“E, naquele dia, sendo já tarde,
disse-lhes: Passemos para o outro lado. E eles, deixando a multidão, o levaram
consigo, assim como estava, no barco; e havia também com ele outros barquinhos. E levantou-se grande temporal de vento, e
subiam as ondas por cima do barco, de maneira que já se enchia. E ele
estava na popa, dormindo sobre uma almofada, e despertaram-no, dizendo-lhe:
Mestre, não se te dá que pereçamos? E ele, despertando, repreendeu o vento,
e disse ao mar: Cala-te, aquieta-te. E o vento se aquietou, e houve grande
bonança. E disse-lhes: Por que sois tão tímidos? Ainda não tendes
fé? E sentiram um grande temor, e diziam uns aos outros: Mas quem é este,
que até o vento e o mar lhe obedecem?”
Muitas vezes enfrentamos tempestades em
nossas vidas, mesmo estando Jesus, em nosso “barco”, como no texto
acima. A diferença é que quando Ele está conosco, as tempestades se
submetem a Sua voz. As “tempestades” nada mais são, do que dificuldades
que nos fazem sofrer e nos causam medo e insegurança. Elas surgem a partir de
fatores externos e não é de interesse de
ninguém passar por uma “tempestade”. Não nos expomos a elas conscientemente,
apesar de às vezes nos envolvermos em situações que podem causar grandes
“tempestades”. Uma escolha impensada, uma decisão precipitada, enfim são muitas
as razões que contribuem para que enfrentemos “tempestades” em nossas vidas.
No nosso cotidiano aprendemos a
identificar ameaças de “tempestade”. Com o passar dos anos, percebemos melhor
quando algo pode dar errado, seja na vida pessoal, familiar, no círculo de
amigos ou nos negócios. Tomamos todas as providências necessárias e possíveis
para nos proteger delas. Se soubermos que haverá grandes riscos, então nos
afastamos. Isso sempre acontece, e às vezes nem percebemos. Voltando para o texto Bíblico, Jesus
sabia dos riscos de tempestades naquela região. O Mar da Galileia fica a
213 metros abaixo do nível do Mar Mediterrâneo e é cercado por montanhas, o que
propicia tempestades fortes e repentinas. Se as tempestades eram tão comuns
“Por que Jesus se dispôs a fazer aquela travessia durante a noite?”
Durante aquele dia Jesus tinha falado
para uma multidão na beira do mar, depois permaneceu por ali ensinando os
discípulos e um grupo menor de pessoas até o entardecer, quando entrou no barco
para chegar ao outro lado. Não seria um passeio noturno, Jesus não estava de
folga, estava a serviço de Deus. Ele poderia ir para casa comer
alguma coisa e descansar um pouco. É certo que pela manhã bem cedo, estaria
novamente curando os enfermos, libertando os oprimidos, pregando o Evangelho do
Reino e ensinando as pessoas a viverem de acordo com esse Reino. Jesus nunca
tinha tempo sobrando, estava sempre em atividade e às vezes lhe faltava tempo
até para se alimentar. As atividades com as quais Ele estava envolvido sempre
tinham a ver com os outros e não com Ele mesmo. As pessoas precisavam
dele, e sempre estavam à sua volta “E foram para uma casa. E afluiu
outra vez a multidão, de tal maneira que nem sequer podiam comer pão” (Marcos
3.20). Jesus não despedia os necessitados sem antes ajudá-los “vendo as
multidões, teve grande compaixão delas, porque andavam cansadas e desgarradas,
como ovelhas que não têm pastor” (Mateus 9.36).
Jesus estava cansado e dormiu no barco.
Tão cansado que começou uma tempestade e ainda assim continuou dormindo. Os
discípulos também estavam lá e embora a ideia de viajar não tenha partido
deles, seguiram o Mestre. Quando a tempestade começou, os discípulos o
acordaram porque ficaram apavorados, então, Jesus acalmou a tempestade e
finalmente puderam chegar ao outro lado. É maravilhoso saber que Jesus acalmou
aquela tempestade, isso nos dá a esperança de que Ele fará o mesmo na nossa
vida. No entanto a pergunta continua no ar: “Por que Jesus se dispôs a
fazer aquela travessia?
Do outro lado do mar da Galileia na região de Gadara, havia um homem (Marcos 5.1-20), que para sua sociedade não era “ninguém”. Ele era possuído por demônios, que lhe causavam muito sofrimento. Ele fora “alguém” um dia, mas em algum momento foi dominado pelo mal e já não podia mais conviver com as pessoas. Ele morava no cemitério e entre os túmulos passava seus dias e noites, gritando, e se ferindo com pedras. Sabemos que já haviam (mesmo que de forma errada) tentado resolver o seu “problema” prendendo-o para que não causasse danos a si mesmo e quem sabe aos outros, pois “tendo sido muitas vezes preso com grilhões e cadeias, as cadeias foram por ele feitas em pedaços, e os grilhões, em migalhas, e ninguém o podia amansar” (Marcos 5.4). Todas as tentativas de “ajudá-lo” não deram em nada e ele continuou assim por muito tempo. É provável que as pessoas nem se lembrassem mais de seu nome e ele fosse, agora conhecido apenas como “o endemoninhado do cemitério”. Enquanto as pessoas à sua volta viviam, ele apenas vegetava. Os dias passavam sem ter nenhum sentido para ele, afinal de contas ele não era “ninguém”.
Do outro lado do mar da Galileia na região de Gadara, havia um homem (Marcos 5.1-20), que para sua sociedade não era “ninguém”. Ele era possuído por demônios, que lhe causavam muito sofrimento. Ele fora “alguém” um dia, mas em algum momento foi dominado pelo mal e já não podia mais conviver com as pessoas. Ele morava no cemitério e entre os túmulos passava seus dias e noites, gritando, e se ferindo com pedras. Sabemos que já haviam (mesmo que de forma errada) tentado resolver o seu “problema” prendendo-o para que não causasse danos a si mesmo e quem sabe aos outros, pois “tendo sido muitas vezes preso com grilhões e cadeias, as cadeias foram por ele feitas em pedaços, e os grilhões, em migalhas, e ninguém o podia amansar” (Marcos 5.4). Todas as tentativas de “ajudá-lo” não deram em nada e ele continuou assim por muito tempo. É provável que as pessoas nem se lembrassem mais de seu nome e ele fosse, agora conhecido apenas como “o endemoninhado do cemitério”. Enquanto as pessoas à sua volta viviam, ele apenas vegetava. Os dias passavam sem ter nenhum sentido para ele, afinal de contas ele não era “ninguém”.
Jesus abriu mão de um tão merecido
descanso para chegar àquele homem. Os discípulos nem imaginavam o que os
esperava do outro lado. O encontro com um endemoninhado, depois de sofrerem com
uma tempestade não era nada confortante para eles. Porém se eles como
discípulos seguiam a Jesus, de alguma maneira ou de outra eram afetados pelas
mesmas coisas que afetavam o Mestre. Jesus estava ali para mudar a vida daquele
homem, foi para isso que Ele entrou no barco e atravessou o mar.
Não nos parece viável sair da zona de
conforto e seguir na direção de possíveis “tempestades”, a não ser que ganhemos
algo com isso. Que bom que Jesus não pensava assim e num momento em que muitos
de nós estaríamos dormindo tranquilamente, Ele encontrou-se com aquele homem. A
nossa passividade frente à necessidade dos muitos “ninguéns” à nossa volta, nos
impede de ver grandes transformações como a transformação que Jesus viu naquele
dia.
Ao encontrar-se com Jesus aquele homem
ao qual chamamos de “ninguém”, foi totalmente liberto. Por vezes tentaram
prendê-lo, mas ele já estava preso. Ele estava espiritualmente preso por
Satanás assim como muitos hoje, estão. “Presos” em cadeias espirituais e essas
cadeias são as piores, pois não podem ser destruídas por mãos humanas. Somente
Deus pode destruí-las, mas Ele fará isso através de nós. Para isso é preciso
que estejamos ao seu serviço, assim como Jesus estava. Precisamos levar a Palavra que traz
libertação e cura a todos os lugares, a todas as pessoas. Não podemos
discriminar ninguém por causa de seu nível social, cultural, financeiro, etc. O
pecado não discrimina, ele chega aos lugares mais distantes e atinge pessoas de
todas as classes. É o pecado que separa as pessoas de Deus transformando-as em
“ninguéns”.
Cada ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus, para ser “alguém”, alguém que reflita a Glória de Seu Criador. Infelizmente não é a Glória de Deus que temos visto refletida na vida de muitas de Suas criaturas. E não se trata apenas da nossa sociedade, é um problema global, porque quando o pecado entrou no mundo através de Adão, afetou toda a humanidade. Não importa quantas gerações já passaram desde então e quantas gerações ainda virão. O pecado foi, é, e sempre será um problema insolúvel até que o pecador receba a Jesus Cristo como Seu Senhor e Salvador “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome” (João 1:12).
Para se tornar um filho ou filha de
Deus é preciso recebê-lo. Embora isso não torne as pessoas perfeitas, há uma
mudança radical em sua situação espiritual. Passam de pecadores, para pecadores
salvos pela Graça, ou, salvos pelo favor de Deus. Essa transformação ocorreu na
vida daquele homem que Jesus encontrou no outro lado do mar da Galileia e é o que
deve acontecer na vida daqueles que estão sofrendo à nossa volta. Não podemos
ignorá-los, nós os vemos todos os dias, estão por todos os lados, só precisamos
fazer valer em nós, o amor de Deus que está derramado em nossos corações.
A questão é que não são muitos os que
querem se envolver com os que sofrem, por que demanda tempo, esforço e podem
até causar certos transtornos (tempestades). Correr grandes riscos, expor a
vida a “tempestades” sem nenhum tipo de vantagem pessoal, não é o que se pode
esperar da maioria das pessoas. Quero dizer que se fosse para ganhar a casa ou
o carro dos sonhos, ou a cura de um ente querido, a atenção da pessoa amada,
talvez valesse a pena. Que possamos todos, refletir sobre o modo como temos
agido em relação aos perdidos. Que possamos ter o mesmo sentimento do Nosso
Senhor Jesus Cristo “Que, sendo em forma de Deus, não teve por
usurpação ser igual a Deus, Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a
forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; E, achado na forma de
homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz”
(Filipenses 2.6-8).
Se for preciso atravessar o mar para
chegar a um simples “ninguém”, é isso que devemos fazer, mesmo que nos custe
algum sacrifício pessoal.
“NINGUÉM” hoje,
poderá ser “ALGUÉM” amanhã.
Cidinha Britto
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