Capítulo VII
A coisa mais importante na vida de
qualquer cristão é sentir-se pleno do Espírito Santo! O Senhor Jesus disse:
"Sem mim, nada podeis". Cristo está nos crentes na pessoa do Seu
Espírito Santo. Portanto, se estamos plenos do Seu Espírito Ele atua
fecundamente em nós. Se não estamos plenos do Espírito Santo somos inúteis.
É quase impossível exagerar-se quão
dependentes somos do Espírito Santo. Dependemos dele para nos convencer do
pecado anterior e posterior à nossa salvação, para nos dar a compreensão do Evangelho,
o que nos possibilita nascer de novo, autorizando-nos a dar nosso testemunho,
orientando-nos em nossa vida de oração — na realidade, dependemos Dele em tudo.
Não é de se admirar que os maus espíritos tenham tentado imitar a função do
Espírito Santo e confundir o Seu trabalho.
Não há provavelmente na Bíblia nenhum
tópico sobre o qual haja mais divergências, hoje em dia do que o ser-se pleno
do Espírito Santo. Existem muitos cristãos excelentes que parecem equiparar a plenitude do
Espírito Santo com a habilidade de falar línguas ou com alguma experiência de
êxtase emocional. Há outros que, devido aos excessos observados ou ouvidos
nesse sentido, quase eliminaram, por completo, o ensinamento da plenitude do
Espírito Santo. Eles apenas não reconhecem a Sua importância na vida deles.
Satã coloca dois obstáculos diante dos
homens: 1º) tenta impedi-los de aceitar Cristo como Salvador, e 2º) se fracassa
nesse sentido tenta impedir que os homens compreendam a importância e a função
do Espírito Santo. Para com um indivíduo já convertido, Satã parece ter dois
pontos diferentes de aproximação. Tenta conseguir que os homens associem a
plenitude do Espírito Santo com os excessos emocionais ou de maneira antagônica,
que ignorem integralmente o Espírito Santo.
Uma das falsas impressões estabelecidas
através das pessoas e não da Palavra de Deus é que existe uma
"sensação" especial, quando o indivíduo está pleno do Espírito Santo.
Antes de examinarmos como sentir-se pleno do Espírito Santo, analisemos o que a
Bíblia ensina sobre o que se pode esperar quando se está pleno do Espírito
Santo.
O que esperar quando pleno do Espírito Santo
1º) As nove características do temperamento da vida plena do Espírito. (Gl 5.22-23). Já examinamos estas características detalhadamente no capítulo 6, mas a presença delas na vida do crente admite uma ênfase adicional. Qualquer indivíduo que esteja pleno do Espírito Santo há de manifestar essas características! Ele não precisa tentar, ou fingir, ou representar um papel; ele será exatamente assim quando o Espírito tiver controle sobre a sua natureza. Muitos que pretendem ter possuído a "plenitude", ou como alguns a chamam, "a unção", nada sabem sobre o amor, a alegria, a paz, a longanimidade, a benignidade, a docilidade, a fé, ou o autocontrole. Esses são os traços autênticos da pessoa plena do Espírito Santo!
2º) Um coração alegre, grato e um
espírito submisso (Ef 5.18-21). Quando o Espírito Santo preenche a vida
de um crente, a Bíblia nos narra que Ele o faz possuir um coração que canta,
que dá graças e um espírito submisso. "Não
vos embriagueis com vinho, fonte de desregramento; mas enchei-vos do
Espírito; "Entretei-vos com salmos, hinos e cantos
inspirados"; "Cantai e celebrai o Senhor de todo o
Coração"; "Dai sempre graças a Deus Pai, por todas as coisas, em nome
do Nosso Senhor Jesus Cristo"; "Sede submissos uns aos outros no temor
de Deus."
Um coração que canta, que dá graças e
um espírito submisso, independente das circunstâncias, são tão antinaturais que
apenas podem ser nossos através da plenitude do Espírito Santo. O Espírito de Deus é capaz de transformar um coração
sombrio ou contristado em um coração repleto de canções e agradecido. Ele
também é capaz de solucionar o problema da rebelião congênita do homem,
aumentando-lhe a fé a ponto de compreender que o melhor modo de viver é em
submissão à vontade de Deus. Os mesmos três resultados da vida plena do
Espírito são também os resultados da vida plena da Palavra, como se encontra em
Colossenses 3,16-18.
"Que a palavra de Cristo habite
abundantemente em vós: ensinai e admoestai-vos uns aos outros com toda a
sabedoria. Do fundo dos vossos corações agradecidos, cantai louvores a Deus,
com salmos, hinos e cânticos inspirados. "E
tudo o que fizerdes, em palavra ou obra, seja, sempre em nome de Jesus, o
Senhor, dando por Ele graças a Deus-Pai. "Esposas, sede submissas aos
vossos maridos, como é conveniente, segundo o Senhor."
Não é mero acaso constatarmos que os
resultados da vida do Espírito (Ef 5.18-21) e os da vida plena da Palavra sejam
únicos e os mesmos. O Senhor Jesus disse que o Espírito Santo é "o
Espírito da Verdade" e Ele também disse sobre a Palavra de Deus: "Tua
Palavra é a Verdade". Compreende-se facilmente porque a vida plena da
Palavra obtém os mesmos resultados da vida plena do Espírito, uma vez que o
Espírito Santo é o autor da Palavra de Deus. Isto acentua o erro daqueles que
tentam receber o Espírito Santo através de uma experiência única e definitiva
em lugar de uma relação íntima com Deus sobre quem Jesus escreveu como
"Habitando em mim". Essa relação é possível na vida do cristão quando
Deus tem convivência íntima com ele e preenche sua vida através da "Palavra
da Verdade" e ele se comunica com Deus através da oração orientada pelo
"Espírito da Verdade". O que podemos claramente concluir aqui é que o
cristão pleno do Espírito há de ser pleno da Palavra, e o cristão pleno da
Palavra obediente ao Espírito há de ser pleno do Espírito.
3º) O Espírito Santo nos concede o
poder para dar testemunho (At 1,8). "Mas, quando o Espírito Santo
descer sobre vós, recebereis uma força, e então sereis minhas testemunhas em
Jerusalém, em toda a Judeia na Samaria e por toda a parte, até os confins da
Terra."
O Senhor Jesus disse aos seus
discípulos: "Todavia, digo-vos a verdade: convém a vós que eu vá;
e se eu não for, o Advogado (Espírito Santo) não virá a vós" (Jo
16,7). Isso explica porque as últimas coisas que Jesus fez antes de sua ascensão ao céu foi dizer aos Seus discípulos, "Mas, recebereis o
poder, depois que o Espírito Santo vier a vós: e sereis minhas
Testemunhas..." Mesmo embora tivessem os discípulos
passado três anos em contato pessoal com Jesus, e tivessem ouvido Suas
mensagens várias vezes, e fossem as testemunhas mais bem instruídas que Ele
possuía, Ele ainda lhes recomendou "Que não saíssem de Jerusalém,
mas que aguardassem o cumprimento da Palavra do Pai" (At. 1,4).
Toda a instrução deles não foi,
obviamente, capaz de dar frutos por si mesma, sem o poder do Espírito Santo.
Sabe-se bem que quando o Espírito Santo veio no dia de Pentecostes, eles deram
testemunho de Sua potência, e três mil pessoas foram salvas. Também nós podemos ter a esperança de possuir a
faculdade de testemunhar quando plenos do Espírito Santo. Quisera Deus que
existisse tanto anseio por parte do povo de Deus a ser autorizado a dar
testemunho do Espírito como o há em ter alguma experiência de estática ou
emocional com o Espírito Santo.
O poder de dar testemunho do Espírito
Santo não é sempre perceptível, mas deve ser aceito pela fé. Quando tivermos
encontrado as condições para a plenitude do Espírito Santo, devemos ser
cuidadosos em acreditar se temos ou não dado testemunho da potência do Espírito
para observar os resultados. Uma vez que o Espírito Santo demonstrou tão
dramaticamente Sua presença no dia de Pentecostes e uma vez que,
ocasionalmente, percebemos a evidência do Espírito Santo em nossas vidas,
chegamos a pensar que isso é sempre óbvio, mas essa concepção é errônea. É
possível dar-se testemunho da potência do Espírito Santo e ainda assim não se
ver um indivíduo alcançar um conhecimento salvador de Cristo, pois no plano
soberano de Deus decidiu Ele, jamais violar o direito de livre arbítrio do
homem. Portanto, um homem pode ter testemunhado a potência do Espírito Santo e
ainda rejeitar o Salvador. A testemunha pode então ir-se embora com a ideia
errônea de ter sido incapaz apenas porque não teve êxito. Não se pode sempre
igualar o êxito do testemunho com o poder de testemunhar!
Recentemente, foi privilégio meu
observar um homem de oitenta anos. Devido à sua idade e a um problema
particular, fiz um esforço especial de estar nas condições de sentir-me pleno
do Espírito Santo antes que eu fosse à sua casa. Ele prestou muita atenção
quando lhe apresentei o Evangelho usando as "Quatro leis
espirituais". Quando terminei e perguntei se ele gostaria de receber
Cristo imediatamente, ele disse: "Não, ainda não estou preparado".
Fui embora perplexo ao verificar que um homem de oitenta anos de idade
"ainda não estava preparado" e conclui que não dera testemunho do
Espírito Santo.
Pouco tempo mais tarde voltei para ver
o homem e descobri que ele havia completado seu octogésimo primeiro aniversário.
Uma vez mais comecei por apresentar o Evangelho a ele, mas ele me informou que
já havia recebido Cristo. Ele havia
estudado novamente as Quatro leis espirituais que eu escrevera numa folha de
papel e, sozinho, em seu quarto ajoelhara-se e solicitara que Cristo Jesus se
integrasse em sua vida como Salvador e Senhor. Posteriormente ponderei quantas
outras vezes em minha vida, por não ter percebido uma réplica imediata do
Evangelho, eu concluíra erroneamente que o Espírito não me fizera pleno da Sua
potência de dar testemunho. Pode-se ter certeza, que uma vida cristã, quando
plena do Espírito Santo dará frutos. Pois se examinarmos o que Jesus quis dizer
com "Habita em mim" (Jo 15) e o que a Bíblia ensina em relação ao
sentir-se "Pleno do Espírito", havemos de concluir que são uma única
e mesma experiência. Jesus disse: "Aquele que habita em mim e eu nele,
dará muito fruto..." Portanto, podemos chegar à conclusão de que a vida
perene ou plena do Espírito dará fruto. Mas é errado exigir-se que toda
oportunidade de testemunhar demonstre se somos ou não autorizados pelo Espírito
a dar testemunho. Em vez disso, devemos encontrar as condições para a plenitude
do Espírito Santo e então acreditar, não pelos resultados, ou visão, ou
sensação, mas através da fé, que estamos plenos.
4º) O Espírito Santo glorificará Jesus
Cristo (Jo 16,13-14). "Quando Ele vir,
o Espírito da verdade, conduzir-vos-á à Verdade completa. Pois não há de falar
por si mesmo, mas dirá tudo que tiver ouvido, e anunciar-vos-á as coisas
futuras. "Ele me glorificará, porque receberá do que é meu para vos
anunciar."
Um princípio fundamental deve ser sempre
lembrado em relação à função do Espírito Santo: Ele não se glorifica, mas ao
Senhor Jesus Cristo. Se em qualquer época,
alguém a não ser o Senhor Jesus recebe a glória, pode-se estar certo de que tal
fato não ocorreu na potência ou sob a direção do Espírito Santo, pois o Seu
mister explícito é glorificar Jesus. Essa prova sempre deve ser dada a qualquer
trabalho que reivindique ser tarefa do Espírito de Deus.
O falecido F. B. Meyer narrou a
história de uma missionária que o procurou em uma conferência sobre a Bíblia,
após ter ele abordado o tema de como sentir-se pleno do Espírito Santo. Ela
confessou que jamais se sentira conscientemente plena do Espírito Santo e que
estava se dirigindo à capela para passar o dia em análise de sua alma para ver
se conseguiria receber sua plenitude.
Naquela mesma noite ela retornou
exatamente quando Meyer deixava o auditório. Ele perguntou "Como foi,
irmã?", e ela disse: "Não estou muito certa". Perguntou-lhe o
que havia feito e ela explicou suas atividades do dia, a leitura da Bíblia,
oração, confissão de seus pecados e o pedido pela plenitude do Espírito Santo.
Depois declarou: "Não me sinto plena do Espírito Santo". Meyer
perguntou: "Diga-me, irmã, como vão as coisas entre a senhora e o Senhor
Jesus?" O rosto dela se iluminou e, com um sorriso, respondeu: "Oh,
Dr. Meyer, jamais tive um período mais abençoado de relacionamento com o Senhor
Jesus em toda a minha vida". Ao que ele lhe respondeu: "Irmã, isso é
o Espírito Santo". O Espírito Santo sempre tomará o crente mais cônscio do
Senhor Jesus do que dEle próprio.
Num retrospecto, vamos resumir o que
podemos esperar quando plenos do Espírito Santo. Muito simplesmente, as nove
características de temperamento do Espírito Santo, um coração que canta e dá
graças, que nos concede uma atitude submissa e a faculdade de dar testemunho.
Essas características glorificarão o Senhor Jesus Cristo. E quanto à
"sensação" ou "experiências de êxtase"? A Bíblia não nos
diz para esperar tais coisas, quando plenos do Espírito Santo; portanto, não
devemos aguardar o que a Bíblia não promete.
Como sentir-se pleno do Espírito Santo
A plenitude não é uma bagagem facultativa na vida cristã, mas um mandamento de Deus! A Carta aos Efésios (5.18) nos diz: "Não vos embriagueis com vinho, fonte de desregramento, mas enchei-vos do Espírito". Essa declaração está no modo imperativo; portanto devemos tomá-la como uma ordem. Deus nunca nos impede cumprir Seus mandamentos. Portanto, obviamente, se Ele nos ordena ficar plenos do Espírito Santo, e Ele o faz, então é possível que fiquemos plenos de Seu Espírito. Gostaria de sugerir cinco orientações simples para sentir-se pleno do Espírito Santo:
1º) Auto-análise (At 20.28 e 1 Co
11.28). O cristão interessado na plenitude do
Espírito Santo, deve, regularmente, "ter o cuidado" de
"examinar-se". Deve fazê-lo não para verificar se pode se equiparar
aos padrões das outras pessoas ou se satisfaz às tradições e exigências de sua
igreja, mas para constatar os já previamente citados resultados de sentir-se
pleno do Espírito. Se ele descobre que não está glorificando Jesus, se não tem
o poder de dar testemunho, ou se lhe falta um espírito alegre e submisso ou as
nove características de temperamento do Espírito Santo, então a sua
auto-análise lhe indicará as áreas em que está deficiente e lhe revelará o
pecado que as origina.
2º) Confissão de todo pecado conhecido
(1 Jo 1.9). "Se confessamos nossos pecados,
fiel e justo é Ele para perdoar-nos e purificarmos de toda iniqüidade."
A Bíblia não discrimina um ou outro
pecado, mas parece considerar todo pecado igualmente. Após examinarmo-nos à luz
da Palavra de Deus, devemos confessar todo pecado que nos foi trazido à mente
pelo Espírito Santo, incluindo aquelas características da vida plena do
Espírito que nos faltam. Até que comecemos a considerar nossa falta de
compaixão, nossa ausência de autodomínio, nossa carência de humildade, nossa
ira em vez de docilidade, nossa acrimônia em vez de bondade, nossa descrença em
vez da fé, como pecado, jamais teremos a plenitude do Espírito Santo.
Entretanto, no instante em que reconhecemos essas deficiências como pecado e as
confessamos a Deus, Ele "nos purificará de toda iniquidade". Até
que tenhamos feito isso não poderemos alcançar a plenitude do Espírito Santo,
pois ele apenas preencherá "almas puras" (2 Tm 2.21).
3º) Submissão completa a Deus (Rm
6.11-13). "Do mesmo modo, considerai-vos
também vós, como mortos para o pecado e vivos para Deus, em Cristo Jesus nosso
Senhor. Não reine, pois, o pecado em vosso
corpo mortal, sujeitando-vos às suas paixões. Não ponhais vossos membros a
serviço do pecado como armas de injustiça; mas como quem ressurge da morte para
a vida, ponde-vos, a vós e a vossos membros, quais armas de justiça, a serviço
de Deus."
Para se sentir pleno do Espírito Santo,
o indivíduo deve pôr-se inteiramente à disposição de Deus para fazer qualquer
coisa que o Espírito Santo ordene. Se existe em sua vida algo que você não
esteja disposto a fazer ou a ser, então você está resistindo a Deus, e isso
sempre limita o Espírito de Deus! Não cometa o engano de ter medo de se
entregar a Deus! A Carta aos Romanos nos diz (8.32): "Ele que não
poupou ao próprio Filho, mas O entregou por todos nós, como não nos daria tudo
juntamente com Ele?" É óbvio, nesse versículo, que se Deus nos
amou tanto a ponto de nos dar Seu Filho para que morresse por nós, certamente
não está interessado em coisa alguma, exceto no nosso bem; portanto, podemos
confiar Nele com as nossas vidas. Não se encontrará jamais cristão infeliz em
meio à vontade de Deus, pois Ele complementará as Suas instruções com
disposição e desejo de cumprir a Sua vontade.
A resistência ao Senhor através da
rebeldia, obviamente, extingue a plenitude do Espírito. Israel restringiu o
Senhor, não somente pela falta de fé, mas, como o Salmo 78.8 nos conta, por se
tornar uma "geração obstinada e rebelde; uma geração que não
orientou sua alma corretamente e cujo espírito não se mantinha inabalável em
Deus". Toda resistência à vontade de Deus impedirá sentirmo-nos
plenos do Espírito Santo. Para que nos sintamos plenos do Espírito Santo,
devemos nos submeter ao Seu Espírito, assim como um homem se submete ao vinho
para sentir o seu efeito.
A Carta aos Efésios (5.18) diz: "Não
vos embriagueis com o vinho... mas enchei-vos do Espírito". Quando
um homem está bêbado, é presa do álcool; vive, age e é dominado pela sua
influência. Assim acontece com a plenitude do Espírito Santo; as ações do homem
devem ser dominadas e prescritas pelo Espírito Santo. Para os cristãos devotos,
isto, muitas vezes, é o mais difícil de fazer, pois podemos sempre achar um
propósito digno para as nossas vidas, não compreendendo que estamos,
freqüentemente, plenos de nós mesmos, em vez de plenos do Espírito Santo,
quando tentamos servir ao Senhor.
Neste último verão, quando pregava para
alunos do curso colegial e superior, tive um testemunho emocionante vindo de um
estudante clerical, que disse ter, pela primeira vez, compreendido o que
significava sentir-se pleno do Espírito Santo. Que eu soubesse, não era ele
culpado dos pecados do cristão lascivo. Na verdade, possuía ele somente uma
área de resistência em sua vida. Ele gostava muito de pregar, e as
possibilidades de ser um pastor ou um evangelizador muito o atraíam, mas não
queria que Deus fizesse dele um missionário. Durante aquela semana o Espírito
Santo falou ao rapaz sobre essa vocação específica, e quando ele tudo submeteu
ao Senhor e disse: "Sim, irei aos confins da Terra", pela primeira
vez sentiu a sensação da verdadeira plenitude do Espírito Santo. Chegou mesmo a
dizer, "Não creio que o Senhor me queira como um missionário; Ele apenas
desejava que eu me dispusesse a ser um missionário".
Quando der sua vida a Deus, não
acrescente qualquer restrição ou condição. Ele é um Deus de tal amor que você
se lhe pode dar, com segurança, sem reserva, ciente de que o plano Dele na
utilização de sua vida é muito melhor do que os seus. E, lembre-se, que a
atitude de submissão é absolutamente necessária para a plenitude do Espírito de
Deus. Sua vontade é a vontade da carne, e a Bíblia diz que "a carne a nada
beneficia".
A submissão é, às vezes, difícil de
discriminar uma vez que tenhamos respondido às cinco grandes perguntas da vida:
1) Onde cursarei a universidade? — 2) Que carreira seguirei? — 3) Com quem me
casarei? — 4) Onde irei morar? — 5) Onde frequentarei a igreja? Um cristão
pleno do Espírito será sensível à orientação do Espírito tanto nas pequenas
quanto nas grandes decisões. Mas já tenho observado que muitos cristãos que já
tomaram a decisão adequada, no que se refere às cinco grandes perguntas, não se
sentem ainda plenos do Espírito.
Alguém já sugeriu que ser-se submisso
ao Espírito é ser-se acessível ao Espírito. Pedro e João nos Atos (3) são um
bom exemplo disso. Estavam a caminho do templo para orar quando viram um
aleijado a pedir esmolas. Porque eram sensíveis ao Espírito Santo, eles o
curaram "em nome de Jesus Cristo de Nazaré". O homem começou a saltar
louvando a Deus até que uma multidão se ajuntou. Pedro, ainda suscetível ao
Espírito Santo, começou a pregar; "muitos dos que haviam escutado
creram, e o número dos homens subiu para cinco mil, aproximadamente" (At
4,4).
Muitas vezes temo que estejamos tão
entrosados em uma boa atividade cristã que não estejamos
"disponíveis" para a orientação do Espírito. Em minha própria vida,
já observei que se alguém me pede para fazer algo bom e eu dou uma resposta negativa,
é ato mais da carne que do espírito. Muitos cristãos disseram "não"
ao Espírito Santo quando ele lhes ofereceu uma oportunidade de ensinar na
Escola Dominical. Pode ter sido o superintendente da Escola Dominical que tenha
pedido, mas também ele está à procura da orientação do Espírito Santo. Muitos
cristãos dizem "Senhor, eis-me aqui, utilizai-me"!, mas quando
convocados a fazer as visitas ou testemunhar estão demasiadamente ocupados com
a pintura, com o boliche ou exercendo alguma outra atividade que intervém. Qual
é o problema? Apenas não estão disponíveis. Quando um cristão se entrega a Deus
"como aqueles que ressuscitam dos mortos", arranja tempo para fazer o
que o Espírito lhe ordena.
4º) Peça para sentir-se pleno do
Espírito Santo (Lc 11,13). "Se vós pois, que sois maus,
sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai do céu dará o
Espírito Santo aos que o pedirem!"
Quando um cristão já se examinou,
confessou todos os pecados dos quais é cônscio e entregou-se, sem reserva a Deus,
está então apto a fazer a única coisa que deve fazer para receber o Espírito
Santo. Muito simplesmente, pedir para sentir-se pleno do Espírito. Qualquer
indireta aos crentes modernos sobre espera, protelação, mão-de-obra ou
padecimento é sugestão do homem. Apenas aos discípulos foi dito que esperassem,
e isso porque o dia de Pentecostes não havia ainda chegado. Desde aquele dia os
filhos de Deus têm apenas de pedir Sua plenitude para conhecê-la. O Senhor Jesus compara isto com o
tratamento de nossos filhos terrenos. Certamente um bom pai não fará seus
filhos pedirem algo que eles os ordena possuir. Muito menos Deus nos faz
suplicar sentirmo-nos plenos do Espírito Santo que Ele já ordenou. E é simples
assim! Mas não se esqueça da Etapa n.° 5.
5º) Acredite-se pleno do Espírito
Santo! E agradeça a Ele a Sua plenitude. "Quem, pelo contrário, tem dúvidas
e apesar disso come, incorre em condenação, porque não age com convicção de fé.
Tudo quanto não procede da convicção de fé é pecado." (Rm 14.23)
"Em todas as circunstâncias,
rendei graças, pois esta é a vontade de Deus a vosso respeito, em Cristo
Jesus." (1 Ts 5.18). É aqui que muitos
cristãos ganham ou perdem a batalha. Após se terem examinado, confessando todos
os pecados que reconhecem, após se terem entregado a Deus pedindo-lhe a Sua
plenitude, encontram-se diante de uma decisão: a de se acreditarem plenos, ou a
de partilhar da descrença, em cujo caso então pecaram, pois "tudo que não
procede da convicção de fé é pecado".
O mesmo cristão, que ao fazer um trabalho individual diz ao recém-convertido para "aceitar Deus em Sua Palavra no que concerne à salvação" acha difícil considerar seu próprio conselho quanto à plenitude do Espírito Santo. Ele dirá ao novo filho de Cristo, o qual não possui a certeza da Salvação que está certo de Cristo estar em sua vida porque Ele prometeu penetrar nela se convidado, e "Deus sempre mantém a Sua Palavra". E o mesmo sincero trabalhador individual acredita em Deus quando Ele diz "Quão mais vosso Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que O suplicarem?". Se você já cumpriu satisfatoriamente as quatro primeiras etapas, agradeça então a Deus por Sua plenitude pela Fé. Não espere por sentimentos, não aguarde nenhum sinal externo, mas una sua fé à Palavra de Deus que é independente do sentimento. As sensações de certeza da plenitude do Espírito, muitas vezes, sucedem à nossa aceitação de Deus e Sua Palavra e na crença de que Dele estamos plenos, mas elas não originam a plenitude nem especificam se a possuímos ou não. Crer-se pleno do Espírito é meramente aceitar Deus em Sua Palavra, e este é o único absoluto que este mundo
possui (Mt 24.35).
Andar segundo o Espírito
"Portanto: andai segundo o Espírito e não cumprireis os desejos da carne." (Gl 5.16). "Se vivemos pelo Espírito, guiemo-nos também pelo Espírito." (Gl 5.25). "Andar segundo o Espírito" e sentir-se pleno do Espírito Santo não são uma coisa só e nem a mesma coisa, embora sejam muito intimamente relacionadas. Tendo seguido as cinco regras simples para a plenitude do Espírito Santo, um indivíduo pode andar segundo o Espírito precavendo-se de extinguir ou magoar o Espírito (como descreveremos nos dois próximos capítulos) e seguindo as cinco etapas citadas a cada vez que sinta que o pecado se tenha insinuado em sua vida. Sentir-se pleno do Espírito Santo não é uma experiência única que dura a vida inteira. Ao contrário, deve ser repetida muitas vezes. Isso pode ser feito quando se ajoelha no local de devoção, à mesa do café da manhã, no carro quando a caminho do serviço, enquanto se varre o assoalho, enquanto se ouve uma conversa ao telefone — na realidade, em qualquer parte. De fato, andar segundo o Espírito põe o indivíduo em comunhão constante com Deus, que é o mesmo que viver em Cristo. "Andar segundo o Espírito" é livrar-se das fraquezas. Sim, mesmo as maiores fraquezas podem ser vencidas pelo Espírito Santo (capítulo 10). Em vez de ser dominado pelas fraquezas, pode-se ser dominado pelo Espírito Santo. Eis a vontade de Deus para todos os crentes!