Não
tenho a intenção de me aprofundar no tema, quero falar sobre a
igreja de Cristo com simplicidade, já que meu objetivo é alcançar as
pessoas que não estão totalmente familiarizadas com o assunto.
Em
primeiro lugar o que é igreja?
O
termo Igreja vem de uma palavra grega (ekklésia) que significa: tirados ou
chamados para fora. Jesus foi o primeiro a usar este termo no Novo Testamento. “Pois também eu te
digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a
minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra
ela...” (Mateus 16.18). Com essa expressão, Ele estava
dizendo que formaria uma comunidade a partir de pessoas que seriam chamadas
para fora de algum lugar. Esse lugar é o mundo, mas não o planeta terra, é o
mundo como sistema governado
por Satanás. Essas pessoas sendo chamadas para fora, deixariam de fazer parte
desse sistema e então haveria separação entre Sua igreja e o
mundo. “Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do
mundo, assim como eu não sou do mundo” (João 17.14).
Muitos, erroneamente, transferem para
Pedro a fundação da igreja, embora Jesus tenha deixado bem claro no diálogo já
citado de Mateus 16.18, ser Ele mesmo o fundamento, a pedra angular sobre a
qual seria edificada a sua Igreja. “... sobre esta pedra edificarei a
minha igreja...”. Isso já havia sido profetizado por
Isaías (28.16): “Portanto, assim diz o Senhor JEOVÁ: Eis que eu
assentei em Sião uma pedra, uma pedra já provada, pedra preciosa de esquina que
está bem firme e fundada; aquele que crer não se apresse”. Pedro associou a Cristo a profecia de
Isaías quando disse: “Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os
edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina. E em nenhum outro há
salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há dado entre os
homens, pelo qual devamos ser salvos” (Atos 4.12). Pedro também entendeu que nós como
pedras, somos materiais dessa construção... “vós também, como pedras
vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecerdes
sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo” (I Pedro
2.5).
É evidente que, igreja, ao contrário do que muitos pensam não é o lugar onde nos reunimos para orar, cantar louvores ou ouvir a Palavra de Deus. Igreja é o nome dado pelo próprio Jesus àqueles que fazem parte de um corpo do qual Ele é cabeça “... como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo” (Efésios 5.2). “E ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência” (Colossenses 1.18). Portanto, fazer parte da igreja de Cristo é o mesmo que fazer parte do corpo de Cristo.
O apóstolo Paulo usa o exemplo do corpo
para explicar a maneira como os salvos em Cristo estão organizados na família
de Deus. Assim como todos os membros do corpo são úteis para o corpo,
(mesmo aqueles que parecem não ter muita importância) também os membros dessa
família são todos igualmente importantes para o bom funcionamento do corpo de
Cristo. “Assim nós, que somos muitos,
somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros” Romanos 12.5). “Porque, assim como o corpo é um, e
tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é
Cristo também” (I Coríntios 12.1).
Como as pessoas se tornaram corpo ou
igreja de Cristo?
Da mesma maneira que as pessoas se
tornam corpo ou Igreja de Cristo, hoje. “Porque
pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Efésios 2:.8). A graça ou o favor de Deus
disponibiliza a salvação a todos os seres humanos, mas é preciso crer em Jesus
Cristo. Quem crê, o recebe e quem o recebe se torna filho de Deus “Mas
a todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus:
aos que creem no seu nome” (João 1.12). O
filho de Deus tem uma vida totalmente regenerada, a isso, Jesus deu o nome de
Novo Nascimento. “Jesus respondeu e disse-lhe: Na verdade, na verdade
te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus” (João
3.3). “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas
antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (II Coríntios 5:17).
Os seguidores de Jesus tiveram essa
experiência em suas vidas e se tornaram igreja. Porém, eles começaram a atuar
como igreja em sua sociedade após a descida do Espírito Santo no dia de
pentecostes. A descida do Espírito Santo foi o cumprimento da promessa de Jesus
registrada em Atos 1.8 “Mas recebereis a
virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas,
tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria, e até aos confins da terra”. Tendo sido capacitados pelo Espírito Santo, os seguidores de Jesus
(conhecidos como igreja primitiva) começaram a anunciar as boas novas de
salvação. Eles estavam obedecendo à ordem dada por Cristo antes de subir ao céu “Portanto, ide, ensinai todas as nações,
batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a
guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco
todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mateus
28.19-20).
Como era a igreja primitiva?
Era uma igreja que crescia - “E
a multidão dos que criam no Senhor, tanto homens como mulheres, crescia cada
vez mais” (Atos 5.14). E a mão do Senhor era com eles; e
grande número creu e se converteu ao Senhor” (Atos 11.21).
Uma igreja que tinha comunhão, ou seja,
tinha tudo em comum -“E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão,
e no partir do pão, e nas orações” (Atos 2.42).
Uma igreja que orava – “Pedro,
pois era guardado na prisão; mas a Igreja fazia contínua oração por
ele a Deus” (Atos 12.5).
Uma igreja que pregava em Nome de Jesus
– “E todos os dias, no templo e nas casa, não cessavam de ensinar e anunciar a
Jesus Cristo” (Atos 5.42).
Uma igreja que glorificava a Deus – “Mas
eles ainda os ameaçaram mais, e não achando motivo para castigá-los,
deixaram-nos ir por causa do povo; porque todos glorificavam a
Deus pelo que acontecera” (Atos 4.21).
Uma igreja solidária – “Não
havia, pois entre eles necessitado algum; porque todos os que possuíam herdades
ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que fora vendido e o depositavam aos
pés dos apóstolos. E repartia-se a cada um, segundo a
necessidade que cada um tinha” (Atos 4.32-35).
Uma igreja que ensinava a Palavra de
Deus – “E crescia a Palavra de Deus, e em Jerusalém se
multiplicou muito o número dos discípulos, e grande parte dos sacerdotes
obedecia à fé” (Atos 6.7).
A igreja era cheia do Espírito
Santo – “E tendo eles orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos;
e todos foram cheios do Espírito Santo e anunciavam com
ousadia a Palavra de Deus” (Atos 4.31).
A igreja sofreu perseguições e muitos
foram mortos por anunciarem a Cristo, mas isso não os intimidou. Contrariando as expectativas dos inimigos do Evangelho, eles estavam cada vez mais
fortalecidos em sua fé “Retiraram-se,
pois, da presença do conselho, regozijando-se de terem sido julgados dignos de
padecer afronta pelo nome de Jesus” (Atos 5.41).
Qual a semelhança entre a igreja primitiva e a igreja nos dias atuais? O que aconteceu com a igreja?
Ainda podemos ver a
igreja de Cristo atuando, talvez não exatamente como a igreja primitiva, no
entanto a igreja ainda age em conformidade com o caráter de
Cristo, cresce (com qualidade), têm comunhão, ora, prega em Nome de Jesus, glorifica a Deus,
é solidária, ensina a Palavra de Deus (por que a Bíblia Sagrada é sua regra de fé e conduta), é cheia
do Espírito Santo. A igreja ainda tem a viva esperança de se encontrar com
Jesus nos ares, no dia do arrebatamento. “Porque o mesmo Senhor descerá do
céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que
morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados
juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim
estaremos sempre com o Senhor” (I Tessalonicenses 4.16-18).
Contudo, não podemos negar que alguma coisa aconteceu, não com a igreja propriamente dita, a igreja que é também corpo de Cristo. Com ela vai tudo bem, mas algo terrível aconteceu no meio da “comunidade cristã”.
No Capítulo 13 de Mateus Jesus relata profeticamente, a trajetória da igreja na terra. Por meio de sete parábolas Ele dá informações sobre os acontecimentos mais importantes da história da igreja, desde o momento em que a Palavra foi semeada até o arrebatamento. São nos versículos 24 até o 30 que Jesus falou de algo muito ruim que viria a acontecer:
“Propôs-lhes outra parábola, dizendo: O reino dos céus é semelhante ao homem que semeia a boa semente no seu campo; Mas, dormindo os homens, veio o seu inimigo, e semeou joio no meio do trigo, e retirou-se. E, quando a erva cresceu e frutificou, apareceu também o joio. E os servos do pai de família, indo ter com ele, disseram-lhe: Senhor, não semeaste tu, no teu campo, boa semente? Por que tem, então, joio? E ele lhes disse: Um inimigo é quem fez isso. E os servos lhe disseram: Queres pois que vamos arrancá-lo? Ele, porém, lhes disse: Não; para que, ao colher o joio, não arranqueis também o trigo com ele. Deixai crescer ambos juntos até à ceifa; e, por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros: Colhei primeiro o joio, e atai-o em molhos para o queimar; mas, o trigo, ajuntai-o no meu celeiro”.
Qual
o significado desta Parábola?
Nos
versículos seguintes (37 ao 43) Jesus explica: “E ele, respondendo, disse-lhes: O que semeia a boa semente, é o Filho
do homem; O campo é o mundo; e a boa semente são os filhos do reino; e o
joio são os filhos do maligno; O inimigo, que o semeou, é o diabo; e a
ceifa é o fim do mundo; e os ceifeiros são os anjos. Assim como o joio é
colhido e queimado no fogo, assim será na consumação deste mundo. Mandará
o Filho do homem os seus anjos, e eles colherão do seu reino tudo o que causa
escândalo, e os que cometem iniquidade. E lançá-los-ão na fornalha de
fogo; ali haverá pranto e ranger de dentes. Então os justos resplandecerão
como o sol, no reino de seu Pai. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”.
A história registra
a chegada de Constantino o Grande, ao poder. Ele foi Imperador Romano entre os
anos 306 e 337 d.C. Depois de sair vitorioso de uma batalha, acreditando haver
recebido ajuda de Deus, Constantino “tornou-se cristão”.
Quando o imperador Constantino supostamente se converteu, ele deu
liberdade total de culto aos cristãos, pagou elevados salários aos obreiros
dando-lhes mordomias nunca antes recebidas e mais ainda, quando elevou a
posição do cristianismo à religião oficial do império, foi aí que as coisas
realmente começaram a mudar.
Para
fortalecer o Império, Constantino promoveu a unificação entre a religião e o
estado. Assim ficaria muito mais fácil manter o povo em “rédeas curtas”, e é
claro que a religião escolhida por Constantino, foi o cristianismo. A escolha
foi proposital, pois os cristãos adoravam um único Deus e jamais aceitariam os
deuses do Império Romano, que por sinal eram muitos. Todavia para os diferentes
povos que faziam parte do Império não havia nenhum problema em adotar mais um
“deus”, já que eram politeístas. O Deus dos cristãos se tornou mais um na lista
de deuses e deusas cultuados pelo Imperador e seus liderados. Claro
que as coisas podem melhorar , mas também sempre podem piorar e anos mais
tarde, em 380 d.C o então, Imperador Teodósio baixou um decreto obrigando todos
os seus súditos a se tornarem “cristãos”.
O
que isso tudo têm a ver com a parábola do joio contada por Jesus no capítulo 13
de Mateus?
O
joio estava sendo semeado no meio do trigo..... Agora
as pessoas nem sempre se “convertiam” por amor à Cristo, mas porque lhes era
conveniente. A “comunidade cristã” começou a dividir-se em dois grupos bem
distintos. Havia
as pessoas que amavam a Cristo e o serviam com fidelidade, observando as
Escrituras e mantendo-se santas (ao contrário do que muitos pensam ser santo
não significa ser perfeito, significa ser separado do pecado para ser usado por
Deus). E
havia as pessoas que se uniam à ideia do cristianismo somente para agradar ao
Estado. Essas pessoas não experimentavam o novo nascimento e consequentemente
não mudavam de vida. O
avarento continuava avarento, o adúltero continuava adúltero, o orgulhoso
continuava orgulhoso, o ganancioso continuava ganancioso, o idólatra continuava
idólatra, etc.
Com
certeza havia mistura, mas essa mistura nunca confundiu a Deus que conhece todas
as coisas “Diante de ti puseste as nossas iniquidades; os nossos
pecados ocultos, à luz do teu rosto” (Salmos 90:8). Porém é certo que
confundiu os espectadores da igreja, pois para “todos os efeitos”, todo mundo
era filho de Deus, não importava se as pessoas recebiam a Cristo ou se apenas
se juntavam à comunidade cristã. Nesse
momento dentro da comunidade cristã nem todos faziam parte da igreja de Cristo,
aquela que Ele fundou lá na cruz do calvário e inaugurou com poder do Espírito
Santo no dia de Pentecostes.
O
joio semeado no trigal se parecia com o trigo, mas não era trigo. Ele recebia a
chuva, o calor do sol e era alimentado pelos nutrientes do solo, assim como o
trigo, mas não era produtivo como o trigo. O joio não servia de alimento pra
ninguém.
É
o que acontece em nossos dias, desde o momento em que o joio foi semeado pela
primeira vez, nunca mais parou. Isso significa que na comunidade cristã sempre
haverá dois tipos de pessoas: as que são comprometidas com Deus e com a verdade
do Evangelho e as que estão por ali.......por motivos variados. Não têm um
relacionamento verdadeiro com Deus e com os irmãos, interessados apenas em
“benefícios” materiais, “mercantilizando” o Evangelho, enganando os simples. “Mas ai de vós, escribas e fariseus,
hipócritas! pois que fechais aos homens o reino dos céus; e nem vós entrais nem
deixais entrar aos que estão entrando” (Mateus 23.13) “Mas os homens maus e enganadores irão de mal para pior, enganando e
sendo enganados” (II Timóteo
3.13).
As pessoas questionam o tão grande número de oportunistas no meio cristão e acabam desistindo do convívio com os irmãos. Esquecem que embora o joio continue sendo semeado, ainda existe e sempre existirá muito trigo. Enquanto estão olhando para as coisas erradas à sua volta, esquecem de olhar pra Jesus “Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus” (Hebreus 12.2).
Precisamos
ter em nossos corações a certeza de que somos parte do corpo de Cristo, de que
somos igreja do Senhor. Não devemos nos distrair com o mal à nossa volta,
precisamos seguir em frente porque sabemos exatamente onde vamos chegar.
Enquanto Jesus não vem, temos muito o que fazer aqui. Todos nós recebemos de
Deus, talentos que podem ser muito úteis à nossa geração. Vamos continuar
seguindo o exemplo da igreja primitiva, não importa se os tempos “são
outros”, porque os recursos também são outros. Hoje, estamos espalhados pela
face da terra, mas somos um povo só, uma igreja só, precisamos ser
REFERÊNCIA.
Jesus disse qual era o Seu propósito para a igreja e cabe a nós
cumpri-lo. Se nos mantivermos unidos a Cristo e aos irmãos, nós permaneceremos
de pé e sempre avançando frente ao inferno, (para de lá “arrancar” os perdidos),
e as portas do inferno não se manterão de pé diante de nós “e as portas do inferno não prevalecerão contra ela...” Este é o propósito de
Cristo.
Sejamos estratégicos no cumprimento do nosso chamado. O chamado de um, completa o chamado do outro, e essa é a ideia (de Deus), assim não seremos muitos, mas seremos UM "Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste" (João 17.21). Dessa forma TODAS as necessidades da nossa geração poderão ser supridas em Cristo, através de nós.
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