeitá-la, em tudo humilhada, ao sacerdote, seu vigário.
08
Os cânones penitenciais são impostos apenas aos vivos; segundo os mesmos cânones, nada deve ser imposto aos moribundos.
09
Por isso, o Espírito Santo nos beneficia através do papa quando este, em seus decretos, sempre exclui a circunstância da morte e da necessidade.
10
Agem mal e sem conhecimento de causa aqueles sacerdotes que reservam aos moribundos penitências canônicas para o purgatório.
11
Essa cizânia de transformar a pena canônica em pena do purgatório parece ter sido semeada enquanto os bispos certamente dormiam.
12
Antigamente se impunham as penas canônicas não depois, mas antes da absolvição, como verificação da verdadeira contrição.
13
Através da morte, os moribundos pagam tudo e já estão mortos para as leis canônicas, tendo, por direito, isenção das mesmas.
14
Saúde ou amor imperfeito no moribundo necessariamente traz consigo grande temor, e tanto mais quanto menor for o amor.
15
Este temor e horror por si sós já bastam (para não falar de outras coisas) para produzir a pena do purgatório, uma vez que estão próximos do horror do desespero.
16
Inferno, purgatório e céu parecem diferir da mesma forma que o desespero, o semi-desespero e a segurança.
17
Parece necessário, para as almas no purgatório, que o horror devesse diminuir à medida que o amor crescesse.
18
Parece não ter sido provado, nem por meio de argumentos racionais nem da Escritura, que elas se encontrem fora do estado de mérito ou de crescimento no amor.
19
Também parece não ter sido provado que as almas no purgatório estejam certas de sua bem-aventurança, ao menos não todas, mesmo que nós, de nossa parte, tenhamos plena certeza disso.
20
Portanto, por remissão plena de todas as penas, o papa não entende simplesmente todas, mas somente aquelas que ele mesmo impôs.
21
Erram, portanto, os pregadores de indulgências que afirmam que a pessoa é absolvida de toda pena e salva pelas indulgências do papa.
22
Com efeito, ele não dispensa as almas no purgatório de uma única pena que, segundo os cânones, elas deveriam ter pago nesta vida.
23
Se é que se pode dar algum perdão de todas as penas a alguém, ele, certamente, só é dado aos mais perfeitos, isto é, pouquíssimos.
24
Por isso, a maior parte do povo está sendo necessariamente ludibriada por essa magnífica e indistinta promessa de absolvição da pena.
25
O mesmo poder que o papa tem sobre o purgatório de modo geral, qualquer bispo e cura tem em sua diocese e paróquia em particular.
26
O papa faz muito bem ao dar remissão às almas não pelo poder das chaves (que ele não tem), mas por meio de intercessão.
27
Pregam doutrina mundana os que dizem que, tão logo tilintar a moeda lançada na caixa, a alma sairá voando [do purgatório para o céu].
28
Certo é que, ao tilintar a moeda na caixa, pode aumentar o lucro e a cobiça; a intercessão da Igreja, porém, depende apenas da vontade de Deus.
29
E quem é que sabe se todas as almas no purgatório querem ser resgatadas, como na história contada a respeito de São Severino e São Pascoal?
30
Ninguém tem certeza da veracidade de sua contrição, muito menos de haver conseguido plena remissão.
31
Tão raro como quem é penitente de verdade é quem adquire autenticamente as indulgências, ou seja, é raríssimo.
32
Serão condenados em eternidade, juntamente com seus mestres, aqueles que se julgam seguros de sua salvação através de carta de indulgência.
33
Deve-se ter muita cautela com aqueles que dizem serem as indulgências do papa aquela inestimável dádiva de Deus através da qual a pessoa é reconciliada com Ele.
34
Pois aquelas graças das indulgências se referem somente às penas de satisfação sacramental, determinadas por seres humanos.
35
Os que ensinam que a contrição não é necessária para obter redenção ou indulgência, estão pregando doutrinas incompatíveis com o cristão.
36
Qualquer cristão que está verdadeiramente contrito tem remissão plena tanto da pena como da culpa, que são suas dívidas, mesmo sem uma carta de indulgência.
37
Qualquer cristão verdadeiro, vivo ou morto, participa de todos os benefícios de Cristo e da Igreja, que são dons de Deus, mesmo sem carta de indulgência.
38
Contudo, o perdão distribuído pelo papa não deve ser desprezado, pois – como disse – é uma declaração da remissão divina
39
Até mesmo para os mais doutos teólogos é dificílimo exaltar simultaneamente perante o povo a liberalidade de indulgências e a verdadeira contrição.
40
A verdadeira contrição procura e ama as penas, ao passo que a abundância das indulgências as af rouxa e faz odiá-las, ou pelo menos dá ocasião para tanto.
41
Deve-se pregar com muita cautela sobre as indulgências apostólicas, para que o povo não as julgue erroneamente como preferíveis às demais boas obras do amor.
42
Deve-se ensinar aos cristãos que não é pensamento do papa que a compra de indulgências possa, de alguma forma, ser comparada com as obras de misericórdia.
43
Deve-se ensinar aos cristãos que, dando ao pobre ou emprestando ao necessitado, procedem melhor do que se comprassem indulgências.
44
Ocorre que através da obra de amor cresce o amor e a pessoa se torna melhor, ao passo que com as indulgências ela não se torna melhor, mas apenas mais livre da pena.
45
Deve-se ensinar aos cristãos que quem vê um carente e o negligencia para gastar com indulgências obtém para si não as indulgências do papa, mas a ira de Deus.
46
Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem bens em abundância, devem conservar o que é necessário para sua casa e de forma alguma desperdiçar dinheiro com indulgência.
47
Deve-se ensinar aos cristãos que a compra de indulgências é livre e não constitui obrigação.
48
Deve ser ensinado aos cristãos que, ao conceder perdões, o papa tem mais desejo (assim como tem mais necessidade) de oração devota em seu favor do que do dinheiro que se está pronto a pagar.
49
Deve-se ensinar aos cristãos que as indulgências do papa são úteis se não depositam sua confiança nelas, porém, extremamente prejudiciais se perdem o temor de Deus por causa delas.
50
Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa soubesse das exações dos pregadores de indulgências, preferiria reduzir a cinzas a Basílica de S. Pedro a edificá-la com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.
51
Deve-se ensinar aos cristãos que o papa estaria disposto – como é seu dever – a dar do seu dinheiro àqueles muitos de quem alguns pregadores de indulgências extorquem ardilosamente o dinheiro, mesmo que para isto fosse necessário vender a Basílica de S. Pedro.
52
Vã é a confiança na salvação por meio de cartas de indulgências, mesmo que o comissário ou até mesmo o próprio papa desse sua alma como garantia pelas mesmas.
53
São inimigos de Cristo e do Papa aqueles que, por causa da pregação de indulgências, fazem calar por inteiro a palavra de Deus nas demais igrejas.
54
Ofende-se a palavra de Deus quando, em um mesmo sermão, se dedica tanto ou mais tempo às indulgências do que a ela.
55
A atitude do Papa necessariamente é: se as indulgências (que são o menos importante) são celebradas com um toque de sino, uma procissão e uma cerimônia, o Evangelho (que é o mais importante) deve ser anunciado com uma centena de sinos, procissões e cerimônias
56
Os tesouros da Igreja, a partir dos quais o papa concede as indulgências, não são suficientemente mencionados nem conhecidos entre o povo de Cristo.
57
É evidente que eles, certamente, não são de natureza temporal, visto que muitos pregadores não os distribuem tão facilmente, mas apenas os ajuntam.
58
Eles tampouco são os méritos de Cristo e dos santos, pois estes sempre operam, sem o papa, a graça do ser humano interior e a cruz, a morte e o inferno do ser humano exterior.
59
S. Lourenço disse que os pobres da Igreja são os tesouros da mesma, empregando, no entanto, a palavra como era usada em sua época.
60
É sem temeridade que dizemos que as chaves da Igreja, que foram proporcionadas pelo mérito de Cristo, constituem estes tesouros.
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Pois está claro que, para a remissão das penas e dos casos especiais, o poder do papa por si só é suficiente.
62
O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus.
63
Mas este tesouro é certamente o mais odiado, pois faz com que os primeiros sejam os últimos.
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Em contrapartida, o tesouro das indulgências é certamente o mais benquisto, pois faz dos últimos os primeiros.
65
Portanto, os tesouros do Evangelho são as redes com que outrora se pescavam homens possuidores de riquezas.
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Os tesouros das indulgências, por sua vez, são as redes com que hoje se pesca a riqueza dos homens.
67
As indulgências apregoadas pelos seus vendedores como as maiores graças realmente podem ser entendidas como tais, na medida em que dão boa renda.
68
Entretanto, na verdade, elas são as graças mais ínfimas em comparação com a graça de Deus e a piedade da cruz.
69
Os bispos e curas têm a obrigação de admitir com toda a reverência os comissários de indulgências apostólicas.
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Têm, porém, a obrigação ainda maior de observar com os dois olhos e atentar com ambos os ouvidos para que esses comissários não preguem os seus próprios sonhos em lugar do que lhes foram incumbidos pelo papa.
71
Seja excomungado e amaldiçoado quem falar contra a verdade das indulgências apostólicas.
72
Seja bendito, porém, quem ficar alerta contra a devassidão e licenciosidade das palavras de um pregador de indulgências.
73
Assim como o papa, com razão, fulmina aqueles que, de qualquer forma, procuram defraudar o comércio de indulgências,
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muito mais deseja fulminar aqueles que, a pretexto das indulgências, procuram fraudar a santa caridade e verdade.
75
A opinião de que as indulgências papais são tão eficazes a ponto de poderem absolver um homem mesmo que tivesse violentado a mãe de Deus, caso isso fosse possível, é loucura.
76
Afirmamos, pelo contrário, que as indulgências papais não podem anular sequer o menor dos pecados venais no que se refere à sua culpa.
77
A afirmação de que nem mesmo São Pedro, caso fosse o papa atualmente, poderia conceder maiores graças é blasfêmia contra São Pedro e o Papa.
78
Dizemos contra isto que qualquer papa, mesmo São Pedro, tem maiores graças que essas, a saber, o Evangelho, as virtudes, as graças da administração (ou da cura), etc., como está escrito em I. Coríntios XII.
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É blasfêmia dizer que a cruz com as armas do papa, insigneamente erguida, quivale à cruz de Cristo.
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Terão que prestar contas os bispos, curas e teólogos que permitem que semelhantes sermões sejam difundidos entre o povo.
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Essa licenciosa pregação de indulgências faz com que não seja fácil nem para os homens doutos defender a dignidade do papa contra calúnias ou questões, sem dúvida argutas, dos leigos.
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Por exemplo: Por que o papa não esvazia o purgatório por causa do santíssimo amor e da extrema necessidade das almas – o que seria a mais justa de todas as causas –, se redime um número infinito de almas por causa do funestíssimo dinheiro para a construção da basílica – que é uma causa tão insignificante?
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Do mesmo modo: Por que se mantêm as exéquias e os aniversários dos falecidos e por que ele não restitui ou permite que se recebam de volta as doações efetuadas em favor deles, visto que já não é justo orar pelos redimidos?
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Do mesmo modo: Que nova piedade de Deus e do papa é essa que, por causa do dinheiro, permite ao ímpio e inimigo redimir uma alma piedosa e amiga de Deus, mas não a redime por causa da necessidade da mesma alma piedosa e dileta por amor gratuito?
85
Do mesmo modo: Por que os cânones penitenciais – de fato e por desuso já há muito revogados e mortos – ainda assim são redimidos com dinheiro, pela concessão de indulgências, como se ainda estivessem em pleno vigor?
86
Do mesmo modo: Por que o papa, cuja fortuna hoje é maior do que a dos ricos mais crassos, não constrói com seu próprio dinheiro ao menos esta uma basílica de São Pedro, ao invés de fazê-lo com o dinheiro dos pobres fiéis?
87
Do mesmo modo: O que é que o papa perdoa e concede àqueles que, pela contrição perfeita, têm direito à plena remissão e participação?
88
Do mesmo modo: Que benefício maior se poderia proporcionar à Igreja do que se o papa, assim como agora o faz uma vez, da mesma forma concedesse essas remissões e participações cem vezes ao dia a qualquer dos fiéis?
89
Já que, com as indulgências, o papa procura mais a salvação das almas do que o dinheiro, por que suspende as cartas e indulgências, outrora já concedidas, se elas são igualmente eficazes?
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Reprimir esses argumentos muito perspicazes dos leigos somente pela força, sem refutá-los apresentando razões, significa expor a Igreja e o papa à zombaria dos inimigos e fazer os cristãos infelizes.
91
Se, portanto, as indulgências fossem pregadas em conformidade com o espírito e a opinião do papa, todas essas objeções poderiam ser facilmente respondidas e nem mesmo teriam surgido.
92
Portanto, fora com todos esses profetas que dizem ao povo de Cristo "Paz, paz!" sem que haja paz!
93
Que prosperem todos os profetas que dizem ao povo de Cristo "Cruz! Cruz!" sem que haja cruz!
94
Deve-se exortar os cristãos a que se esforcem por seguir a Cristo, seu cabeça, através das penas, da morte e do inferno.
95
E que confiem entrar no céu antes passando por muitas tribulações do que por meio da confiança da paz.

Adaptado a partir de um texto de Alexander Martins Vianna (postado na internet)




sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Quem Sou? - Dietrich Bonhoeffer

Quem sou?
Frequentemente me dizem que,
Saí do confinamento de minha cela.
Tranquilo, alegre e firme,
Como um senhor de sua mansão de campo.

Quem sou?
Frequentemente me dizem,
Que costumo falar com os guardiões da prisão confiada,
Livre e claramente, como se eu desse as ordens.

Quem sou?
Também me dizem,
Que superei os dias de infortúnio,
Orgulhosa e amavelmente, sorrindo,
Como quem está habituado a triunfar.
Sou, na verdade, tudo o que os demais dizem de mim?
Ou sou somente o que eu sei de mim mesmo?
Inquieto, ansioso e enfermo como uma ave enjaulada,
Pugnado por respirar, como se me afogasse,
Sedento de cores, flores, canto de pássaros,
Faminto de palavras bondosas, de amabilidade,
Com a expectativa de grandes feitos,
Temendo, impotente, pela sorte de amigos distantes,
Cansado e vazio de orar, de pensar, de fazer,
Exausto e disposto a dizer adeus a tudo.
Quem sou? Este ou aquele?
Um agora e outro depois?
Ou ambos de uma vez?
Hipócrita perante os demais e, 
Diante de mim mesmo, um débil acabado?
Ou há, dentro de mim, algo como um exército derrotado,
Que foge desordenadamente da vitória já alcançada?
Quem sou?
Escarnecem de mim essas solitárias perguntas minhas,
Seja o que for,
Tu o sabes, ó Deus: sou Teu!


segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

sábado, 19 de janeiro de 2013

sábado, 12 de janeiro de 2013

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

O que nós, Cristãos, Precisamos saber sobre o Judaísmo - Ariovaldo Nuvolari (Aluno da FATESA- Casa do Saber)


O texto abaixo foi extraído de um livro de 463 páginas, porém de fácil leitura, publicado, em 2003, pela Editora e Livraria Sefer. O autor do livro é o rabino Benjamim Blech. Em português levou o título: O mais completo guia sobre Judaísmo, a partir da tradução feita por Uri Lam. O título original em inglês é: “The complete idiot’s guide to understanding judaism” ou “O guia para o mais completo idiota entender o judaísmo”.
Ao final de cada capítulo o autor resume diversas crenças e/ou tradições do judaísmo, sob o título: O mínimo que você precisa saber. Estamos apenas reproduzindo tais resumos. O que se percebe é que a doutrina cristã tem vários pontos de pensamento comuns com o judaísmo, mas também pontos extremamente conflitantes. Resolvemos grifar alguns trechos para reflexão, mas não estamos fazendo comentários a respeito, apenas deixando para os mais experimentados conhecedores da doutrina cristã eventualmente fazê-lo.

Capítulo 1. O mundo segundo Deus

·    O judaísmo começa com Abrahão, que reconheceu um Deus como o criador do Universo;
·  A teoria do BIG-BANG, aceita pela  maioria dos cientistas da atualidade, está em   consonância com o ensinamento judaico de que o universo passou a existir do nada e de uma hora para outra;
·   O Judaísmo insiste que Deus, o Criador, é somente Um – uma crença no monoteísmo que rejeita; os muitos deuses das religiões pagãs, os dois deuses do dualismo (o Deus bom e o Deus mau) e os três componentes da trindade cristã;
·   O  Judaísmo acredita que Deus, o Criador, é também um Deus Misericordioso – um Deus que mantém uma relação pessoal com todas as criaturas;
·   O Judaísmo acredita que Deus é bom por definição; segundo o monoteísmo ético, o Criador Todo-Poderoso opta por se guiar voluntariamente somente pelos princípios da verdade, da bondade e da justiça;
·  Os dois nomes hebraicos para Deus, traduzidos para a língua portuguesa, como Eterno e Deus se referem a duas qualidades combinadas harmonicamente: o atributo mais feminino da bondade e o mais masculino, da justiça estrita;
·  Uma prova absoluta da existência de Deus não é possível nem desejável, porque isso poderia eliminar a crença; o judaísmo aceita a certeza da existência de Deus como a mais lógica entre as alternativas possíveis.

Capítulo 2. O homem e a mulher

·  No princípio, Deus criou um único homem, de modo que toda a humanidade pudesse compartilhar de um ancestral comum e reconhecesse o valor singular de cada indivíduo;
·   O ser humano foi criado por Deus a partir de uma mistura de fontes Divinas e terrenas, de modo que o homem e a mulher devem honrar e ter um cuidado especial tanto com o corpo quanto com a alma;
·   O homem  “à imagem de Deus” diz respeito à sua singularidade como portador de alma e mente;
·  O homem e a mulher são diferentes entre si e exige-se de ambos, com suas naturezas complementares, uma expressão integral de humanidade;
·   A humanidade tem o livre-arbítrio garantido e, por esta razão, as pessoas são responsáveis por suas ações;
· Os seres humanos vêm a este mundo com uma alma pura, livre de culpas ou responsabilidades pelo pecado original;
·  Deus deixou o mundo incompleto e imperfeito para que nós possamos ter a oportunidade de completar o ato Divino da Criação.

Capítulo 3. Amigos

·  A lei judaica, tal como resumida nas duas tábuas que contém os Dez Mandamentos, preocupa-se com nossas obrigações tanto com Deus quanto com nossos semelhantes, homens e mulheres;
·   O  judaísmo dá um lugar de destaque e considera mais importante a ajuda às pessoas do que o louvor a Deus, pois Ele nunca está necessitado, mas as pessoas sim;
·  A destruição do Segundo Templo foi muito mais grave do que a do Primeiro Templo, porque o pecado que a causou foi, mais do que a idolatria, o ódio entre as pessoas;
·   Ajudar as pessoas monetariamente é tsedacá, um ato necessário e de justiça, que é mais do que caridade, um simples ato voluntário de bondade;
·   Ainda mais elevado do que o tsedacá é o conceito de guemilát chéssed, atos beneficentes que vão além das doações materiais;
·   Mais do que o povo escolhido, os judeus são o povo que escolheu, cuja singularidade foi a boa vontade de ser o primeiro a aceitar as leis de Deus;
·    A visão messiânica coloca sobre os judeus a responsabilidade e a missão de aperfeiçoar o mundo e servir como uma luz entre as nações;

Capítulo 4. A lei e a ordem

·   De acordo com o judaísmo, os seres humanos enfrentam um “exame final” após a morte, o que exige a prestação de contas em quatro grandes áreas;
·   O judaísmo difere do cristianismo ao enfatizar um Deus da lei acima de um Deus do amor, bem como a ação acima da crença;
·  O  judaísmo difere do humanismo secular por acreditar que Deus seja necessário como   fonte máxima do comportamento ético e moral;
·   Os judeus aceitam os chukim, leis que não fazem sentido, não como irracionais, mas como leis supra-racionais, as quais se exige que sejam aceitas mais por crença do que por compreensão;
·  Deus nos dá ordens em favor Dele, mas para nosso próprio benefício, através de um conjunto de mandamentos cujo objetivo maior é a moderação e o “meio-termo de ouro” ??

Capítulo 5. Este é um mundo maravilhoso

·   Pelo fato de Deus ter olhado e visto que “o mundo é bom”, o homem tem a obrigação de reverenciar a vida e aproveitá-la;
·  O judaísmo considera o celibato, a pobreza e o isolamento como pecados que afastam as pessoas do mundo e do seu pleno aproveitamento;
·   O judaísmo é uma religião da vida, não da morte; a preservação da vida tem precedência sobre todas as outras leis judaicas;
·    O suicídio é um pecado grave, considerado como um assassinato;
·   Embora a vida após a morte ofereça uma enorme alegria, ela interrompe a oportunidade do indivíduo crescer e realizar mais boas ações.

Capítulo 6. O maior best seller de todos os tempos

·   O Pentateuco, Chumásh, cinco livros de Moisés ou Torá, a Lei de Moisés; é o livro mais sagrado da religião judaica e a fonte de todos os seus principais ensinamentos;
·   A bíblia judaica consiste da Tora, o nome geralmente mais utilizado para os cinco primeiros livros (de Gênesis a Deuteronômio), adicionada das obras proféticas posteriores, de Josué às Crônicas;
·  Os heróis bíblicos e suas vivências servem tanto como ilustrações de princípios éticos importantes quanto como mensagens relevantes até os dias de hoje;
·  As leis encontradas na Bíblia são as fontes dos princípios democráticos e dos conceitos universalmente reconhecidos da bondade e compaixão;
·  Os relatos dos atos de Deus no princípio e no fim da Bíblia circunscrevem a grande mensagem dos valores bíblicos e judaicos.

Capítulo 7. Mais sobre a bíblia

·   A bíblia judaica completa, encerrada no século I EC (EC = era comum) consiste dos cinco livros de Moisés (Torá), dos Profetas (Neviím) e dos Escritos (Chetuvím). Juntos, são denominados Tanach;
·   As palavras de Deus e as mensagens dos profetas ainda têm grande relevância para os dias atuais, especialmente as palavras de Natan, Isaías, Jeremias, Elias e Ezequiel;
·  O livro dos Salmos faz parte tanto da liturgia judaica quanto de boa parte de outras liturgias do mundo;
·   O Cântico dos Cânticos, com sua sensualidade e sugestões eróticas, faz parte da Bíblia como uma poderosa metáfora para o relacionamento entre Deus e o povo judeu;
·   O livro de Jó é a resposta bíblica para a difícil questão: porque as pessoas boas sofrem;
·   A sabedoria de Salomão está manifesta em seus vários Provérbios, que servem como um guia bíblico para as questões da vida cotidiana;

Capítulo 8. As leis e as lendas

·   A Mishná, editada pelo Rabi Iehudá Hanassí, é a Lei Oral judaica, escrita por medo de que o exílio pudesse fazer com que seus ensinamentos fossem esquecidos;
·  As seis principais seções (ou Ordens) da Mishná que cobrem todos os aspectos da vida humana;
·   A Ética dos Pais, uma pequena porção da Mishná, é uma coleção particularmente bela de máximas rabínicas que nos guia para aquilo que o judaísmo considera uma vida boa e digna;
·     O Talmud acrescenta à Mishná a Guemará, composta de trezentos anos de discussões entre os Sábios. Essas discussões iluminam a lei judaica e aplicam seus princípios a situações ocorridas no contexto de suas respectivas épocas;
·    O Misdrásh, uma coleção de lendas, ao mesmo tempo em que educa e diverte, 
     complementa a legislação talmúdica com a teologia rabínica.

Capítulo 9. As  vozes  posteriores  do  judaísmo

·   Os comentaristas bíblicos de cada geração percebem novas verdades nos textos antigos à medida que explicam os versículos a partir de suas próprias perspectivas e cumprem a missão de fundir o intelecto humano ao texto transmitido por Deus;
·  Os estudantes de Cabalá, inspirados no Zobar, acrescentam uma dimensão mística à nossa compreensão de Deus e do mundo;
·    As leis judaicas transformam conceitos éticos em aplicações práticas diárias e são o foco de inúmeras obras que buscam ensinar judeus “como fazer a coisa certa”;
·  As  Responsa adaptam a lei judaica à vida moderna à media que aplicam antigos princípios a situações contemporâneas.

Capítulo 10. O  calendário  judaico

·   Enquanto o calendário padrão faz do nascimento de Jesus o seu ponto de partida, os judeus optam por uma contagem mais universal que se inicia com a criação de Adão e Eva;
·  Os seis  milênios do calendário judaico não incluem os possíveis bilhões de anos de existência da Terra que precedem a criação de seres humanos plenos, formados “à imagem de Deus”;
·   O calendário judaico não é solar, como o cristão, nem lunar, como o muçulmano, mas uma combinação lunar-solar;
·   Praticamente todos os doze meses do ano judaico têm dias especiais de comemoração que relacionam os principais eventos do passado a rituais que garantem a sua recordação;
·  O calendário judaico comemora o nascimento do povo judeu bem como o princípio da espécie humana através de seus dois Anos Novos;
·  O descanso semanal denominado Shabat é um santuário de tempo que permite que a alma se renove a cada semana.

Capítulo 11. Os  grandes  feriados  religiosos

·  O ano judaico começa com os “dez dias de arrependimento”, que se iniciam com Rash Hasband, o dia do Ano Novo, e terminam com o Iom Kipur, o Dia do Perdão;
·  O arrependimento é o foco desses dias, pois são o momento em que Deus julga a espécie humana: Ele “escreve” o decreto em Rash Hasband e o “sela” em Iom Kipur;
·   O toque do Shofár, um chifre de carneiro, serve como uma chamada ao arrependimento e convida os judeus a se lembrar e refletir sobre as diversas idéias associadas a esses dias;
·    O mel simboliza um ano doce, e o Tashlích, o ritual de se jogar migalhas de pão em águas correntes, é uma maneira de “nos afastarmos” do pecado e das transgressões;
·    Arrepender-se de verdade não é apenas admitir os erros do passado, mas comprometer-se a melhorar o comportamento no futuro; com respeito aos pecados contra outras pessoas, isso implica pedir perdão pessoalmente;
·   O Iom Kipur, o Dia do Perdão, enfatiza o aspecto espiritual do ser humano, que, jejua em vez de comer e aproveita “a última chance” para se reconciliar com Deus e com seus semelhantes;
·  Vestir o kítel, a mortalha branca, a última vestimenta, “nos faz” conscientes do quanto devemos aproveitar cada momento da nossa vida neste mundo.

Capítulo 12. É histórico: as  três  Festas  da  Peregrinação

·  Três feriados religiosos: Pêssach, Shavuót e Sucót, abrangem o grupo de feriados históricos conhecidos como Festas de Peregrinação;
·  Pêsach, com seus diversos nomes, proclama Deus como o libertador dos judeus da escravidão e enfatiza, acima de tudo, o ideal de liberdade;
·  O sêder é uma refeição especial de Pêssach cujos símbolos transmitem as mensagens desse feriado religioso – ao “nos fazerem relembrar” o Êxodo e vislumbrar a redenção final;
·    Shavuót comemora a idéia central do judaísmo: a aceitação da Torá;
·  Em Sucót, quando muitos judeus deixam seus lares para morarem em cabanas, é uma recordação do tempo em que os judeus vagaram pelo deserto e foram sustentados milagrosamente por Deus;
·  As quatro espécies de plantas-símbolo de Sucót são recordações simbólicas dos quatro tipos de judeus e da necessidade de se atingir a unidade incluindo a todos;
·  Simchát Torá é o dia em que um ciclo anual de leitura da Torá se completa e um novo ciclo recomeça imediatamente.

Capítulo 13. Comer  e  jejuar

·   Purim, o feriado religioso cujo nome deriva de um sorteio, ensina aos judeus que milagres acontecem. Mesmo que Deus esteja invisível, ele “puxa as cordinhas” por trás dos acontecimentos para fazer com que ocorram “coincidências” segundo a Sua vontade;
·   Purim, cujo tema é a intervenção Divina, é o nome dado a outros momentos de libertação judaica, ao longo da história;
·   Chanucá, que significa consagração, marca a vitória do judaísmo sobre o helenismo e do ideal da beleza da sacralidade sobre a visão grega de sacralidade da beleza;
·  O milagre da Chanucá, do óleo que durou oito dias, ao invés de um, é um símbolo da sobrevivência milagrosa dos judeus e da sua recusa, a exemplo do óleo, em se assimilar;
·  As tragédias devem ser tão lembradas quanto as alegrias. Os vários dias de jejum no calendário lembram os judeus das razões pelas quais deve-se chorar;
·  O judaísmo enfatiza, através do Ano Novo das Árvores, a ecologia e a reverência pela  Natureza;
·   Após dois mil anos, o século 20 trouxe novos feriados que marcam tanto uma tragédia enorme, o Holocausto, quanto uma das maiores bênçãos da história judaica; o retorno à Terra Prometida;

Capítulo 14. Mazal  Tov :  nasceu

·   O judaísmo exige que as pessoas imitem a Deus, o Criador, gerando frutos e multiplicando-se;
·  Uma família tradicional judaica deve consistir, no mínimo, de um filho e uma filha.  Entretanto, quanto maior o número de filhos, maior a mitsvá;
·  O nome dado a uma criança judia tem significado profético e identifica seu caráter, seu potencial e sua alma;
·   A circuncisão, Brit Milá, é um rito religioso realizado no oitavo dia após o nascimento, através do qual os homens judeus, recebem, para toda a vida, “um sinal da aliança” sobre sua carne;
·   Os homens judeus primogênitos devem ser “redimidos” do papel que lhes foi originalmente designado – o de sacerdotes – através de uma doação de cinco moedas de prata para um Cohen;
·   Todo homem alcança automaticamente o Bar Mitsvá quando atinge a idade de 13 anos. A partir daí passa a ter a responsabilidade cumprir a lei judaica, pois entende-se que esteja maduro o suficiente para compreender o seu significado;
· As mulheres amadurecem antes do que os homens. Por isso a sua idade da responsabilidade,o Bat Mitsvá, é aos 12 anos.

Capítulo 15. O casamento

·    Para os judeus, casar-se é mais do que uma escolha pessoal; é um mandamento religioso;
·   A tradição judaica acredita que Deus é o “casamenteiro” de todos os casamentos, e que a noiva e o noivo estão predestinados um ao outro desde antes do seu nascimento;
·   A cerimônia de casamento – suas leis, rituais e costumes – é repleta de simbolismos que enfatizam a sacralidade do momento, a proximidade com Deus e a seriedade da ocasião;
·    A quebra do copo ao final da cerimônia une o futuro do casal à história judaica;
·  O judaísmo oferece muitos conselhos sábios aos noivos para que haja shalom bait – o ideal de paz no lar, necessário para um casamento duradouro;
· O divórcio, embora seja extremamente doloroso e que provoca lágrimas Divinas, é preferível à perpetuação de um lar em clima de ódio;

Capítulo 16. A morte não é orgulhosa

·     Ao invés de temida, a morte iminente deve ser vista como uma oportunidade de “colocar a casa em ordem”;
·     A morte é a separação entre a alma e o corpo: o corpo retorna ao pó e a alma à sua fonte, o que garante a imortalidade;
·     O judaísmo exige respeito com o corpo, que serviu como receptáculo para a alma. Pede-se aos que ficam que cumpram uma série de leis que demonstrem tanto a tristeza pela perda sofrida quanto a consciência de que a existência da alma é permanente;
·    A shivá, o período de luto de sete dias, bem como o Cadish, a oração dos enlutados (que não menciona a morte), são duas das maneiras mais importantes através das quais o judaísmo se esforça para confortar os enlutados e perpetuar a memória dos falecidos;
·   Visitar o túmulo é uma mitsvá. Descobrir a lápide com uma inscrição a respeito do falecido é um costume recomendável;
·   A reencarnação, embora não seja uma crença judaica universal, é aceita por muitas pessoas, especialmente aquelas que seguem as tradições místicas da Cabalá;

Capítulo 17. Bem-vindo à minha humilde morada

·   A maioria dos lares judeus tem uma caixinha no umbral da porta chamada mezuzá, que serve como um lembrete de Deus no lugar de encontro entre os mundos público e privado;
·   A  mezuzá, na verdade, é o pergaminho dentro da caixinha, como uma mini-Torá, onde   está escrita talvez a mais importante das orações judaicas;
·   Todos os lares devem ser inaugurados, assim como o templo foi consagrado na primeira Chanucá, em uma cerimônia especial denominada Chanucát Habáit;
·  Todo lar judaico mantém um canto da casa sem acabamento, em memória do exílio e da tragédia da destruição do templo;
·   Durante as orações, os judeus que vivem no ocidente voltam-se para o leste, em direção a Jerusalém; eles costumavam pendurar, em uma parede do lado leste da casa, um quadro indicativo mizrách;
·  Os judeus são conhecidos como “O Povo do Livro” e praticamente todos os lares jdaicos demonstram a veneração pelos livros por parte de seus ocupantes – tanto pela quantidade quanto pelo lugar nobre que lhes é destinado.

Capítulo 18. A cozinha

· Comida casher não é um alimento abençoado por um rabino ou um alimento extremamente higiênico; trata-se de um prato que é preparado para consumo, de acordo com a lei judaica;
·   A razão para a existência das leis de Cashrut não é médica, mas espiritual. Mais do que saudável, comer casher deve fazer de você uma pessoa mais espiritualizada;
·  Os porcos não são os únicos alimentos não-casher; há uma longa lista de animais, aves, frutos do mar e insetos que são considerados proibidos ou trêif;
·   As leis de Cashrut também se preocupam com o sofrimento dos animais, e a única carne permitida é aquela de animais abatidos através da shechitá, um ritual que leva à morte instantânea e indolor;
·   Ingerir sangue é proibido. Por isso, a carne deve ser salgada e os ovos com o menor traço de sangue, descartados;
·   Carne e leite não devem ser consumidos juntos. Essa lei é um exemplo típico de chóc, um estatuto para o qual não é dada uma explicação racional;
·  O vegetarianismo remonta a Adão e Eva, e permanece sendo uma opção viável para os judeus;
·    Aquilo que é prejudicial à saúde não é casher. Para os judeus, as pessoas não têm o direito de comer comidas que lhe sejam danosas.

Capítulo 19. A sala de jantar

·   As bênçãos recitadas antes de comer servem para despertar nosso encantamento diante do milagre que é o pão nosso de cada dia;
·   O shabat, o dia do descanso semanal, bem como os demais feriados religiosos do ano, tem suas comidas típicas que servem para enfatizar a mensagem espiritual da data através da culinária;
·  Os judeus agradecem após as refeições, pois uma prece não deve ser dita somente por aqueles que estão famintos e passando por necessidades, mas também por aqueles que são recipientes das bênçãos de Deus.

Capítulo 20. O quarto do casal

·   No judaísmo, o sexo não é uma concessão ou uma atividade impura, mas uma mitsvá, um mandamento Divino;
·   O instinto sexual foi criado por Deus para que possamos nos regozijar com o ato de criar, e é considerado como uma necessidade garantida legalmente tanto para homens quanto para mulheres;
·  O judaísmo preocupa-se tanto com a qualidade do sexo quanto com a sua freqüência. Recomenda vários momentos para o ato sexual por semana e encoraja as relações sexuais especialmente no Shabat;
·   A Bíblia se refere ao ato sexual pelo verbo conhecer, para enfatizar que, além de ser um encontro físico, deve ser um encontro de mentes e almas;
·   A lei judaica oferece orientação para a felicidade sexual e satisfação de ambos os cônjuges, pois o sexo é o principal componente de um casamento feliz;
·   O judaísmo proíbe o sexo durante um certo período de cada mês, provavelmente porque “a abstinência torna o coração mais afetuoso”;
·   O micvê, o banho ritual utilizado pela esposa antes de retornar a atividade sexual e por convertidos antes de se tornarem judeus, está associado mais à pureza espiritual do que à higiene.

Capítulo 21. O  quarto  dos  filhos

·     Ser um bom pai judeu (e uma boa mãe judia) exige preparar, educar e inspirar um filho;
·  O judaísmo oferece um conjunto de orientações para a criação dos filhos, incluindo a necessidade de instituir a disciplina e a maneira de aplica-la, e fala dos danos da raiva excessiva, do favoritismo e de dar coisas materiais em demasia;
·   A relação entre pais e filhos deve ser recíproca e impõe obrigações de ambos os lados;
·   Honrar os pais, um dos Dez Mandamentos, dá mais ênfase à ação do que ao sentimento, e à reverência e respeito mais do que ao amor;
·   Pelo ato de honrar os pais, a Bíblia promete como recompensa uma vida longa.

Capítulo 22. Vamos  dar  uma  volta

·  A sinagoga tem três nomes, correspondentes às suas três funções: casa de rezas, casa de estudos e casa de reunião;
·  A Casa judaica de Deus reúne socialmente as pessoas, é uma biblioteca, um local para o estudo comunitário e o lugar ideal para se rezar junto a outras pessoas;
·   A Arca Sagrada que contém a Tora, o lugar mais importante da sinagoga, nos faz recordar a a Arca original no Templo, que continha os Dez Mandamentos;
·   A arquitetura da sinagoga tem poucas exigências além da posição da Arca (que, nos países ocidentais, está voltada para o leste): precisa ter janelas, uma luz eterna, uma bimá, e – nas sinagogas ortodoxas – uma divisória separando os homens das mulheres;
·  Muitas pessoas trabalham em uma sinagoga, cujos líderes são o rabino e um grupo de congregantes laicos.

Capítulo 23. Vamos  rezar

·  Ao invés de buscar modificar a vontade de Deus, a intenção da oração é modificar a nós mesmos ao nos aproximarmos Dele;
·   Os três tipos de oração – de louvor, de pedido e de agradecimento – servem a propósitos diferentes, mas têm em comum o fato de nos sensibilizar para a importância de Deus em nossas vidas;
·  As orações não substituem a ação e a iniciativa humanas, mas podem complementar os esforços, pois, segundo um antigo ditado, é verdade que “Deus ajuda a quem se ajuda”;
·   Os judeus rezam três vezes ao dia, refletindo três estados e motivações diferentes para seu diálogo com Deus;
·   Embora a oração espontânea possa parecer preferível, é necessário fixar horários para os serviços religiosos a fim de assegurarmos que obteremos experiência suficiente para nos capacitarmos a rezar de maneira adequada quando realmente precisamos;
·   O livro de orações têm bênçãos para todas as ocasiões importantes da vida, e as passagens do Sidur representam algumas das mais belas expressões da nossa criatividade espiritual;
·   A chave para rezar é “o serviço do coração”, e o valor da oração está sem dúvida baseado na sinceridade e no fervor.

Capítulo 24. A  moda  na  sinagoga

·  Tsitsit são franjas colocadas nos quatro cantos (ou quatro pontas) das roupas para os judeus se lembrarem de Deus e de seus mandamentos;
·  Hoje em dia, os dois substitutos religiosos para o tsitsit são o talit, o xale de orações vestido na sinagoga, e o talit catan, vestido pelos judeus tradicionais como parte integrante do seu traje diário;
·   O tefilim da mão é colocado no braço mais fraco e as tiras são enroladas em torno do dedo anular para demonstrar um casamento simbólico com Deus;
·  A cobertura para a cabeça, embora não seja uma lei bíblica, é considerada um costume importante pelos judeus ortodoxos, pois simboliza a aceitação de um “poder superior” acima de suas cabeças.

Capítulo 25. Que tipo de judaísmo?

·  O judaísmo ortodoxo, que até o século 18 era a única forma de judaísmo, mantém todos os ensinamentos e tradições do passado como imutáveis e invariáveis, em qualquer época;
·   O judaísmo ortodoxo abriga em suas asas uma gama de diversos pontos de vista – desde a aceitação da cultura moderna à absoluta rejeição do mundo secular;
·   O judaísmo reformista, ao acreditar na autonomia religiosa do indivíduo, tem passado por diversos estágios desde a sua criação; hoje em dia, embora ainda rejeite a origem Divina do Torá, aceita muito mais as práticas rituais e apóia o Estado de Israel;
·  As diferenças de posição quanto à conversão e à descendência patrilinear, entre os ortodoxos e conservadores de um lado, e os reformistas de outro, são as questões que mais ameaçam a unidade judaica no futuro;
·  O judaísmo conservador encontrou seu nicho como uma abordagem judaica de centro, rejeitando ambos os extremos;
·  O judaísmo reconstrucionista prefere ver o judaísmo mais como uma civilização do que como uma religião, e o seu maior impacto foi através da sua influência em transformar as sinagogas em centros comunitários;
·   O judaísmo chassídico revolucionou o judaísmo no século 18 ao dar maior ênfase ao coração do que à mente, e à oração do que o estudo, como formas de servir a Deus;
·  O movimento chassídico, embora tenha sido visto no começo como uma ameaça aqueles que defendiam a primazia do estudo da Torá, hoje em dia tornou-se um parceiro poderoso da ortodoxia tradicional e tem a seu favor um grande sucesso em fazer chegar o judaísmo a muitos que se encontravam afastados da religião;
·  O judaísmo secular, embora rejeite a base religiosa, manifesta de forma explícita a compaixão, os valores e a consciência judaica.

Capítulo 26. O  que  é  mais  importante?

·  O movimento do Mussár identifica a essência do judaísmo com a santidade humana, valorizando características como humildade, verdade, honestidade, compaixão, dignidade e fala apropriada;
·   Os judeus, assim como Abrahão, cujo nome implica a missão de espalhar a palavra de Deus aos outros povos, devem servir como exemplos para o mundo e santificar o nome de Deus através de sua ações;
·   O movimento de Baal Teshuvá que vem ocorrendo atualmente é um fenômeno histórico sem paralelos, e aqueles que se engajam em aproximar as pessoas de Deus estão cumprindo um grande princípio do judaísmo;
·   O sionismo enfatiza a importância da Terra de Israel para o judaísmo;
·  “Todas as mitvót têm o mesmo valor”, dizem os antigos rabinos, e selecionar uma entre outras cria um sistema de moralidade baseado apenas em preferências pessoais;
·   O Talmud escolheu um versículo de Habacuc, “Os justos viverão segundo a sua crença”, como o resumo mais adequado dos princípios encontrados em toda a Lei Judaica.

Capítulo 27. Alguma  dúvida  pessoal?
                                               
·   O judaísmo encoraja as perguntas – e seus ensinamentos éticos e religiosos são aplicáveis a diversas áreas contemporâneas, desde viagens espaciais a transplante de órgãos;
·  O judaísmo é a única entre as religiões a ensinar que “você não precisa ser judeu par alcançar o Paraíso”;
·   Os judeus não acreditam que sejam “o povo escolhido”; eles preferem ser chamados de “o povo que escolheu”, pronto a aceitar as leis de Deus antes de outros povos;
·    O segredo judaico para a felicidade é preencher a vida com um propósito;
·   Ao invés de dizer adeus, os judeus se despedem com a palavra shalom, que significa, além de paz, completo e íntegro – uma bênção pela harmonia e integridade espiritual. 

Capítulo 28. Os  tempos  estão  mudando
   
·   Os judeus e o judaísmo – deixaram a condição de serem não mais do que tolerados para       serem respeitados, admirados e até mesmo imitados;
·   The Gift of the Jews (A dádiva dos Judeus), livro que foi best-seller nos Estados Unidos, fez com que os norte-americanos tomassem consciência do quanto devem a esse povo pequeno, mas extremamente influente;
·   Os Estados Unidosda América tornaram-se a vanguarda da liberdade religiosa e, hoje em      dia, até mesmo a eleição de um presidente judeu não parece algo impossível de acontecer;
·  Em resposta à guinada generalizada em direção à tradição, o judaísmo reformista sofreu mudanças teológicas importantes com a adoção, em 1999, de um novo conjunto de princípios em sua convenção de Pittsburg;
·   O judaísmo conservador está exigindo muito mais comprometimento religioso por parte de suas lideranças laicas, uma ênfase maior ao estudo da Torá por parte de todos os seus membros congregacionais e publicou uma tradução absolutamente nova da Torá, acrescida de comentários, denominda Ets Chaim (Árvore da Vida);
· O judaísmo ortodoxo vê a sua força não no número de seus seguidores, mas no comprometimento total com a Torá e as tradições, e entende que o acerto do estilo de vida que prega está comprovado pelo sucesso do Movimento Baal Teshuvá e pela sobrevivência continuada do judaísmo.

Capítulo 29. Problemas,  problemas  e  mais  problemas

·   O terceiro mandamento não está só preocupado com o uso desnecessário do nome de Deus, mas com o pecado muito pior de se apropriar de Seu nome para racionalizar a prática do mal;
·   Os fanáticos alegam agir “em nome de Deus”, pois acreditam que somente o seu ponto de vista se traduz na versão correta da verdade;
·  Depois do “11 de setembro” a civilização ocidental sentiu-se muito mais ameaçada pelo fundamentalismo religioso, que justifica as explosões homicidas como uma maneira de destruir “todos os infiéis”;
·    O anti-semitismo, travestido de anti-sionismo, ainda é uma poderosa ameaça aos judeus;
·   O anti-semitismo tem muitas origens que dizem muito mais sobre as pessoas que odeiam do que sobre os judeus que são odiados;
·  A Igreja Católica, em um ato dramático de arrependimento, pediu perdão aos judeus por séculos de comportamento transgressor;
·   Ser amado muitas vezes pode ser mais perigoso à sobrevivência judaica do que ser odiado;
·  O anti-semitismo e a assimilação, cada um à sua maneira, representam as maiores ameaças ao judaísmo.

Capítulo 30. A  bola  de  cristal:  então,  como  será  o  futuro?

·  Em geral, os judeus que vivem sem judaísmo estão perdidos para seu povo em três gerações;
·   O segredo da sobrevivência judaica sempre esteve no estudo da Torá;
·  “Frutificai e Multiplicai” é um mandamento que deve ser seriamente considerado pelos judeus, caso contrário o povo judeu não sobreviverá;
·   A preocupação judaica com a reprodução, em oposição à adoção cristã do celibato para os seus melhores e mais brilhantes homens, pode ter alguma ligação com a notável porcentagem de vencedores judeus do Prêmio Nobel;
·  “O desaparecimento do judeu norte-americano” foi previsto há anos, da mesma maneira que o Cadish pelo povo judeu vem sendo recitado por vários judeus ao longo dos séculos;
· Eruditos pessimistas acreditam que os judeus “cumpriram a sua missão” e estão sentenciados à extinção em curto prazo;
·   Apesar de tudo, os judeus sobrevivem, cumprindo a previsão que Deus revelou a Moisés em seu primeiro encontro, quando Ele mostrou-lhe a sarça milagrosa que “ardia no fogo e não se consumia”.

 O texto abaixo foi extraído de um livro de 463 páginas, porém de fácil leitura, publicado, em 2003, pela Editora e Livraria Sefer. O autor do livro é o rabino Benjamim Blech. Em português levou o título: O mais completo guia sobre Judaísmo, a partir da tradução feita por Uri Lam. O título original em inglês é: “The complete idiot’s guide to understanding judaism” ou “O guia para o mais completo idiota entender o judaísmo”.
Ao final de cada capítulo o autor resume diversas crenças e/ou tradições do judaísmo, sob o título: O mínimo que você precisa saber. Estamos apenas reproduzindo tais resumos. O que se percebe é que a doutrina cristã tem vários pontos de pensamento comuns com o judaísmo, mas também pontos extremamente conflitantes. Resolvemos grifar alguns trechos para reflexão, mas não estamos fazendo comentários a respeito, apenas deixando para os mais experimentados conhecedores da doutrina cristã eventualmente fazê-lo.

Capítulo 1. O mundo segundo Deus

·    O judaísmo começa com Abrahão, que reconheceu um Deus como o criador do Universo;
·  A teoria do BIG-BANG, aceita pela  maioria dos cientistas da atualidade, está em   consonância com o ensinamento judaico de que o universo passou a existir do nada e de uma hora para outra;
·   O Judaísmo insiste que Deus, o Criador, é somente Um – uma crença no monoteísmo que rejeita; os muitos deuses das religiões pagãs, os dois deuses do dualismo (o Deus bom e o Deus mau) e os três componentes da trindade cristã;
·   O  Judaísmo acredita que Deus, o Criador, é também um Deus Misericordioso – um Deus que mantém uma relação pessoal com todas as criaturas;
·   O Judaísmo acredita que Deus é bom por definição; segundo o monoteísmo ético, o Criador Todo-Poderoso opta por se guiar voluntariamente somente pelos princípios da verdade, da bondade e da justiça;
·  Os dois nomes hebraicos para Deus, traduzidos para a língua portuguesa, como Eterno e Deus se referem a duas qualidades combinadas harmonicamente: o atributo mais feminino da bondade e o mais masculino, da justiça estrita;
·  Uma prova absoluta da existência de Deus não é possível nem desejável, porque isso poderia eliminar a crença; o judaísmo aceita a certeza da existência de Deus como a mais lógica entre as alternativas possíveis.

Capítulo 2. O homem e a mulher

·  No princípio, Deus criou um único homem, de modo que toda a humanidade pudesse compartilhar de um ancestral comum e reconhecesse o valor singular de cada indivíduo;
·   O ser humano foi criado por Deus a partir de uma mistura de fontes Divinas e terrenas, de modo que o homem e a mulher devem honrar e ter um cuidado especial tanto com o corpo quanto com a alma;
·   O homem  “à imagem de Deus” diz respeito à sua singularidade como portador de alma e mente;
·  O homem e a mulher são diferentes entre si e exige-se de ambos, com suas naturezas complementares, uma expressão integral de humanidade;
·   A humanidade tem o livre-arbítrio garantido e, por esta razão, as pessoas são responsáveis por suas ações;
· Os seres humanos vêm a este mundo com uma alma pura, livre de culpas ou responsabilidades pelo pecado original;
·  Deus deixou o mundo incompleto e imperfeito para que nós possamos ter a oportunidade de completar o ato Divino da Criação.

Capítulo 3. Amigos

·  A lei judaica, tal como resumida nas duas tábuas que contém os Dez Mandamentos, preocupa-se com nossas obrigações tanto com Deus quanto com nossos semelhantes, homens e mulheres;
·   O  judaísmo dá um lugar de destaque e considera mais importante a ajuda às pessoas do que o louvor a Deus, pois Ele nunca está necessitado, mas as pessoas sim;
·  A destruição do Segundo Templo foi muito mais grave do que a do Primeiro Templo, porque o pecado que a causou foi, mais do que a idolatria, o ódio entre as pessoas;
·   Ajudar as pessoas monetariamente é tsedacá, um ato necessário e de justiça, que é mais do que caridade, um simples ato voluntário de bondade;
·   Ainda mais elevado do que o tsedacá é o conceito de guemilát chéssed, atos beneficentes que vão além das doações materiais;
·   Mais do que o povo escolhido, os judeus são o povo que escolheu, cuja singularidade foi a boa vontade de ser o primeiro a aceitar as leis de Deus;
·    A visão messiânica coloca sobre os judeus a responsabilidade e a missão de aperfeiçoar o mundo e servir como uma luz entre as nações;

Capítulo 4. A lei e a ordem

·   De acordo com o judaísmo, os seres humanos enfrentam um “exame final” após a morte, o que exige a prestação de contas em quatro grandes áreas;
·   O judaísmo difere do cristianismo ao enfatizar um Deus da lei acima de um Deus do amor, bem como a ação acima da crença;
·  O  judaísmo difere do humanismo secular por acreditar que Deus seja necessário como   fonte máxima do comportamento ético e moral;
·   Os judeus aceitam os chukim, leis que não fazem sentido, não como irracionais, mas como leis supra-racionais, as quais se exige que sejam aceitas mais por crença do que por compreensão;
·  Deus nos dá ordens em favor Dele, mas para nosso próprio benefício, através de um conjunto de mandamentos cujo objetivo maior é a moderação e o “meio-termo de ouro” ??

Capítulo 5. Este é um mundo maravilhoso

·   Pelo fato de Deus ter olhado e visto que “o mundo é bom”, o homem tem a obrigação de reverenciar a vida e aproveitá-la;
·  O judaísmo considera o celibato, a pobreza e o isolamento como pecados que afastam as pessoas do mundo e do seu pleno aproveitamento;
·   O judaísmo é uma religião da vida, não da morte; a preservação da vida tem precedência sobre todas as outras leis judaicas;
·    O suicídio é um pecado grave, considerado como um assassinato;
·   Embora a vida após a morte ofereça uma enorme alegria, ela interrompe a oportunidade do indivíduo crescer e realizar mais boas ações.

Capítulo 6. O maior best seller de todos os tempos

·   O Pentateuco, Chumásh, cinco livros de Moisés ou Torá, a Lei de Moisés; é o livro mais sagrado da religião judaica e a fonte de todos os seus principais ensinamentos;
·   A bíblia judaica consiste da Tora, o nome geralmente mais utilizado para os cinco primeiros livros (de Gênesis a Deuteronômio), adicionada das obras proféticas posteriores, de Josué às Crônicas;
·  Os heróis bíblicos e suas vivências servem tanto como ilustrações de princípios éticos importantes quanto como mensagens relevantes até os dias de hoje;
·  As leis encontradas na Bíblia são as fontes dos princípios democráticos e dos conceitos universalmente reconhecidos da bondade e compaixão;
·  Os relatos dos atos de Deus no princípio e no fim da Bíblia circunscrevem a grande mensagem dos valores bíblicos e judaicos.

Capítulo 7. Mais sobre a bíblia

·   A bíblia judaica completa, encerrada no século I EC (EC = era comum) consiste dos cinco livros de Moisés (Torá), dos Profetas (Neviím) e dos Escritos (Chetuvím). Juntos, são denominados Tanach;
·   As palavras de Deus e as mensagens dos profetas ainda têm grande relevância para os dias atuais, especialmente as palavras de Natan, Isaías, Jeremias, Elias e Ezequiel;
·  O livro dos Salmos faz parte tanto da liturgia judaica quanto de boa parte de outras liturgias do mundo;
·   O Cântico dos Cânticos, com sua sensualidade e sugestões eróticas, faz parte da Bíblia como uma poderosa metáfora para o relacionamento entre Deus e o povo judeu;
·   O livro de Jó é a resposta bíblica para a difícil questão: porque as pessoas boas sofrem;
·   A sabedoria de Salomão está manifesta em seus vários Provérbios, que servem como um guia bíblico para as questões da vida cotidiana;

Capítulo 8. As leis e as lendas

·   A Mishná, editada pelo Rabi Iehudá Hanassí, é a Lei Oral judaica, escrita por medo de que o exílio pudesse fazer com que seus ensinamentos fossem esquecidos;
·  As seis principais seções (ou Ordens) da Mishná que cobrem todos os aspectos da vida humana;
·   A Ética dos Pais, uma pequena porção da Mishná, é uma coleção particularmente bela de máximas rabínicas que nos guia para aquilo que o judaísmo considera uma vida boa e digna;
·     O Talmud acrescenta à Mishná a Guemará, composta de trezentos anos de discussões entre os Sábios. Essas discussões iluminam a lei judaica e aplicam seus princípios a situações ocorridas no contexto de suas respectivas épocas;
·    O Misdrásh, uma coleção de lendas, ao mesmo tempo em que educa e diverte, 
     complementa a legislação talmúdica com a teologia rabínica.

Capítulo 9. As  vozes  posteriores  do  judaísmo

·   Os comentaristas bíblicos de cada geração percebem novas verdades nos textos antigos à medida que explicam os versículos a partir de suas próprias perspectivas e cumprem a missão de fundir o intelecto humano ao texto transmitido por Deus;
·  Os estudantes de Cabalá, inspirados no Zobar, acrescentam uma dimensão mística à nossa compreensão de Deus e do mundo;
·    As leis judaicas transformam conceitos éticos em aplicações práticas diárias e são o foco de inúmeras obras que buscam ensinar judeus “como fazer a coisa certa”;
·  As  Responsa adaptam a lei judaica à vida moderna à media que aplicam antigos princípios a situações contemporâneas.

Capítulo 10. O  calendário  judaico

·   Enquanto o calendário padrão faz do nascimento de Jesus o seu ponto de partida, os judeus optam por uma contagem mais universal que se inicia com a criação de Adão e Eva;
·  Os seis  milênios do calendário judaico não incluem os possíveis bilhões de anos de existência da Terra que precedem a criação de seres humanos plenos, formados “à imagem de Deus”;
·   O calendário judaico não é solar, como o cristão, nem lunar, como o muçulmano, mas uma combinação lunar-solar;
·   Praticamente todos os doze meses do ano judaico têm dias especiais de comemoração que relacionam os principais eventos do passado a rituais que garantem a sua recordação;
·  O calendário judaico comemora o nascimento do povo judeu bem como o princípio da espécie humana através de seus dois Anos Novos;
·  O descanso semanal denominado Shabat é um santuário de tempo que permite que a alma se renove a cada semana.

Capítulo 11. Os  grandes  feriados  religiosos

·  O ano judaico começa com os “dez dias de arrependimento”, que se iniciam com Rash Hasband, o dia do Ano Novo, e terminam com o Iom Kipur, o Dia do Perdão;
·  O arrependimento é o foco desses dias, pois são o momento em que Deus julga a espécie humana: Ele “escreve” o decreto em Rash Hasband e o “sela” em Iom Kipur;
·   O toque do Shofár, um chifre de carneiro, serve como uma chamada ao arrependimento e convida os judeus a se lembrar e refletir sobre as diversas idéias associadas a esses dias;
·    O mel simboliza um ano doce, e o Tashlích, o ritual de se jogar migalhas de pão em águas correntes, é uma maneira de “nos afastarmos” do pecado e das transgressões;
·    Arrepender-se de verdade não é apenas admitir os erros do passado, mas comprometer-se a melhorar o comportamento no futuro; com respeito aos pecados contra outras pessoas, isso implica pedir perdão pessoalmente;
·   O Iom Kipur, o Dia do Perdão, enfatiza o aspecto espiritual do ser humano, que, jejua em vez de comer e aproveita “a última chance” para se reconciliar com Deus e com seus semelhantes;
·  Vestir o kítel, a mortalha branca, a última vestimenta, “nos faz” conscientes do quanto devemos aproveitar cada momento da nossa vida neste mundo.

Capítulo 12. É histórico: as  três  Festas  da  Peregrinação

·  Três feriados religiosos: Pêssach, Shavuót e Sucót, abrangem o grupo de feriados históricos conhecidos como Festas de Peregrinação;
·  Pêsach, com seus diversos nomes, proclama Deus como o libertador dos judeus da escravidão e enfatiza, acima de tudo, o ideal de liberdade;
·  O sêder é uma refeição especial de Pêssach cujos símbolos transmitem as mensagens desse feriado religioso – ao “nos fazerem relembrar” o Êxodo e vislumbrar a redenção final;
·    Shavuót comemora a idéia central do judaísmo: a aceitação da Torá;
·  Em Sucót, quando muitos judeus deixam seus lares para morarem em cabanas, é uma recordação do tempo em que os judeus vagaram pelo deserto e foram sustentados milagrosamente por Deus;
·  As quatro espécies de plantas-símbolo de Sucót são recordações simbólicas dos quatro tipos de judeus e da necessidade de se atingir a unidade incluindo a todos;
·  Simchát Torá é o dia em que um ciclo anual de leitura da Torá se completa e um novo ciclo recomeça imediatamente.

Capítulo 13. Comer  e  jejuar

·   Purim, o feriado religioso cujo nome deriva de um sorteio, ensina aos judeus que milagres acontecem. Mesmo que Deus esteja invisível, ele “puxa as cordinhas” por trás dos acontecimentos para fazer com que ocorram “coincidências” segundo a Sua vontade;
·   Purim, cujo tema é a intervenção Divina, é o nome dado a outros momentos de libertação judaica, ao longo da história;
·   Chanucá, que significa consagração, marca a vitória do judaísmo sobre o helenismo e do ideal da beleza da sacralidade sobre a visão grega de sacralidade da beleza;
·  O milagre da Chanucá, do óleo que durou oito dias, ao invés de um, é um símbolo da sobrevivência milagrosa dos judeus e da sua recusa, a exemplo do óleo, em se assimilar;
·  As tragédias devem ser tão lembradas quanto as alegrias. Os vários dias de jejum no calendário lembram os judeus das razões pelas quais deve-se chorar;
·  O judaísmo enfatiza, através do Ano Novo das Árvores, a ecologia e a reverência pela  Natureza;
·   Após dois mil anos, o século 20 trouxe novos feriados que marcam tanto uma tragédia enorme, o Holocausto, quanto uma das maiores bênçãos da história judaica; o retorno à Terra Prometida;

Capítulo 14. Mazal  Tov :  nasceu

·   O judaísmo exige que as pessoas imitem a Deus, o Criador, gerando frutos e multiplicando-se;
·  Uma família tradicional judaica deve consistir, no mínimo, de um filho e uma filha.  Entretanto, quanto maior o número de filhos, maior a mitsvá;
·  O nome dado a uma criança judia tem significado profético e identifica seu caráter, seu potencial e sua alma;
·   A circuncisão, Brit Milá, é um rito religioso realizado no oitavo dia após o nascimento, através do qual os homens judeus, recebem, para toda a vida, “um sinal da aliança” sobre sua carne;
·   Os homens judeus primogênitos devem ser “redimidos” do papel que lhes foi originalmente designado – o de sacerdotes – através de uma doação de cinco moedas de prata para um Cohen;
·   Todo homem alcança automaticamente o Bar Mitsvá quando atinge a idade de 13 anos. A partir daí passa a ter a responsabilidade cumprir a lei judaica, pois entende-se que esteja maduro o suficiente para compreender o seu significado;
· As mulheres amadurecem antes do que os homens. Por isso a sua idade da responsabilidade,o Bat Mitsvá, é aos 12 anos.

Capítulo 15. O casamento

·    Para os judeus, casar-se é mais do que uma escolha pessoal; é um mandamento religioso;
·   A tradição judaica acredita que Deus é o “casamenteiro” de todos os casamentos, e que a noiva e o noivo estão predestinados um ao outro desde antes do seu nascimento;
·   A cerimônia de casamento – suas leis, rituais e costumes – é repleta de simbolismos que enfatizam a sacralidade do momento, a proximidade com Deus e a seriedade da ocasião;
·    A quebra do copo ao final da cerimônia une o futuro do casal à história judaica;
·  O judaísmo oferece muitos conselhos sábios aos noivos para que haja shalom bait – o ideal de paz no lar, necessário para um casamento duradouro;
· O divórcio, embora seja extremamente doloroso e que provoca lágrimas Divinas, é preferível à perpetuação de um lar em clima de ódio;

Capítulo 16. A morte não é orgulhosa

·     Ao invés de temida, a morte iminente deve ser vista como uma oportunidade de “colocar a casa em ordem”;
·     A morte é a separação entre a alma e o corpo: o corpo retorna ao pó e a alma à sua fonte, o que garante a imortalidade;
·     O judaísmo exige respeito com o corpo, que serviu como receptáculo para a alma. Pede-se aos que ficam que cumpram uma série de leis que demonstrem tanto a tristeza pela perda sofrida quanto a consciência de que a existência da alma é permanente;
·    A shivá, o período de luto de sete dias, bem como o Cadish, a oração dos enlutados (que não menciona a morte), são duas das maneiras mais importantes através das quais o judaísmo se esforça para confortar os enlutados e perpetuar a memória dos falecidos;
·   Visitar o túmulo é uma mitsvá. Descobrir a lápide com uma inscrição a respeito do falecido é um costume recomendável;
·   A reencarnação, embora não seja uma crença judaica universal, é aceita por muitas pessoas, especialmente aquelas que seguem as tradições místicas da Cabalá;

Capítulo 17. Bem-vindo à minha humilde morada

·   A maioria dos lares judeus tem uma caixinha no umbral da porta chamada mezuzá, que serve como um lembrete de Deus no lugar de encontro entre os mundos público e privado;
·   A  mezuzá, na verdade, é o pergaminho dentro da caixinha, como uma mini-Torá, onde   está escrita talvez a mais importante das orações judaicas;
·   Todos os lares devem ser inaugurados, assim como o templo foi consagrado na primeira Chanucá, em uma cerimônia especial denominada Chanucát Habáit;
·  Todo lar judaico mantém um canto da casa sem acabamento, em memória do exílio e da tragédia da destruição do templo;
·   Durante as orações, os judeus que vivem no ocidente voltam-se para o leste, em direção a Jerusalém; eles costumavam pendurar, em uma parede do lado leste da casa, um quadro indicativo mizrách;
·  Os judeus são conhecidos como “O Povo do Livro” e praticamente todos os lares jdaicos demonstram a veneração pelos livros por parte de seus ocupantes – tanto pela quantidade quanto pelo lugar nobre que lhes é destinado.

Capítulo 18. A cozinha

· Comida casher não é um alimento abençoado por um rabino ou um alimento extremamente higiênico; trata-se de um prato que é preparado para consumo, de acordo com a lei judaica;
·   A razão para a existência das leis de Cashrut não é médica, mas espiritual. Mais do que saudável, comer casher deve fazer de você uma pessoa mais espiritualizada;
·  Os porcos não são os únicos alimentos não-casher; há uma longa lista de animais, aves, frutos do mar e insetos que são considerados proibidos ou trêif;
·   As leis de Cashrut também se preocupam com o sofrimento dos animais, e a única carne permitida é aquela de animais abatidos através da shechitá, um ritual que leva à morte instantânea e indolor;
·   Ingerir sangue é proibido. Por isso, a carne deve ser salgada e os ovos com o menor traço de sangue, descartados;
·   Carne e leite não devem ser consumidos juntos. Essa lei é um exemplo típico de chóc, um estatuto para o qual não é dada uma explicação racional;
·  O vegetarianismo remonta a Adão e Eva, e permanece sendo uma opção viável para os judeus;
·    Aquilo que é prejudicial à saúde não é casher. Para os judeus, as pessoas não têm o direito de comer comidas que lhe sejam danosas.

Capítulo 19. A sala de jantar

·   As bênçãos recitadas antes de comer servem para despertar nosso encantamento diante do milagre que é o pão nosso de cada dia;
·   O shabat, o dia do descanso semanal, bem como os demais feriados religiosos do ano, tem suas comidas típicas que servem para enfatizar a mensagem espiritual da data através da culinária;
·  Os judeus agradecem após as refeições, pois uma prece não deve ser dita somente por aqueles que estão famintos e passando por necessidades, mas também por aqueles que são recipientes das bênçãos de Deus.

Capítulo 20. O quarto do casal

·   No judaísmo, o sexo não é uma concessão ou uma atividade impura, mas uma mitsvá, um mandamento Divino;
·   O instinto sexual foi criado por Deus para que possamos nos regozijar com o ato de criar, e é considerado como uma necessidade garantida legalmente tanto para homens quanto para mulheres;
·  O judaísmo preocupa-se tanto com a qualidade do sexo quanto com a sua freqüência. Recomenda vários momentos para o ato sexual por semana e encoraja as relações sexuais especialmente no Shabat;
·   A Bíblia se refere ao ato sexual pelo verbo conhecer, para enfatizar que, além de ser um encontro físico, deve ser um encontro de mentes e almas;
·   A lei judaica oferece orientação para a felicidade sexual e satisfação de ambos os cônjuges, pois o sexo é o principal componente de um casamento feliz;
·   O judaísmo proíbe o sexo durante um certo período de cada mês, provavelmente porque “a abstinência torna o coração mais afetuoso”;
·   O micvê, o banho ritual utilizado pela esposa antes de retornar a atividade sexual e por convertidos antes de se tornarem judeus, está associado mais à pureza espiritual do que à higiene.

Capítulo 21. O  quarto  dos  filhos

·     Ser um bom pai judeu (e uma boa mãe judia) exige preparar, educar e inspirar um filho;
·  O judaísmo oferece um conjunto de orientações para a criação dos filhos, incluindo a necessidade de instituir a disciplina e a maneira de aplica-la, e fala dos danos da raiva excessiva, do favoritismo e de dar coisas materiais em demasia;
·   A relação entre pais e filhos deve ser recíproca e impõe obrigações de ambos os lados;
·   Honrar os pais, um dos Dez Mandamentos, dá mais ênfase à ação do que ao sentimento, e à reverência e respeito mais do que ao amor;
·   Pelo ato de honrar os pais, a Bíblia promete como recompensa uma vida longa.

Capítulo 22. Vamos  dar  uma  volta

·  A sinagoga tem três nomes, correspondentes às suas três funções: casa de rezas, casa de estudos e casa de reunião;
·  A Casa judaica de Deus reúne socialmente as pessoas, é uma biblioteca, um local para o estudo comunitário e o lugar ideal para se rezar junto a outras pessoas;
·   A Arca Sagrada que contém a Tora, o lugar mais importante da sinagoga, nos faz recordar a a Arca original no Templo, que continha os Dez Mandamentos;
·   A arquitetura da sinagoga tem poucas exigências além da posição da Arca (que, nos países ocidentais, está voltada para o leste): precisa ter janelas, uma luz eterna, uma bimá, e – nas sinagogas ortodoxas – uma divisória separando os homens das mulheres;
·  Muitas pessoas trabalham em uma sinagoga, cujos líderes são o rabino e um grupo de congregantes laicos.

Capítulo 23. Vamos  rezar

·  Ao invés de buscar modificar a vontade de Deus, a intenção da oração é modificar a nós mesmos ao nos aproximarmos Dele;
·   Os três tipos de oração – de louvor, de pedido e de agradecimento – servem a propósitos diferentes, mas têm em comum o fato de nos sensibilizar para a importância de Deus em nossas vidas;
·  As orações não substituem a ação e a iniciativa humanas, mas podem complementar os esforços, pois, segundo um antigo ditado, é verdade que “Deus ajuda a quem se ajuda”;
·   Os judeus rezam três vezes ao dia, refletindo três estados e motivações diferentes para seu diálogo com Deus;
·   Embora a oração espontânea possa parecer preferível, é necessário fixar horários para os serviços religiosos a fim de assegurarmos que obteremos experiência suficiente para nos capacitarmos a rezar de maneira adequada quando realmente precisamos;
·   O livro de orações têm bênçãos para todas as ocasiões importantes da vida, e as passagens do Sidur representam algumas das mais belas expressões da nossa criatividade espiritual;
·   A chave para rezar é “o serviço do coração”, e o valor da oração está sem dúvida baseado na sinceridade e no fervor.

Capítulo 24. A  moda  na  sinagoga

·  Tsitsit são franjas colocadas nos quatro cantos (ou quatro pontas) das roupas para os judeus se lembrarem de Deus e de seus mandamentos;
·  Hoje em dia, os dois substitutos religiosos para o tsitsit são o talit, o xale de orações vestido na sinagoga, e o talit catan, vestido pelos judeus tradicionais como parte integrante do seu traje diário;
·   O tefilim da mão é colocado no braço mais fraco e as tiras são enroladas em torno do dedo anular para demonstrar um casamento simbólico com Deus;
·  A cobertura para a cabeça, embora não seja uma lei bíblica, é considerada um costume importante pelos judeus ortodoxos, pois simboliza a aceitação de um “poder superior” acima de suas cabeças.

Capítulo 25. Que tipo de judaísmo?

·  O judaísmo ortodoxo, que até o século 18 era a única forma de judaísmo, mantém todos os ensinamentos e tradições do passado como imutáveis e invariáveis, em qualquer época;
·   O judaísmo ortodoxo abriga em suas asas uma gama de diversos pontos de vista – desde a aceitação da cultura moderna à absoluta rejeição do mundo secular;
·   O judaísmo reformista, ao acreditar na autonomia religiosa do indivíduo, tem passado por diversos estágios desde a sua criação; hoje em dia, embora ainda rejeite a origem Divina do Torá, aceita muito mais as práticas rituais e apóia o Estado de Israel;
·  As diferenças de posição quanto à conversão e à descendência patrilinear, entre os ortodoxos e conservadores de um lado, e os reformistas de outro, são as questões que mais ameaçam a unidade judaica no futuro;
·  O judaísmo conservador encontrou seu nicho como uma abordagem judaica de centro, rejeitando ambos os extremos;
·  O judaísmo reconstrucionista prefere ver o judaísmo mais como uma civilização do que como uma religião, e o seu maior impacto foi através da sua influência em transformar as sinagogas em centros comunitários;
·   O judaísmo chassídico revolucionou o judaísmo no século 18 ao dar maior ênfase ao coração do que à mente, e à oração do que o estudo, como formas de servir a Deus;
·  O movimento chassídico, embora tenha sido visto no começo como uma ameaça aqueles que defendiam a primazia do estudo da Torá, hoje em dia tornou-se um parceiro poderoso da ortodoxia tradicional e tem a seu favor um grande sucesso em fazer chegar o judaísmo a muitos que se encontravam afastados da religião;
·  O judaísmo secular, embora rejeite a base religiosa, manifesta de forma explícita a compaixão, os valores e a consciência judaica.

Capítulo 26. O  que  é  mais  importante?

·  O movimento do Mussár identifica a essência do judaísmo com a santidade humana, valorizando características como humildade, verdade, honestidade, compaixão, dignidade e fala apropriada;
·   Os judeus, assim como Abrahão, cujo nome implica a missão de espalhar a palavra de Deus aos outros povos, devem servir como exemplos para o mundo e santificar o nome de Deus através de sua ações;
·   O movimento de Baal Teshuvá que vem ocorrendo atualmente é um fenômeno histórico sem paralelos, e aqueles que se engajam em aproximar as pessoas de Deus estão cumprindo um grande princípio do judaísmo;
·   O sionismo enfatiza a importância da Terra de Israel para o judaísmo;
·  “Todas as mitvót têm o mesmo valor”, dizem os antigos rabinos, e selecionar uma entre outras cria um sistema de moralidade baseado apenas em preferências pessoais;
·   O Talmud escolheu um versículo de Habacuc, “Os justos viverão segundo a sua crença”, como o resumo mais adequado dos princípios encontrados em toda a Lei Judaica.

Capítulo 27. Alguma  dúvida  pessoal?
                                               
·   O judaísmo encoraja as perguntas – e seus ensinamentos éticos e religiosos são aplicáveis a diversas áreas contemporâneas, desde viagens espaciais a transplante de órgãos;
·  O judaísmo é a única entre as religiões a ensinar que “você não precisa ser judeu par alcançar o Paraíso”;
·   Os judeus não acreditam que sejam “o povo escolhido”; eles preferem ser chamados de “o povo que escolheu”, pronto a aceitar as leis de Deus antes de outros povos;
·    O segredo judaico para a felicidade é preencher a vida com um propósito;
·   Ao invés de dizer adeus, os judeus se despedem com a palavra shalom, que significa, além de paz, completo e íntegro – uma bênção pela harmonia e integridade espiritual. 

Capítulo 28. Os  tempos  estão  mudando
   
·   Os judeus e o judaísmo – deixaram a condição de serem não mais do que tolerados para       serem respeitados, admirados e até mesmo imitados;
·   The Gift of the Jews (A dádiva dos Judeus), livro que foi best-seller nos Estados Unidos, fez com que os norte-americanos tomassem consciência do quanto devem a esse povo pequeno, mas extremamente influente;
·   Os Estados Unidosda América tornaram-se a vanguarda da liberdade religiosa e, hoje em      dia, até mesmo a eleição de um presidente judeu não parece algo impossível de acontecer;
·  Em resposta à guinada generalizada em direção à tradição, o judaísmo reformista sofreu mudanças teológicas importantes com a adoção, em 1999, de um novo conjunto de princípios em sua convenção de Pittsburg;
·   O judaísmo conservador está exigindo muito mais comprometimento religioso por parte de suas lideranças laicas, uma ênfase maior ao estudo da Torá por parte de todos os seus membros congregacionais e publicou uma tradução absolutamente nova da Torá, acrescida de comentários, denominda Ets Chaim (Árvore da Vida);
· O judaísmo ortodoxo vê a sua força não no número de seus seguidores, mas no comprometimento total com a Torá e as tradições, e entende que o acerto do estilo de vida que prega está comprovado pelo sucesso do Movimento Baal Teshuvá e pela sobrevivência continuada do judaísmo.

Capítulo 29. Problemas,  problemas  e  mais  problemas

·   O terceiro mandamento não está só preocupado com o uso desnecessário do nome de Deus, mas com o pecado muito pior de se apropriar de Seu nome para racionalizar a prática do mal;
·   Os fanáticos alegam agir “em nome de Deus”, pois acreditam que somente o seu ponto de vista se traduz na versão correta da verdade;
·  Depois do “11 de setembro” a civilização ocidental sentiu-se muito mais ameaçada pelo fundamentalismo religioso, que justifica as explosões homicidas como uma maneira de destruir “todos os infiéis”;
·    O anti-semitismo, travestido de anti-sionismo, ainda é uma poderosa ameaça aos judeus;
·   O anti-semitismo tem muitas origens que dizem muito mais sobre as pessoas que odeiam do que sobre os judeus que são odiados;
·  A Igreja Católica, em um ato dramático de arrependimento, pediu perdão aos judeus por séculos de comportamento transgressor;
·   Ser amado muitas vezes pode ser mais perigoso à sobrevivência judaica do que ser odiado;
·  O anti-semitismo e a assimilação, cada um à sua maneira, representam as maiores ameaças ao judaísmo.

Capítulo 30. A  bola  de  cristal:  então,  como  será  o  futuro?

·  Em geral, os judeus que vivem sem judaísmo estão perdidos para seu povo em três gerações;
·   O segredo da sobrevivência judaica sempre esteve no estudo da Torá;
·  “Frutificai e Multiplicai” é um mandamento que deve ser seriamente considerado pelos judeus, caso contrário o povo judeu não sobreviverá;
·   A preocupação judaica com a reprodução, em oposição à adoção cristã do celibato para os seus melhores e mais brilhantes homens, pode ter alguma ligação com a notável porcentagem de vencedores judeus do Prêmio Nobel;
·  “O desaparecimento do judeu norte-americano” foi previsto há anos, da mesma maneira que o Cadish pelo povo judeu vem sendo recitado por vários judeus ao longo dos séculos;
· Eruditos pessimistas acreditam que os judeus “cumpriram a sua missão” e estão sentenciados à extinção em curto prazo;
·   Apesar de tudo, os judeus sobrevivem, cumprindo a previsão que Deus revelou a Moisés em seu primeiro encontro, quando Ele mostrou-lhe a sarça milagrosa que “ardia no fogo e nO texto abaixo foi extraído de um livro de 463 páginas, porém de fácil leitura, publicado, em 2003, pela Editora e Livraria Sefer. O autor do livro é o rabino Benjamim Blech. Em português levou o título: O mais completo guia sobre Judaísmo, a partir da tradução feita por Uri Lam. O título original em inglês é: “The complete idiot’s guide to understanding judaism” ou “O guia para o mais completo idiota entender o judaísmo”.
Ao final de cada capítulo o autor resume diversas crenças e/ou tradições do judaísmo, sob o título: O mínimo que você precisa saber. Estamos apenas reproduzindo tais resumos. O que se percebe é que a doutrina cristã tem vários pontos de pensamento comuns com o judaísmo, mas também pontos extremamente conflitantes. Resolvemos grifar alguns trechos para reflexão, mas não estamos fazendo comentários a respeito, apenas deixando para os mais experimentados conhecedores da doutrina cristã eventualmente fazê-lo.

Capítulo 1. O mundo segundo Deus

·    O judaísmo começa com Abrahão, que reconheceu um Deus como o criador do Universo;
·  A teoria do BIG-BANG, aceita pela  maioria dos cientistas da atualidade, está em   consonância com o ensinamento judaico de que o universo passou a existir do nada e de uma hora para outra;
·   O Judaísmo insiste que Deus, o Criador, é somente Um – uma crença no monoteísmo que rejeita; os muitos deuses das religiões pagãs, os dois deuses do dualismo (o Deus bom e o Deus mau) e os três componentes da trindade cristã;
·   O  Judaísmo acredita que Deus, o Criador, é também um Deus Misericordioso – um Deus que mantém uma relação pessoal com todas as criaturas;
·   O Judaísmo acredita que Deus é bom por definição; segundo o monoteísmo ético, o Criador Todo-Poderoso opta por se guiar voluntariamente somente pelos princípios da verdade, da bondade e da justiça;
·  Os dois nomes hebraicos para Deus, traduzidos para a língua portuguesa, como Eterno e Deus se referem a duas qualidades combinadas harmonicamente: o atributo mais feminino da bondade e o mais masculino, da justiça estrita;
·  Uma prova absoluta da existência de Deus não é possível nem desejável, porque isso poderia eliminar a crença; o judaísmo aceita a certeza da existência de Deus como a mais lógica entre as alternativas possíveis.

Capítulo 2. O homem e a mulher

·  No princípio, Deus criou um único homem, de modo que toda a humanidade pudesse compartilhar de um ancestral comum e reconhecesse o valor singular de cada indivíduo;
·   O ser humano foi criado por Deus a partir de uma mistura de fontes Divinas e terrenas, de modo que o homem e a mulher devem honrar e ter um cuidado especial tanto com o corpo quanto com a alma;
·   O homem  “à imagem de Deus” diz respeito à sua singularidade como portador de alma e mente;
·  O homem e a mulher são diferentes entre si e exige-se de ambos, com suas naturezas complementares, uma expressão integral de humanidade;
·   A humanidade tem o livre-arbítrio garantido e, por esta razão, as pessoas são responsáveis por suas ações;
· Os seres humanos vêm a este mundo com uma alma pura, livre de culpas ou responsabilidades pelo pecado original;
·  Deus deixou o mundo incompleto e imperfeito para que nós possamos ter a oportunidade de completar o ato Divino da Criação.

Capítulo 3. Amigos

·  A lei judaica, tal como resumida nas duas tábuas que contém os Dez Mandamentos, preocupa-se com nossas obrigações tanto com Deus quanto com nossos semelhantes, homens e mulheres;
·   O  judaísmo dá um lugar de destaque e considera mais importante a ajuda às pessoas do que o louvor a Deus, pois Ele nunca está necessitado, mas as pessoas sim;
·  A destruição do Segundo Templo foi muito mais grave do que a do Primeiro Templo, porque o pecado que a causou foi, mais do que a idolatria, o ódio entre as pessoas;
·   Ajudar as pessoas monetariamente é tsedacá, um ato necessário e de justiça, que é mais do que caridade, um simples ato voluntário de bondade;
·   Ainda mais elevado do que o tsedacá é o conceito de guemilát chéssed, atos beneficentes que vão além das doações materiais;
·   Mais do que o povo escolhido, os judeus são o povo que escolheu, cuja singularidade foi a boa vontade de ser o primeiro a aceitar as leis de Deus;
·    A visão messiânica coloca sobre os judeus a responsabilidade e a missão de aperfeiçoar o mundo e servir como uma luz entre as nações;

Capítulo 4. A lei e a ordem

·   De acordo com o judaísmo, os seres humanos enfrentam um “exame final” após a morte, o que exige a prestação de contas em quatro grandes áreas;
·   O judaísmo difere do cristianismo ao enfatizar um Deus da lei acima de um Deus do amor, bem como a ação acima da crença;
·  O  judaísmo difere do humanismo secular por acreditar que Deus seja necessário como   fonte máxima do comportamento ético e moral;
·   Os judeus aceitam os chukim, leis que não fazem sentido, não como irracionais, mas como leis supra-racionais, as quais se exige que sejam aceitas mais por crença do que por compreensão;
·  Deus nos dá ordens em favor Dele, mas para nosso próprio benefício, através de um conjunto de mandamentos cujo objetivo maior é a moderação e o “meio-termo de ouro” ??

Capítulo 5. Este é um mundo maravilhoso

·   Pelo fato de Deus ter olhado e visto que “o mundo é bom”, o homem tem a obrigação de reverenciar a vida e aproveitá-la;
·  O judaísmo considera o celibato, a pobreza e o isolamento como pecados que afastam as pessoas do mundo e do seu pleno aproveitamento;
·   O judaísmo é uma religião da vida, não da morte; a preservação da vida tem precedência sobre todas as outras leis judaicas;
·    O suicídio é um pecado grave, considerado como um assassinato;
·   Embora a vida após a morte ofereça uma enorme alegria, ela interrompe a oportunidade do indivíduo crescer e realizar mais boas ações.

Capítulo 6. O maior best seller de todos os tempos

·   O Pentateuco, Chumásh, cinco livros de Moisés ou Torá, a Lei de Moisés; é o livro mais sagrado da religião judaica e a fonte de todos os seus principais ensinamentos;
·   A bíblia judaica consiste da Tora, o nome geralmente mais utilizado para os cinco primeiros livros (de Gênesis a Deuteronômio), adicionada das obras proféticas posteriores, de Josué às Crônicas;
·  Os heróis bíblicos e suas vivências servem tanto como ilustrações de princípios éticos importantes quanto como mensagens relevantes até os dias de hoje;
·  As leis encontradas na Bíblia são as fontes dos princípios democráticos e dos conceitos universalmente reconhecidos da bondade e compaixão;
·  Os relatos dos atos de Deus no princípio e no fim da Bíblia circunscrevem a grande mensagem dos valores bíblicos e judaicos.

Capítulo 7. Mais sobre a bíblia

·   A bíblia judaica completa, encerrada no século I EC (EC = era comum) consiste dos cinco livros de Moisés (Torá), dos Profetas (Neviím) e dos Escritos (Chetuvím). Juntos, são denominados Tanach;
·   As palavras de Deus e as mensagens dos profetas ainda têm grande relevância para os dias atuais, especialmente as palavras de Natan, Isaías, Jeremias, Elias e Ezequiel;
·  O livro dos Salmos faz parte tanto da liturgia judaica quanto de boa parte de outras liturgias do mundo;
·   O Cântico dos Cânticos, com sua sensualidade e sugestões eróticas, faz parte da Bíblia como uma poderosa metáfora para o relacionamento entre Deus e o povo judeu;
·   O livro de Jó é a resposta bíblica para a difícil questão: porque as pessoas boas sofrem;
·   A sabedoria de Salomão está manifesta em seus vários Provérbios, que servem como um guia bíblico para as questões da vida cotidiana;

Capítulo 8. As leis e as lendas

·   A Mishná, editada pelo Rabi Iehudá Hanassí, é a Lei Oral judaica, escrita por medo de que o exílio pudesse fazer com que seus ensinamentos fossem esquecidos;
·  As seis principais seções (ou Ordens) da Mishná que cobrem todos os aspectos da vida humana;
·   A Ética dos Pais, uma pequena porção da Mishná, é uma coleção particularmente bela de máximas rabínicas que nos guia para aquilo que o judaísmo considera uma vida boa e digna;
·     O Talmud acrescenta à Mishná a Guemará, composta de trezentos anos de discussões entre os Sábios. Essas discussões iluminam a lei judaica e aplicam seus princípios a situações ocorridas no contexto de suas respectivas épocas;
·    O Misdrásh, uma coleção de lendas, ao mesmo tempo em que educa e diverte, 
     complementa a legislação talmúdica com a teologia rabínica.

Capítulo 9. As  vozes  posteriores  do  judaísmo

·   Os comentaristas bíblicos de cada geração percebem novas verdades nos textos antigos à medida que explicam os versículos a partir de suas próprias perspectivas e cumprem a missão de fundir o intelecto humano ao texto transmitido por Deus;
·  Os estudantes de Cabalá, inspirados no Zobar, acrescentam uma dimensão mística à nossa compreensão de Deus e do mundo;
·    As leis judaicas transformam conceitos éticos em aplicações práticas diárias e são o foco de inúmeras obras que buscam ensinar judeus “como fazer a coisa certa”;
·  As  Responsa adaptam a lei judaica à vida moderna à media que aplicam antigos princípios a situações contemporâneas.

Capítulo 10. O  calendário  judaico

·   Enquanto o calendário padrão faz do nascimento de Jesus o seu ponto de partida, os judeus optam por uma contagem mais universal que se inicia com a criação de Adão e Eva;
·  Os seis  milênios do calendário judaico não incluem os possíveis bilhões de anos de existência da Terra que precedem a criação de seres humanos plenos, formados “à imagem de Deus”;
·   O calendário judaico não é solar, como o cristão, nem lunar, como o muçulmano, mas uma combinação lunar-solar;
·   Praticamente todos os doze meses do ano judaico têm dias especiais de comemoração que relacionam os principais eventos do passado a rituais que garantem a sua recordação;
·  O calendário judaico comemora o nascimento do povo judeu bem como o princípio da espécie humana através de seus dois Anos Novos;
·  O descanso semanal denominado Shabat é um santuário de tempo que permite que a alma se renove a cada semana.

Capítulo 11. Os  grandes  feriados  religiosos

·  O ano judaico começa com os “dez dias de arrependimento”, que se iniciam com Rash Hasband, o dia do Ano Novo, e terminam com o Iom Kipur, o Dia do Perdão;
·  O arrependimento é o foco desses dias, pois são o momento em que Deus julga a espécie humana: Ele “escreve” o decreto em Rash Hasband e o “sela” em Iom Kipur;
·   O toque do Shofár, um chifre de carneiro, serve como uma chamada ao arrependimento e convida os judeus a se lembrar e refletir sobre as diversas idéias associadas a esses dias;
·    O mel simboliza um ano doce, e o Tashlích, o ritual de se jogar migalhas de pão em águas correntes, é uma maneira de “nos afastarmos” do pecado e das transgressões;
·    Arrepender-se de verdade não é apenas admitir os erros do passado, mas comprometer-se a melhorar o comportamento no futuro; com respeito aos pecados contra outras pessoas, isso implica pedir perdão pessoalmente;
·   O Iom Kipur, o Dia do Perdão, enfatiza o aspecto espiritual do ser humano, que, jejua em vez de comer e aproveita “a última chance” para se reconciliar com Deus e com seus semelhantes;
·  Vestir o kítel, a mortalha branca, a última vestimenta, “nos faz” conscientes do quanto devemos aproveitar cada momento da nossa vida neste mundo.

Capítulo 12. É histórico: as  três  Festas  da  Peregrinação

·  Três feriados religiosos: Pêssach, Shavuót e Sucót, abrangem o grupo de feriados históricos conhecidos como Festas de Peregrinação;
·  Pêsach, com seus diversos nomes, proclama Deus como o libertador dos judeus da escravidão e enfatiza, acima de tudo, o ideal de liberdade;
·  O sêder é uma refeição especial de Pêssach cujos símbolos transmitem as mensagens desse feriado religioso – ao “nos fazerem relembrar” o Êxodo e vislumbrar a redenção final;
·    Shavuót comemora a idéia central do judaísmo: a aceitação da Torá;
·  Em Sucót, quando muitos judeus deixam seus lares para morarem em cabanas, é uma recordação do tempo em que os judeus vagaram pelo deserto e foram sustentados milagrosamente por Deus;
·  As quatro espécies de plantas-símbolo de Sucót são recordações simbólicas dos quatro tipos de judeus e da necessidade de se atingir a unidade incluindo a todos;
·  Simchát Torá é o dia em que um ciclo anual de leitura da Torá se completa e um novo ciclo recomeça imediatamente.

Capítulo 13. Comer  e  jejuar

·   Purim, o feriado religioso cujo nome deriva de um sorteio, ensina aos judeus que milagres acontecem. Mesmo que Deus esteja invisível, ele “puxa as cordinhas” por trás dos acontecimentos para fazer com que ocorram “coincidências” segundo a Sua vontade;
·   Purim, cujo tema é a intervenção Divina, é o nome dado a outros momentos de libertação judaica, ao longo da história;
·   Chanucá, que significa consagração, marca a vitória do judaísmo sobre o helenismo e do ideal da beleza da sacralidade sobre a visão grega de sacralidade da beleza;
·  O milagre da Chanucá, do óleo que durou oito dias, ao invés de um, é um símbolo da sobrevivência milagrosa dos judeus e da sua recusa, a exemplo do óleo, em se assimilar;
·  As tragédias devem ser tão lembradas quanto as alegrias. Os vários dias de jejum no calendário lembram os judeus das razões pelas quais deve-se chorar;
·  O judaísmo enfatiza, através do Ano Novo das Árvores, a ecologia e a reverência pela  Natureza;
·   Após dois mil anos, o século 20 trouxe novos feriados que marcam tanto uma tragédia enorme, o Holocausto, quanto uma das maiores bênçãos da história judaica; o retorno à Terra Prometida;

Capítulo 14. Mazal  Tov :  nasceu

·   O judaísmo exige que as pessoas imitem a Deus, o Criador, gerando frutos e multiplicando-se;
·  Uma família tradicional judaica deve consistir, no mínimo, de um filho e uma filha.  Entretanto, quanto maior o número de filhos, maior a mitsvá;
·  O nome dado a uma criança judia tem significado profético e identifica seu caráter, seu potencial e sua alma;
·   A circuncisão, Brit Milá, é um rito religioso realizado no oitavo dia após o nascimento, através do qual os homens judeus, recebem, para toda a vida, “um sinal da aliança” sobre sua carne;
·   Os homens judeus primogênitos devem ser “redimidos” do papel que lhes foi originalmente designado – o de sacerdotes – através de uma doação de cinco moedas de prata para um Cohen;
·   Todo homem alcança automaticamente o Bar Mitsvá quando atinge a idade de 13 anos. A partir daí passa a ter a responsabilidade cumprir a lei judaica, pois entende-se que esteja maduro o suficiente para compreender o seu significado;
· As mulheres amadurecem antes do que os homens. Por isso a sua idade da responsabilidade,o Bat Mitsvá, é aos 12 anos.

Capítulo 15. O casamento

·    Para os judeus, casar-se é mais do que uma escolha pessoal; é um mandamento religioso;
·   A tradição judaica acredita que Deus é o “casamenteiro” de todos os casamentos, e que a noiva e o noivo estão predestinados um ao outro desde antes do seu nascimento;
·   A cerimônia de casamento – suas leis, rituais e costumes – é repleta de simbolismos que enfatizam a sacralidade do momento, a proximidade com Deus e a seriedade da ocasião;
·    A quebra do copo ao final da cerimônia une o futuro do casal à história judaica;
·  O judaísmo oferece muitos conselhos sábios aos noivos para que haja shalom bait – o ideal de paz no lar, necessário para um casamento duradouro;
· O divórcio, embora seja extremamente doloroso e que provoca lágrimas Divinas, é preferível à perpetuação de um lar em clima de ódio;

Capítulo 16. A morte não é orgulhosa

·     Ao invés de temida, a morte iminente deve ser vista como uma oportunidade de “colocar a casa em ordem”;
·     A morte é a separação entre a alma e o corpo: o corpo retorna ao pó e a alma à sua fonte, o que garante a imortalidade;
·     O judaísmo exige respeito com o corpo, que serviu como receptáculo para a alma. Pede-se aos que ficam que cumpram uma série de leis que demonstrem tanto a tristeza pela perda sofrida quanto a consciência de que a existência da alma é permanente;
·    A shivá, o período de luto de sete dias, bem como o Cadish, a oração dos enlutados (que não menciona a morte), são duas das maneiras mais importantes através das quais o judaísmo se esforça para confortar os enlutados e perpetuar a memória dos falecidos;
·   Visitar o túmulo é uma mitsvá. Descobrir a lápide com uma inscrição a respeito do falecido é um costume recomendável;
·   A reencarnação, embora não seja uma crença judaica universal, é aceita por muitas pessoas, especialmente aquelas que seguem as tradições místicas da Cabalá;

Capítulo 17. Bem-vindo à minha humilde morada

·   A maioria dos lares judeus tem uma caixinha no umbral da porta chamada mezuzá, que serve como um lembrete de Deus no lugar de encontro entre os mundos público e privado;
·   A  mezuzá, na verdade, é o pergaminho dentro da caixinha, como uma mini-Torá, onde   está escrita talvez a mais importante das orações judaicas;
·   Todos os lares devem ser inaugurados, assim como o templo foi consagrado na primeira Chanucá, em uma cerimônia especial denominada Chanucát Habáit;
·  Todo lar judaico mantém um canto da casa sem acabamento, em memória do exílio e da tragédia da destruição do templo;
·   Durante as orações, os judeus que vivem no ocidente voltam-se para o leste, em direção a Jerusalém; eles costumavam pendurar, em uma parede do lado leste da casa, um quadro indicativo mizrách;
·  Os judeus são conhecidos como “O Povo do Livro” e praticamente todos os lares jdaicos demonstram a veneração pelos livros por parte de seus ocupantes – tanto pela quantidade quanto pelo lugar nobre que lhes é destinado.

Capítulo 18. A cozinha

· Comida casher não é um alimento abençoado por um rabino ou um alimento extremamente higiênico; trata-se de um prato que é preparado para consumo, de acordo com a lei judaica;
·   A razão para a existência das leis de Cashrut não é médica, mas espiritual. Mais do que saudável, comer casher deve fazer de você uma pessoa mais espiritualizada;
·  Os porcos não são os únicos alimentos não-casher; há uma longa lista de animais, aves, frutos do mar e insetos que são considerados proibidos ou trêif;
·   As leis de Cashrut também se preocupam com o sofrimento dos animais, e a única carne permitida é aquela de animais abatidos através da shechitá, um ritual que leva à morte instantânea e indolor;
·   Ingerir sangue é proibido. Por isso, a carne deve ser salgada e os ovos com o menor traço de sangue, descartados;
·   Carne e leite não devem ser consumidos juntos. Essa lei é um exemplo típico de chóc, um estatuto para o qual não é dada uma explicação racional;
·  O vegetarianismo remonta a Adão e Eva, e permanece sendo uma opção viável para os judeus;
·    Aquilo que é prejudicial à saúde não é casher. Para os judeus, as pessoas não têm o direito de comer comidas que lhe sejam danosas.

Capítulo 19. A sala de jantar

·   As bênçãos recitadas antes de comer servem para despertar nosso encantamento diante do milagre que é o pão nosso de cada dia;
·   O shabat, o dia do descanso semanal, bem como os demais feriados religiosos do ano, tem suas comidas típicas que servem para enfatizar a mensagem espiritual da data através da culinária;
·  Os judeus agradecem após as refeições, pois uma prece não deve ser dita somente por aqueles que estão famintos e passando por necessidades, mas também por aqueles que são recipientes das bênçãos de Deus.

Capítulo 20. O quarto do casal

·   No judaísmo, o sexo não é uma concessão ou uma atividade impura, mas uma mitsvá, um mandamento Divino;
·   O instinto sexual foi criado por Deus para que possamos nos regozijar com o ato de criar, e é considerado como uma necessidade garantida legalmente tanto para homens quanto para mulheres;
·  O judaísmo preocupa-se tanto com a qualidade do sexo quanto com a sua freqüência. Recomenda vários momentos para o ato sexual por semana e encoraja as relações sexuais especialmente no Shabat;
·   A Bíblia se refere ao ato sexual pelo verbo conhecer, para enfatizar que, além de ser um encontro físico, deve ser um encontro de mentes e almas;
·   A lei judaica oferece orientação para a felicidade sexual e satisfação de ambos os cônjuges, pois o sexo é o principal componente de um casamento feliz;
·   O judaísmo proíbe o sexo durante um certo período de cada mês, provavelmente porque “a abstinência torna o coração mais afetuoso”;
·   O micvê, o banho ritual utilizado pela esposa antes de retornar a atividade sexual e por convertidos antes de se tornarem judeus, está associado mais à pureza espiritual do que à higiene.

Capítulo 21. O  quarto  dos  filhos

·     Ser um bom pai judeu (e uma boa mãe judia) exige preparar, educar e inspirar um filho;
·  O judaísmo oferece um conjunto de orientações para a criação dos filhos, incluindo a necessidade de instituir a disciplina e a maneira de aplica-la, e fala dos danos da raiva excessiva, do favoritismo e de dar coisas materiais em demasia;
·   A relação entre pais e filhos deve ser recíproca e impõe obrigações de ambos os lados;
·   Honrar os pais, um dos Dez Mandamentos, dá mais ênfase à ação do que ao sentimento, e à reverência e respeito mais do que ao amor;
·   Pelo ato de honrar os pais, a Bíblia promete como recompensa uma vida longa.

Capítulo 22. Vamos  dar  uma  volta

·  A sinagoga tem três nomes, correspondentes às suas três funções: casa de rezas, casa de estudos e casa de reunião;
·  A Casa judaica de Deus reúne socialmente as pessoas, é uma biblioteca, um local para o estudo comunitário e o lugar ideal para se rezar junto a outras pessoas;
·   A Arca Sagrada que contém a Tora, o lugar mais importante da sinagoga, nos faz recordar a a Arca original no Templo, que continha os Dez Mandamentos;
·   A arquitetura da sinagoga tem poucas exigências além da posição da Arca (que, nos países ocidentais, está voltada para o leste): precisa ter janelas, uma luz eterna, uma bimá, e – nas sinagogas ortodoxas – uma divisória separando os homens das mulheres;
·  Muitas pessoas trabalham em uma sinagoga, cujos líderes são o rabino e um grupo de congregantes laicos.

Capítulo 23. Vamos  rezar

·  Ao invés de buscar modificar a vontade de Deus, a intenção da oração é modificar a nós mesmos ao nos aproximarmos Dele;
·   Os três tipos de oração – de louvor, de pedido e de agradecimento – servem a propósitos diferentes, mas têm em comum o fato de nos sensibilizar para a importância de Deus em nossas vidas;
·  As orações não substituem a ação e a iniciativa humanas, mas podem complementar os esforços, pois, segundo um antigo ditado, é verdade que “Deus ajuda a quem se ajuda”;
·   Os judeus rezam três vezes ao dia, refletindo três estados e motivações diferentes para seu diálogo com Deus;
·   Embora a oração espontânea possa parecer preferível, é necessário fixar horários para os serviços religiosos a fim de assegurarmos que obteremos experiência suficiente para nos capacitarmos a rezar de maneira adequada quando realmente precisamos;
·   O livro de orações têm bênçãos para todas as ocasiões importantes da vida, e as passagens do Sidur representam algumas das mais belas expressões da nossa criatividade espiritual;
·   A chave para rezar é “o serviço do coração”, e o valor da oração está sem dúvida baseado na sinceridade e no fervor.

Capítulo 24. A  moda  na  sinagoga

·  Tsitsit são franjas colocadas nos quatro cantos (ou quatro pontas) das roupas para os judeus se lembrarem de Deus e de seus mandamentos;
·  Hoje em dia, os dois substitutos religiosos para o tsitsit são o talit, o xale de orações vestido na sinagoga, e o talit catan, vestido pelos judeus tradicionais como parte integrante do seu traje diário;
·   O tefilim da mão é colocado no braço mais fraco e as tiras são enroladas em torno do dedo anular para demonstrar um casamento simbólico com Deus;
·  A cobertura para a cabeça, embora não seja uma lei bíblica, é considerada um costume importante pelos judeus ortodoxos, pois simboliza a aceitação de um “poder superior” acima de suas cabeças.

Capítulo 25. Que tipo de judaísmo ?

·  O judaísmo ortodoxo, que até o século 18 era a única forma de judaísmo, mantém todos os ensinamentos e tradições do passado como imutáveis e invariáveis, em qualquer época;
·   O judaísmo ortodoxo abriga em suas asas uma gama de diversos pontos de vista – desde a aceitação da cultura moderna à absoluta rejeição do mundo secular;
·   O judaísmo reformista, ao acreditar na autonomia religiosa do indivíduo, tem passado por diversos estágios desde a sua criação; hoje em dia, embora ainda rejeite a origem Divina do Torá, aceita muito mais as práticas rituais e apóia o Estado de Israel;
·  As diferenças de posição quanto à conversão e à descendência patrilinear, entre os ortodoxos e conservadores de um lado, e os reformistas de outro, são as questões que mais ameaçam a unidade judaica no futuro;
·  O judaísmo conservador encontrou seu nicho como uma abordagem judaica de centro, rejeitando ambos os extremos;
·  O judaísmo reconstrucionista prefere ver o judaísmo mais como uma civilização do que como uma religião, e o seu maior impacto foi através da sua influência em transformar as sinagogas em centros comunitários;
·   O judaísmo chassídico revolucionou o judaísmo no século 18 ao dar maior ênfase ao coração do que à mente, e à oração do que o estudo, como formas de servir a Deus;
·  O movimento chassídico, embora tenha sido visto no começo como uma ameaça aqueles que defendiam a primazia do estudo da Torá, hoje em dia tornou-se um parceiro poderoso da ortodoxia tradicional e tem a seu favor um grande sucesso em fazer chegar o judaísmo a muitos que se encontravam afastados da religião;
·  O judaísmo secular, embora rejeite a base religiosa, manifesta de forma explícita a compaixão, os valores e a consciência judaica.

Capítulo 26. O  que  é  mais  importante?

·  O movimento do Mussár identifica a essência do judaísmo com a santidade humana, valorizando características como humildade, verdade, honestidade, compaixão, dignidade e fala apropriada;
·   Os judeus, assim como Abrahão, cujo nome implica a missão de espalhar a palavra de Deus aos outros povos, devem servir como exemplos para o mundo e santificar o nome de Deus através de sua ações;
·   O movimento de Baal Teshuvá que vem ocorrendo atualmente é um fenômeno histórico sem paralelos, e aqueles que se engajam em aproximar as pessoas de Deus estão cumprindo um grande princípio do judaísmo;
·   O sionismo enfatiza a importância da Terra de Israel para o judaísmo;
·  “Todas as mitvót têm o mesmo valor”, dizem os antigos rabinos, e selecionar uma entre outras cria um sistema de moralidade baseado apenas em preferências pessoais;
·   O Talmud escolheu um versículo de Habacuc, “Os justos viverão segundo a sua crença”, como o resumo mais adequado dos princípios encontrados em toda a Lei Judaica.

Capítulo 27. Alguma  dúvida  pessoal?
                                               
·   O judaísmo encoraja as perguntas – e seus ensinamentos éticos e religiosos são aplicáveis a diversas áreas contemporâneas, desde viagens espaciais a transplante de órgãos;
·  O judaísmo é a única entre as religiões a ensinar que “você não precisa ser judeu par alcançar o Paraíso”;
·   Os judeus não acreditam que sejam “o povo escolhido”; eles preferem ser chamados de “o povo que escolheu”, pronto a aceitar as leis de Deus antes de outros povos;
·    O segredo judaico para a felicidade é preencher a vida com um propósito;
·   Ao invés de dizer adeus, os judeus se despedem com a palavra shalom, que significa, além de paz, completo e íntegro – uma bênção pela harmonia e integridade espiritual. 

Capítulo 28. Os  tempos  estão  mudando
   
·   Os judeus e o judaísmo – deixaram a condição de serem não mais do que tolerados para       serem respeitados, admirados e até mesmo imitados;
·   The Gift of the Jews (A dádiva dos Judeus), livro que foi best-seller nos Estados Unidos, fez com que os norte-americanos tomassem consciência do quanto devem a esse povo pequeno, mas extremamente influente;
·   Os Estados Unidosda América tornaram-se a vanguarda da liberdade religiosa e, hoje em      dia, até mesmo a eleição de um presidente judeu não parece algo impossível de acontecer;
·  Em resposta à guinada generalizada em direção à tradição, o judaísmo reformista sofreu mudanças teológicas importantes com a adoção, em 1999, de um novo conjunto de princípios em sua convenção de Pittsburg;
·   O judaísmo conservador está exigindo muito mais comprometimento religioso por parte de suas lideranças laicas, uma ênfase maior ao estudo da Torá por parte de todos os seus membros congregacionais e publicou uma tradução absolutamente nova da Torá, acrescida de comentários, denominda Ets Chaim (Árvore da Vida);
· O judaísmo ortodoxo vê a sua força não no número de seus seguidores, mas no comprometimento total com a Torá e as tradições, e entende que o acerto do estilo de vida que prega está comprovado pelo sucesso do Movimento Baal Teshuvá e pela sobrevivência continuada do judaísmo.

Capítulo 29. Problemas,  problemas  e  mais  problemas

·   O terceiro mandamento não está só preocupado com o uso desnecessário do nome de Deus, mas com o pecado muito pior de se apropriar de Seu nome para racionalizar a prática do mal;
·   Os fanáticos alegam agir “em nome de Deus”, pois acreditam que somente o seu ponto de vista se traduz na versão correta da verdade;
·  Depois do “11 de setembro” a civilização ocidental sentiu-se muito mais ameaçada pelo fundamentalismo religioso, que justifica as explosões homicidas como uma maneira de destruir “todos os infiéis”;
·    O anti-semitismo, travestido de anti-sionismo, ainda é uma poderosa ameaça aos judeus;
·   O anti-semitismo tem muitas origens que dizem muito mais sobre as pessoas que odeiam do que sobre os judeus que são odiados;
·  A Igreja Católica, em um ato dramático de arrependimento, pediu perdão aos judeus por séculos de comportamento transgressor;
·   Ser amado muitas vezes pode ser mais perigoso à sobrevivência judaica do que ser odiado;
·  O anti-semitismo e a assimilação, cada um à sua maneira, representam as maiores ameaças ao judaísmo.

Capítulo 30. A  bola  de  cristal:  então,  como  será  o  futuro?

·  Em geral, os judeus que vivem sem judaísmo estão perdidos para seu povo em três gerações;
·   O segredo da sobrevivência judaica sempre esteve no estudo da Torá;
·  “Frutificai e Multiplicai” é um mandamento que deve ser seriamente considerado pelos judeus, caso contrário o povo judeu não sobreviverá;
·   A preocupação judaica com a reprodução, em oposição à adoção cristã do celibato para os seus melhores e mais brilhantes homens, pode ter alguma ligação com a notável porcentagem de vencedores judeus do Prêmio Nobel;
·  “O desaparecimento do judeu norte-americano” foi previsto há anos, da mesma maneira que o Cadish pelo povo judeu vem sendo recitado por vários judeus ao longo dos séculos;
· Eruditos pessimistas acreditam que os judeus “cumpriram a sua missão” e estão sentenciados à extinção em curto prazo;
·   Apesar de tudo, os judeus sobrevivem, cumprindo a previsão que Deus revelou a Moisés em seu primeiro encontro, quando Ele mostrou-lhe a sarça milagrosa que “ardia no fogo e não se consumia”.
 ão se consumia”.